Os rasgos de Democracia no Amazonas e no Brasil e a estratégia ‘manjada’ dos black blocs

Uma série de rasgos democráticos têm sido vistos nas últimas semanas. O Governo Dilma é criticado cada vez com maior furor. A última campanha política no Amazonas vai sendo passada a limpo. Forma-se uma torrente de opinião pública que se vai cristalizando e que só pode ser parada por uma força superior… ou extremamente maquiavélica, como tem sido, na prática, o grupo Black bloc.

Os movimentos de junho de 2013, quando milhões de pessoas foram às ruas, em todo o País – 250 mil só no Amazonas -, só pararam porque os pais proibiram os filhos de se envolver com o quebra-quebra. Qual pai permitiria que o filho fosse a uma passeata cujo resultado seriam danos ao patrimônio, público e privado, além do confronto com a polícia?

Por que, de repente, no meio de uma marcha pacífica, jovens com os rostos encobertos começavam a atirar coquetéis molotovs, paus, pedras e tudo o mais que pudesse quebrar, depredar? Não duvide que, entre eles, houvesse muito de idealismo juvenil. Nem que alguns achem que vandalismo é a forma mais radical de protesto. Mas o resultado da ação desse grupo, na prática, foi proteger o Governo Dilma, a administração federal, impedindo que a massa continuasse nas ruas e canalizasse o movimento em direção ao Palácio do Planalto, que àquela altura seria um passo natural.

A ação cívica nacional está sendo retomada. O escândalo da Petrobras, a explosão do dólar, as manifestações dos caminhoneiros, o arrocho sobre os trabalhadores no seguro desemprego, o reajuste da gasolina, a brusca pisada no freio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) – que levou milhares de jovens a perambularem nas filas ou a interromper o sonho do Ensino Superior -, a vida nababesca que alguns ex-operários passaram a levar, sem maiores explicações, tudo isso revolta. São elementos suficientes para imaginar que, no domingo (15/03), as ruas voltarão a lotar.

Outro indício é o que ocorre no Amazonas. Nunca uma campanha política foi passada a limpo como está sendo a última campanha, entre o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, e o governador José Melo. Certo que, quando Arthur Virgílio divergiu do grupo de Gilberto Mestrinho, na eleição de 1986, muita roupa foi lavada. Mas nenhum confronto estadual se deu entre dois grupos que se conhecesse tão profundamente. Melo, afinal, foi um dos principais secretários estaduais de Braga e vice de Omar Aziz que, por sua vez, foi secretário de Braga na Prefeitura e vice no Governo do Estado. Parece aquele poema de Carlos Drummond de Andrade:

“João amava Teresa que amava Raimundo / que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili / que não amava ninguém…”

Todos sabem que multidões são barris de pólvora. Basta uma centelha e tudo explode. Há, porém, nas diversas manifestações convocando a massa para o 15 de Março, o cuidado em alertar contra o vandalismo. Black blocs serão denunciados. Vândalos precisam ser contidos.

“Manjado” é um termo parintinense. Significa “conhecido”, “revelado”, “descoberto”. Revela que todos estão espertos para evitar prática a que se refere.

Ou os black blocs já descobriram que foram inocentes úteis ou estavam agindo planejada e friamente para defender o Governo Federal. O vandalismo, inocente ou sistemático, espontâneo ou encomendado, não pode continuar sendo usado como arma contra a manifestação democrática.

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1 comentário

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  1. Marco disse:

    Na última eleição disseminaram o boato que Aécio acabaria com o FIES.
    Nesta e nas outras eleições presidenciais, espalharam o boato que o PSDB acabaria com a ZFM.