EXCLUSIVO Coronavírus infecta vice-reitor médico da Ufam. Ele já supera período de transmissibilidade

EXCLUSIVO Coronavírus infecta vice-reitor médico da Ufam

EXCLUSIVO Coronavírus infecta vice-reitor médico da Ufam, Jacob Cohen (à direita, ao lado do reitor Sylvio Puga)

O vice-reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), médico Jacob Cohen, contraiu o Coronavírus. “Estava com colegas norte-americanos, paulistas e canadenses, num grupo de 25 pessoas, operando no interior. Em seguida viajei a São Paulo onde participei de congresso de Oftalmologia (Simpósio de Ofaltomologia – Simasp)”, revela. Em mais três dias, segundo especialistas, ele estará fora do espectro de transmissibilidade do vírus. O exame que atestou o Coronavírus foi realizado ontem (16/03) e deu positivo fraco. “Os médicos acham que estou saindo do período da transmissibilidade”, disse. A Ufam havia suspendido as aulas desde esta segunda (13/03).

O grupo de oftalmologistas que trabalhou no interior continua negativos e assintomáticos, inclusive o filho de Jacob, Marcos Cohen, que também é oftalmologista. “Fui infectado, mas como estava praticamente assintomático, somente ontem fiz o exame, que deu ‘positivo baixo’. Fiquei recluso e já estou quase pronto para voltar à ativa”, disse Jacob.

O médico estava trabalhando no programa “Oftalmologia humanitária”, que executa há 20 anos, no interior amazonense. “Foram operadas 82 pessoas em Parintins e 42 em Urucará. As chances de transmissão para elas é zero. A gente se esteriliza para operar e assim como não entra bactéria no campo cirúrgico, também não entra vírus. E eu fui infectado em São Paulo, pós-projeto cirúrgico”, explica.

Veja, a seguir, entrevista com o vice-reitor da Ufam sobre o Coronavírus que contraiu:

Portal do Marcos Santos – Como é que se deu o contágio? Como foi o diagnóstico?

Jacob Cohen – Eu estava operando, no interior, num grupo de 25 pessoas. Foram operados 82 pacientes em Parintins e 42 em Urucará. voltei, fui para o Congresso em São Paulo e na volta senti sintomas leves, como dor de garganta e febre de 37 graus. Parecia um resfriado comum. Liguei para a Fiocruz e eles fizeram os exames. Deu “positivo fraco”. Parece que o bichinho está perdendo força.

 

pms.am – Essas pessoas, que o senhor e seu grupo operaram, não estão sob risco de contágio?

Jacob – Não. As chances de transmissão para elas é zero. A gente se esteriliza para operar e assim como não entra bactéria no campo cirúrgico, também não entra vírus. Outros colegas residentes, que participam do projeto, fazem o pós-operatório. Além do mais, fui infectado em São Paulo, Estamos atentos e não houve nenhum caso entre nossos pacientes.

 

pms.am – Quando foi que o senhor foi diagnosticado?

Jacob – Fiz dois exames. Fiz os comunicados à FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) e fiquei em casa, de repouso. Em dois ou três dias estarei fora da cadeia de transmissão e volto à ativa.

 

pms.am – Como é o projeto Oftalmologia Humanitária?

Jacob – É uma jornada de cirurgia de catarata que faço há mais de 20 anos. Agora tem parcerias do mundo inteiro. Vem gente de todo lugar para trabalhar conosco. Em Parintins, um colega, que internacionalizou o programa, Rubens Belfort, professor titular da Unifesp, recebeu o título de Cidadão de Parintins. Foi uma cerimônia emocionante. É um amigo particular, muito querido, e um grande incentivador.

 

pms.am – Qual é a regularidade desse projeto? É oficial, com apoio governamental?

Jacob – Nada. É inteiramente filantrópico. É muito difícil fazer. O Amazonas tem 4 milhões e alguma coisa de habitantes. Manaus 2 milhões e o interior pouco menos. Manaus tem 200 oftalmologistas e no interior não há nenhum. É a história da Zona Franca, que produziu efeitos apenas para Manaus. Parintins, principal cidade do interior, tem IDH muito mais baixo que o de Manaus. Aconteceu uma política errônea de intocabilidade da Amazônia. Em troca, nos deram a Zona Franca, para Manaus, e nada para o interior.

 

pms.am – Ficou difícil para estudar…

Jacob – Quem quis estudar teve que sair da sua cidade. Isso também repercute na Medicina. Parintins, cidade pobre, tem 500 pessoas esperando cirurgia de catarata. A gente vai lá e faz 100, 150 cirurgias e quando volta tem mais 500. Por quê? Porquê Parintins é um polo e pega Urucará, Barreirinha, Nhamundá e até Municípios do Pará. É um conjunto de cidades com a característica de não ter assistência médica.

 

pms.am – Tem uma fila para atendimento no programa de vocês?

Jacob – A média de espera do paciente para operar catarata é cinco anos. Tem gente que fica cega cinco anos até chegar alguém para operar! A gente está fazendo a nossa parte. Agrupamos uma quantidade de pessoas, os médicos são voluntários e a Ufam, onde sou vice-reitor, e a Unifesp entram. Indústria dá subsídio, Marinha dá transporte… A gente cria um emaranhado de pessoas de boa-vontade para fazer esse projeto. Há mais de 20 anos.

 

pms.am – Como médico e vice-reitor, o senhor vira uma referência em Coronavírus (risos). Foi internado em que hospital? Fale mais sobre a doença e os sintomas.

Jacob – Sintomas? Fiquei praticamente assintomático. Não tive falta de ar. Tive uma febrinha. Fiz o exame e deu positivo fraco. Os médicos me pediram para ficar quieto em casa e não fui internado. O tratamento é fortificar o sistema de defesa. Tomo dois gramas de vitamina C todos os dias. Como médico, daqui a três dias, segundo o professor Bernardino Albuquerque (infectologista), saio do grupo de transmissão. Aí vou começar a trabalhar para prestar assistência às pessoas.

 

pms.am – O senhor poderá entrar no campo do Coronavírus? Está imune ao bichinho?

Jacob – Ainda não porque tem três cepas. O bichinho é inteligente. Quando ele fica fraco, muda o DNA e tua resistência não funciona. O colega, professor da Ufam, Evandro Ribeiro, dizia assim: “Bichinho, parasita, não é burro. Não mata o hospedeiro, senão ele morre também”. Maior mortalidade são os idosos com comorbidade, doenças relacionadas à velhice, diabetes, hipertensão, câncer, HIV positivo. São pessoas muito mais vulneráveis. Tenho 72 anos e sou muito mais vulnerável que uma pessoa de 40. O bichinho quer se perpetuar.

 

pms.am – O senhor está falando do nosso conterrâneo, parintinense, conhecido como Evandro Beatle?

Jacob – Sim. Um dos homens mais inteligentes que conheço. Fala oito idiomas. Ele que sacou essa.

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2 comentários

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  1. Thaiane Naira disse:

    Por favor mídia divulguem os casos confirmados e casos suspeitos no amazonas. Enquanto UBS E DELPHINA estão um caos, muitas pessoas estão com informações básicas e não estamos nos preparando.

  2. Ronnie disse:

    Em que lugar de sao paulo acha que foi conraminado?