Vai-se Carlos Zamith, que armazenou a memória do futebol amazonense no fundo de seu Baú Velho, ao encontro de Flaviano Limongi

Quem fez o gol que deu ao futebol amazonense a primeira vitória no estádio do Maracanã? Em que data? A quantos minutos? Qual foi a formação do time? E quais eram as credenciais do adversário? Quantas vezes, editor de esportes de A Crítica, peguei o telefone para fazer perguntas assim a Carlos Zamith. “Me dá cinco minutos, que já vejo”, dizia ele, para retornar a ligação em seguida, com todas as respostas prontas, detalhadas, incontinentes. Hoje (27/07), às 17h30, o homem do Baú Velho faleceu, nascido em 20 de fevereiro de 1926, aos 87 anos. Recebe, na Assembleia Legislativa, as reverências dos amigos e admiradores.

Zamith gostava de futebol. Nunca transmiti um jogo em Manaus sem que ele estivesse lá, com um pedaço de papel na mão, anotando os detalhes que acrescentaria ao seu já bem fornido baú.

Flaviano Limongi, o Patriarca do futebol amazonense, foi-se há pouco tempo. Foi quem, presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF), decidiu construir o estádio Vivaldo Lima. E fez isso juntando forças daqui e dali, buscando contribuições como a de Arnaldo Santos, então assessor de comunicação do Grupo Simões, e conseguiu os recursos para fazer o maior estádio do Norte, o Tartarugão. Achava que, para inaugurá-lo, ninguém menos que a Seleção Brasileira deveria jogar na cidade, enfrentando uma seleção local. E fez a festa com os canarinhos de Zagallo, a caminho do México e da conquista do tricampeonato mundial.

Zamith (esquerda), Flaviano (Centro) e Arnaldo Santos, que transmite futebol até hoje, na rádio Difusora, participaram de grandes momentos do futebol amazonense, da fundação da Associação dos Cronistas e Locutores Esportes do Amazonas (Aclea) à construção do estádio Vivaldo Lima

Zamith (esquerda), Flaviano (Centro) e Arnaldo Santos, que transmite futebol até hoje, na rádio Difusora, participaram de grandes momentos do futebol amazonense, da fundação da Associação dos Cronistas e Locutores Esportes do Amazonas (Aclea) à construção do estádio Vivaldo Lima. Foto: Arquivo Baú Velho

Zamith e Limongi agora batem bola com os craques que os esperavam à beira do gramado celeste. Despidos das limitações do tempo e da matéria devem estar arrebentando na partida eterna. Eles integram aquela espécie de jornalista/ radialista que amam o que fazem e por isso transformam as próprias vidas em História.

O Baú Velho, que algum político de juízo bem que poderia tombar, oficializando-o como patrimônio do Amazonas, haverá de ser preservado na figura do Zamithinho, que há algum tempo vinha digitalizando as memórias do velho pai.

Ficam nossas saudades. O mundo do futebol há de oferecer aos dois, Limongi e Zamith, as reverências que conquistaram, numa vida marcada pela competência.

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1 comentário

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  1. Reginaldo Araújo disse:

    Boa tarde;
    Parabéns pelo comentário. Que bela foto histórica publicada acima. Esses realmente gostam do futebol Amazonense (isso mesmo, o verbo no presente)