Bonde trocou vans por caminhão baú, depois que esquema policial interceptou vários. Entenda as 17 mortes desta terça (29/10)

Bonde trocou vans por caminhão baú

Bonde trocou vans por caminhão baú e estava tentando retomar boca que pertenceu a Copinho (foto), transferido para presídio federal

As forças de segurança vêm implantando barreiras, em diversos pontos da cidade, para impedir os “bondes”. O foco dos policiais são as vans, especialmente tipo Kombi. A abordagem tem se mostrado eficiente. É por isso que os cerca de 50 criminosos que aterrorizaram a Zona Sul, esta terça (29/10) para quarta, usaram caminhão baú. Ao chegar ao local, foco de distribuição de droga, eles atiraram a esmo. A polícia foi avisada e o grupo estava tão drogado que não retrocedeu na abordagem policial. Diante do fogo cerrado, os policiais reagiram e mataram 17 dos integrantes do “bonde”.

 

O que é um ‘bonde’

Bonde é grupo. Um dos mais famosos, ligado à música funk, é o Bonde do Tigrão (“Tchutchuca” e “Cerol na Mão”). Os criminosos utilizam a palavra para designar grupos que se reúnem para praticar crimes. Adolescentes e jovens usam nos grupos reunidos para festas. Em Manaus, bondes são ligados aos grupos criminosos Família do Norte (FDN) e Comando Vermelho (CV), que estão em confronto.

 

Adolescentes

O bonde da Zona Sul, que tomou becos dos bairros São Lázaro, Crespo e Betânia, não tinha assassinos profissionais. “Assassinos ligados a esses grupos criminosos não agem em grupos. São solitários”, diz uma fonte policial. Segundo a fonte, líderes do crime drogam adolescentes e jovens, entregam armas e formam esses bondes.

 

Bairros

O noticiário tem divergido quanto ao local da ação criminosa e reação policial que resultou em 17 mortos. É que a zona fica na confluência dos bairros São Lázaro, Betânia e Crespo.

 

Histórico e armas

Ano passado, no auge da guerra de facções, a polícia surpreendeu criminosos trocando rajadas de sofisticados fuzis. Na ação desta terça (29/10) apenas duas armas de grosso calibre, espingardas 12 milímetros, foram apreendidas. A maioria usava revólver 38, a arma mais básica do crime.

 

Copinho

O “bonde da FDN” tinha como objetivo retomar uma área perdida para o CV ano passado. O local pertenceu, originalmente, ao traficante Cleomar Ribeiro de Freitas, o Copinho. Ele foi recolhido, em maio de 2013, ao presídio federal de Mossoró.

 

Guerra de facções

A guerra de facções tem sido responsável pela maioria das mortes ocorridas nas noites de Manaus. São integrantes de dissidências da FDN, ligados aos fundadores Zé Roberto, João Branco e Gelson Carnaúba. Zé Roberto e Carnaúba chegaram a se unir, no massacre do Compaj, com 55 mortos, contra João Branco. Mas os integrantes de seus grupos continuam disputando pontos de distribuição de drogas.

 

Estrutura hoteleira

Como os líderes conseguem transmitir ordens, de presídios federais, para Manaus? Através dos chamados pombos-correios. Eles utilizam o direito de visita, recebem as ordens e as transmitem aos destinatários. A estrutura é poderosa. Chega a fechar hotéis, para receber visitantes, nas cidades onde esses criminosos estão encarcerados.

 

Sheila

Sheila Maria Faustino Peres, a Sheila, ex-esposa de João Branco, era um dos mais conhecidos pombos-correios dos criminosos. Ela foi presa em São Paulo, dia 10/07 deste ano, quando tentava embarcar para Barcelona. Ela ficou presa em Manaus, em cela especial, temendo represálias de rivais do ex-marido. Agora foi solta, mas usa tornozeleira eletrônica. Sheila teria sido a enviada para dar a ordem do último massacre no Compaj. Ou o pivô dele. A investigação não é conclusiva.

 

Identificação

As primeiras informações são de que há entre os mortos usuários de tornozeleiras eletrônicas. Seriam criminosos com diversas passagens pela polícia. A identificação dos corpos vai demorar, mas já está sendo feitas.

 

Aflição de famílias

Há enorme aflição entre familiares de adolescentes que, dominados pelo mundo das drogas, foram para as ruas nesta terça. A possibilidade de que estejam entre os mortos existe. Para 17 deles, a “viagem” não teve volta. Fica patente a necessidade de intensificar a luta para tentar reverter o domínio cada vez maior dos traficantes. O sonho do carrão, do cordão de ouro grosso e dos mulherões esbarra na dura realidade.

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1 comentário

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  1. Paulo Pereira disse:

    Se protegemos os lobos, sacrificamos as ovelhas…
    Parabéns para mais essa ação vitoriosa da Polícia Amazonense. Mas não se enganem: a luta continua!