O fritinho de crueira e a saudade de ti, nesse primeiro Dia das Mães sem tua presença

O fritinho de crueira e a saudade de ti

O fritinho de crueira e a saudade de ti, desse jeito, feliz, cercada dos netos, bisnetos e demais parentes, numa mesa cheia de gratidão

Dói a saudade do fritinho de crueira. Do pirarucu seco no leite da castanha. Do mapará assado fresquinho. Da curimatã na folha de bananeira. Da primeira cabeça de tambaqui. Do cuiucuiu salmorado. Saudades do seu jeito simples de transformar dificuldade em delícias. E aquela mesa, com tantas privações, tinha encontra alternativas contra a fome: ainda que fosse farinha estufada na água (chibé), ou frita no óleo de cozinha, purinha, sem acompanhamentos. Saudades de ti, neste primeiro Dia das Mães, após tua partida, mamãe.

A casa de um cômodo e cozinha, coberta de palha, paredes de barro, jamais será esquecida. Tu, papai, nós, os cinco irmãos, fomos felizes nela. Ela sempre está presente, imagem nítida, na hora de uma nova conquista ou de uma aparente derrota. A gente lembra da tua voz, sempre firme: “Nunca esqueça de onde tu vieste. Nem o que tu és”.

Aquele copo de leite, que era o único no almoço, e tu me obrigou a beber inteiro, hoje alimenta a alma. Não sei como viveria sem esse gesto, cobrindo de generosidade a tua lembrança.

Tenho acordado na mesma hora, todas as noites, e acho que tu tens algo a me dizer. Não creio que tenha ficado pedra fora do lugar, mas te saber preocupada comigo atiça a pulga atrás da orelha.

 

Filhos que lembram

Mãe, queria ter a coragem de um Kevin Durant, eleito melhor jogador da NBA em 2014, no discurso de agradecimento. Veja:

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Queria ter essa inspiração de Paul McCartney, que ouviu a mãe, perdida na adolescência, dizer um “Deixe estar” na madrugada. E transformou, pela manhã, na consagrada “Let it be”. Veja:

[KGVID]https://s3.amazonaws.com/img.portalmarcossantos.com.br/wp-content/uploads/2018/05/13123730/let-it-be.mp4[/KGVID]

Tudo isso fala de ti, mãe, e, sei, em maior ou menor grau, de todas as mães.

Vejo teu espírito se derramando nas jovens e seus filhinhos. Quanto amor elas têm para dar, surpreendendo quem as imaginou incapazes disso. Olhando-as, enternecido, vejo que ali estás presente.

Tu estás aqui. No ar, na vida, sempre, no meu coração, no cotidiano de teus netos e bisnetos, que te chamavam de Mãe Raimunda. Aceite um beijo, com minhas lágrimas de saudade.

Feliz Dia das Mães.

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1 comentário

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  1. Marco disse:

    Todas as mães merecem o céu !