Sul do Amazonas, uma terra de oportunidades

Saúdo os prefeitos do Sul do Amazonas que, hoje (14/01), sob iniciativa do prefeito de Humaitá, Dedei Lobo, reuniram-se para discutir a polêmica gerada em torno das disputas dos índios da Terra Indígena Tenharim Marmelos e os não-índios da BR-230 (Transamazônica) e da BR-319 (Manaus-Porto Velho), especialmente os agricultores, pecuaristas e madeireiros do Município de Apuí e do distrito manicoreense de Santo Antônio do Matupi.

Saúdo-os porque, com clarividência e sabedoria, buscam transformar o que parece um enorme limão numa limonada, isto é, uma crise institucional grave, provocada pela morte do cacique Ivan Tenharim e o desaparecimento de três cidadãos brasileiros, numa solução para essa região promissora.

Revelações vieram à tona com a crise. A principal delas é que, vivendo na cidade-Estado que é Manaus, com seus problemas de metrópole e pouco mais que a metade da população amazonense, estamos deixando passar as oportunidades que surgem no interior.

Humaitá é um entroncamento de estradas, com saídas para o Pará, Nordeste, Centro-Oeste e até Bolívia e Peru, via Acre, além de ser cortado em seu território pela importante hidrovia do Madeira. Muitos veem nisso apenas um problema de segurança – que existe e precisa ser debelado. Está na hora de enxergar a preciosa oportunidade logística para o Amazonas e os amazonenses.

Há pontes, balsas e rodovias que, se bem policiadas, serão excelentes pontos de vistoria, impedindo a circulação de jagunços procurados em outras regiões, drogas e armas. Gangues, como a que assaltou o Banco do Brasil de Lábrea e as responsáveis pelo roubo em dois carros-fortes, entre Humaitá e Porto Velho, não teriam tanta facilidade em praticar esses crimes e fugir ou, sequer, de portar o armamento pesado que utilizaram.

Claro que a fiscalização será facilitada se as rodovias que cruzam o Sul amazonense e seus ramais forem asfaltadas, numa ação federal e estadual. Ação necessária e que já vem tarde, mas, antes tarde que nunca.

Humaitá, Apuí e Manicoré estão mais ligados a Porto Velho e a Rondônia que ao Amazonas. Foi a capital rondoniense que ofereceu o hospital onde Ivan Tenharim foi socorrido. É a superintendência da Polícia Federal rondoniense que trata das investigações em torno dos desaparecimentos, embora o delegado Alexandre Alves, que comanda as investigações, seja lotado no Acre.

Trata-se do corredor de crescimento do agronegócio brasileiro, o mais rico e próspero do mundo, estabelecido no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Está na hora de o Governo Federal estudar a situação e, conhecendo-a, encontrar uma solução que permita a exploração das terras férteis e impeça a ação de madeireiros inescrupulosos. O Amazonas não precisa rejeitar o agronegócio, pura e simplesmente, nem permitir que o Sul do Estado se transforme em novo Sul do Pará, antes da ação que resultou na melhoria das condições institucionais naquela área.

Que tal criar na região uma espécie de laboratório para a exploração racional da madeira, a partir do conhecimento de que a floresta se renova e a retirada de árvores mais antigas, as “vovós”, permitem a oxigenação do verde, além de oferecer maior volume de matéria-prima?

O Sul do Amazonas está no fio da navalha, entre se tornar terra de ninguém ou terra de oportunidades. Não há dúvida sobre o que é melhor para o País. É dever de todos lutar para evitar o pior.

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1 comentário

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  1. Elcinei disse:

    Concordo que, o sul do Amazonas é uma terra de oportunidades. Porém, é importantíssimo que, no curso do desenvolvimento, não fiquem esquecidos os agricultores familiares. Dessa, o agronegócio não beneficiaria apenas os investidores.
    Olhemos para as cidades do interior do Mato Grosso, que se formam ao redor das fazendas do agronegócio, onde todos os seguimentos da economia são alavancados. Assim também, pode acontecer no sul do Amazonas.