Posse de Braga no Governo do Estado pode se transformar em vitória de Pirro

São fortes os rumores de que o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) vai julgar os processos que podem tirar o mandato do governador José Melo e entregá-lo ao ministro Eduardo Braga. As implicações são enormes, a começar pelas repercussões na administração estadual e chegando à sucessão municipal de 2016. A doutrina no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem sido o de apear do mandato somente após julgamento em última instância, isto é, a decisão do TRE-AM será precária, sujeita ao jogo das liminares, podendo ainda sofrer revogação. Pode ser, desta forma, uma vitória de Pirro, aquele general grego que venceu todas as batalhas e chegou às portas de Roma invicto, mas sem forças para conquistar a Cidade Eterna e tendo que retornar com o exército aos farrapos.

Melo e Braga fazem a festa dos caros escritórios de advocacia em Brasília. Os dois sabem que a decisão final será nos tribunais superiores e tratam de garantir as melhores bancas na capital federal. Isso custa muito dinheiro.

Os processos funcionam como âncoras ao Governo Melo. O governador demorou mais de um semestre para fazer a anunciada reforma administrativa, supostamente destinada a pacificar a gestão e garantir um trabalho à feição do chefe, justamente porque entre um despacho e outro teve que manter os olhos bem abertos na frente jurídica.

Braga, no entanto, também tem seus problemas. Ele terá que renunciar a Senado e Ministério das Minas e Energia para assumir o Governo do Amazonas. R-e-n-u-n-c-i-a-r. Ao Senado, em caráter irrevogável. À pasta ministerial, com volta muito difícil. Terá que contar com muito boa vontade de uma presidente Dilma fragilizada, inclusive por conta da crise energética, disposta a mostrar ao País tanta dependência do ministro que necessite esperar por ele com vaga reservada.

Tudo bem que o Senado fica em casa, com a esposa e primeira suplente dele, Sandra Braga, que já o substitui no cargo. Mas o ministério tem o condão de acalentar os sonhos do ministro de ingressar de vez na chamada grande política nacional.

O ministro pode negociar uma posse, renúncia imediata e volta ao Ministério das Minas e Energia, deixando a vice, Rebecca Garcia, no comando do Governo do Estado. Aí o “pepino” da precariedade ficaria com a ex-deputada federal que, sem mandato, não teria nada a perder. A Braga só caberia gerir os cordões políticos em Brasília e esperar 2018, quando concorreria novamente ao Governo, com o apoio de Rebecca. Mas aí a coisa muda radicalmente de figura, com a ocupante da sede governamental, diferente de José Melo, podendo concorrer à reeleição.

Todas essas conjecturas passam pela mente dos dois personagens principais dessa trama rocambolesca. O Amazonas, enquanto isso, vai perdendo meses e meses preciosos. Melo bem que poderia criar um comitê de crise, à parte do Governo, para se preocupar com a briga jurídica, enquanto toca a gestão municipal, acelerando obras como a segunda etapa da Avenida das Torres, a Cidade Universitária e a duplicação da AM-070 (Manaus-Manacapuru). É perfeitamente compreensível, por outro lado, que ele queira cuidar pessoalmente de cada passo. É o governo dele, afinal, que está na reta.

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, por outro lado, tem procurado ser profilático na questão, trazendo a público nuances da disputa apenas murmuradas nos bastidores. Ele sabe que, com Eduardo Braga no comando estadual, podem se repetir os episódios de Amazonino Mendes, que nem concorreu à reeleição, e Serafim Corrêa, que concorreu e perdeu. Em comum entre os dois o comando de Braga, no Governo do Amazonas. E ambos entraram para a galeria da história como os únicos prefeitos de capital que não se reelegeram.

Arthur vai lutar até o último recurso para manter Melo. É questão de sobrevivência.

Braga conhece a força da máquina estadual. Viu como ela elegeu o hoje senador Omar Aziz, a quem se recusou passar a faixa, como interino, na renúncia para disputar o Senado. E Melo, o secretário de Governo que jamais imaginou capaz de derrotá-lo numa disputa cara a cara.

Os quase 30 processos eleitorais contra José Melo são um divisor de águas. Os meandros do julgamento deles fazem boi voar. E céu onde voa um boi… voa uma boiada.

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7 comentários

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  1. wdson moraes disse:

    seu senador volte logo e reveja os secretarios de melo e ate a imprensa oficial.

  2. Carlos Albuquerque disse:

    Acho que o Sr. Eduardo Braga deve ficar onde está, quem muito quer nada tem. Ele quer ser um imperador no Estado e quisá a Operação Lava Jato não atinja a Ponte sôbre o Rio Negro, O Gasoduto Coari X Manaus e a Arena da Amazônia. Ai, a coisa pode pegar para ele.

  3. francisco da cruz disse:

    É lamentável a imprensa alimentar esta situação de insegurança em nosso estado, a eleição foi legítima e sem qualquer contestação. portanto vamos para com isso e deixar o governador trabalhar. Devemos cobrar do governo as promessas feitas em campanha e não ficar especulando manobrar anti democráticas. Senhores não votei na Dilma e acho que passaremos por ter eleito um governo corrupto desta partido corrupto que é o PT, mesmo desconfiado do resultado da eleição respeito a vontade da maioria e aceito que nossa presidência continue com esta senhora mentirosa e incapaz. Portanto votei no 90 e respeitem o meu voto!!

    1. pericles disse:

      desculpe. mais o senhor é nomeado funcuinario publico ? apenas para saber

  4. Caros disse:

    Enquanto nós, simples mortais, esperamos por boas notícias do tipo solução definitiva pra buraqueira de Manaus, investimento na segurança pública ou na saúde, que não fique só na promessa ou que não suma quando ninguém está olhando, melhoria na vergonhosa logística de Manaus, nossos representantes quando não estão rasgando seda, estão trocando farpas. Esse país não tem jeito. Os bons não são maioria coisa nenhuma. O Problema do Brasil, é que ele é cheio de brasileiros.

  5. Edilson Santos Lopes disse:

    Esse Eduardo Braga quer mandar no estado a qualquer preço, não vai conseguir. …. o Amazonas é dos amazonenses, e não de forasteiros bandidos.

    1. pericles disse:

      voce votou no omar, então saiba que ele é paulista, onde a pessoa nasceu é o que menos importa, e sim que ele trabalhe pelo povo e pela melhoria do nosso estado. e seja honesto, e nao faça do governo um gabide de emprego para seus familiares e amigos….