Parte J Carlos Portilho, um dos maiores compositores do Festival de Parintins

Parte J Carlos Portilho

Parte J Carlos Portilho (foto), além de toadas de boi bumbá, ganhou festivais como compositor de MPB

Um aparelho de som do tipo “3 em 1”. O microfone improvisado. Caixinha e surdos espalhados entre cantores e grupo de palminhas. Tudo ao mesmo tempo e numa mesma sala da casa dele. O “algo saiu errado” valia para as primeiras músicas. Depois, ninguém podia errar. Foi assim que J. Carlos Portilho, o “Periquito”, se tornou o pioneiro no registro das toadas do Boi Bumbá de Parintins. Essa época, o domínio da fita cassete, ocorreu no começo da década de 1980. No início da noite desta sexta (16/04), por volta das 18h30, em São Paulo, ele perdeu a guerra para a Covid-19.

Portilho, aposentado do Banco do Brasil, morava em Manaus. A família o internou em São Paulo, há cerca de 30 dias, com a esposa. Ambos haviam contraído a Covid-19. Dondon, a esposa, saiu após cerca de 12 dias internada.

O compositor agravou, foi intubado, extubado, abriu os olhos e iniciou tratamento fisioterápico. “O quadro agravou de repente, ele voltou a ser intubado e partiu”, conta o cunhado, o agrônomo e agropecuarista Hermes Pessoa.

O corpo será transladado para Manaus e depois Parintins, onde receberá as honras do bumbá Caprichoso e da população. J. Carlos Portilho era muito conhecido na Ilha Tupinambarana.

 

Obra

Versos como “Este ano eu vou/ erguer minha bandeira/ Eu vou tu vais, eu vou, eu vou” e “Sejam bem-vindos os visitantes que vêm nos trazer o seu alô”, todos em toadas do Caprichoso, estão marcados na história do Festival de Parintins. Eles são parte da extensa obra de J. Carlos Portilho.

Periquito era de um tempo em que o compositor levava a toada numa folha de papel, escrita à mão, e cantava para o levantador. Se ele gostasse, a música ia para a rua.

Parte no momento em que a grande novidade está no edital do Caprichoso para o Playlist 2021 e se deve à pandemia: é permitido apresentar a toada apenas no violão.

O compositor contemporâneo precisa angariar recursos para gravar em estúdio. Depois, o desafio é convencer uma voz consagrada a interpretar sua obra. E, finalmente, passar pelo crivo de comissões julgadoras onde nem sempre o critério é musical. A “pré-produção” é tão bem acabada que, quase sempre, influencia a versão final.

 

Pandemia leva artistas

A festa no céu, protagonizada por artistas parintinenses, será mista. J. Carlos Portilho ouvirá suas toadas nas vozes dos levantadores Arlindo Jr. e Klinger Araújo. Paulinho Faria, o eterno “Garoto de ouro” do Garantido, será o apresentador. As notas do vermelho e branco estarão presentes também nas composições de Emerson Maia.

Júnior de Souza, “O considerado”, fará as alegorias. Terá a companhia da “guerreira do galpão”, Irlane Cruz Lima, esposa do artista Juarez Lima. As coreografias serão de Erick David. O empresário será Marcos Assayag, irmão de David Assayag. E, se o evento tiver contabilidade, Joaquim Lima fará esse trabalho.

De todos eles, apenas Arlindo e Emerson partiram por outras causas. Todos os demais foram vítimas da pandemia de coronavírus.

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