O DVD do Garantido e o Blu-Ray do Caprichoso

Uma nova frente de batalha está aberta em Parintins: o Garantido gravou um DVD com mais de 25 mil pessoas no Bumbódromo. Atraiu caravanas e caravanas de Manaus. Agora, para superar o adversário, o Caprichoso anuncia que vai gravar, dia 30 de abril, um Blu-Ray. Os dois são formatos de gravação de dados – vídeos, no caso dos bumbás -, com a diferença que o Blue-Ray é uma tecnologia alguns patamares acima.

Na velha, e às vezes cruel, rivalidade, os torcedores do Garantido já estavam dizendo que o Caprichoso iria gravar, em resposta, uma fita cassete, isto é, enquanto o Garantido dava um salto e criava uma nova data no calendário folclórico parintinense, o Caprichoso estaria voltando à pré-história da festa. Agora, com o anúncio de que a mídia será o Blue-Ray, a conversa é que o azul e branco optou por uma “coisa de rico”.

Quem tentar racionar com lógica, em meio à paixão dos neotorcedores, neofanáticos, vai acabar pirando.

Lembro bem como foi, lá pelos meus 17 anos, quando vim para Manaus convocado para a seleção juvenil de vôlei – eu era levantador, incrédulos! – e voltava para Parintins achando que ia abafar em cima dos colegas. Todos estavam jogando muito mais. Tinham elevado o nível. Claro que havia diferença para o ambiente daquela seleção que tinha Álvaro, Edward, Tadeu, Hamilton e Paulo Avelino, entre outros grandes craques, talvez a era de ouro do voleibol amazonense, mas a pelada era disputada quase com ferocidade.

O parintinense é especialista em aprontar surpresas.

Mais importante é que os bumbás conseguiram abrir uma nova brecha econômica em Parintins. Devolveram à cidade um evento fora dos três dias do Festival Folclórico, que parecia fadado a se tornar um gueto local, enquanto Manaus se refestela em grandes espetáculos alternativos, casos de Carnaboi e Boi Manaus, ambos com mais público que o original parintinense.

Falta agora apenas que os bumbás criem uma comissão para organizar esse e outros eventos. A gravação do DVD do Garantido conseguiu superar obstáculos, como o fechamento parcial do aeroporto de Parintins, que só funciona à noite, os preços exorbitantes da passagem aérea monopolizada pela Trip e a distância da capital via fluvial. A Ilha estava lotada no fim de semana da festa.

Que esse evento se torne um fator de captação de receita, para que os bumbás escapem dos agiotas e se capitalizem à espera do dinheiro dos patrocinadores oficiais. É incompreensível, aliás, esse negócio de o patrocínio ser pago depois do Festival. Parece até acordo para beneficiar os inescrupulosos, que metem a mão no bolso para adiantar a grana, alegando “paixão” pelo vermelho ou pelo azul, mas cobram juros que fariam corar qualquer dono de banco.

Parabéns aos dois bumbás.

PS: Quem tiver dúvidas sobre meu desempenho no vôlei, favor recorrer ao Thales Verçosa, técnico que me convocou para a seleção juvenil do Amazonas, em Manaus, e, em Parintins, ao Elias Moura, com quem, aliás, compartilharei a emoção de disputar umas partidinhas de xadrez neste fim de semana.

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8 comentários

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  1. Dodo Carvalho disse:

    Marcos,estaremos em Parintins no dia 03 de março para participar deste momento historico na nossa festa .

  2. Maria Jose disse:

    Muito bom mesmo, parabéns as diretorias dos dois bumbás, é preciso inovar! e o garantido é claro sempre na frente né marcos?

    Maria José

  3. Janio Moraes disse:

    Tecnologias à parte, os “azulados” tem obrigação de oferecer um espetáculo, no mínimo, igual ao produzido pelo Garantido durante a gravação do seu DVD. O que se viu recentemente em Parintins prova que antes de ser um fenômeno de público, as festas dos bumbás rivais da Ilha Tupinambarana são uma grande fonte de divisas para a cambaleante situação economica dos ilhéus.Parintins precisa muito mais que boi-bumbá, precisa produzir para dar emprego e renda para o seu povo. Está passando da hora de o Eron Bezerra começar a criar tambaqui e dar menos dor de cabeça para o governador Omar Aziz. Aliás, Omar é chegado ao tambaqui assado, principalmente se for pelas bandas do Macurany, como bom vermelho que é…

  4. Marcio Souza disse:

    Apesar do Festival ser de dois Bois, o Garantido é o que mais coleciona vitórias em toda a história do Festival Folclórico de Parintins. O único, inclusive, a ganhar cinco vezes consecutivas entre os anos de 1980 à 1984. Desde 1966, ano do primeiro Festival, até 2011, foram 46 Festivais, entre os quais, 28 vencidos pelo Boi do Povão.O garantido é o Boi que inova, que traz a cada ano algo diferente que sempre mo ano seguinte é copiado pelo contrário.Podem gravar o Blu-ray(quem tiver dinheiro que compre). Vai uma dica de divulgação (marketing mesmo), Blu-ray obteve o seu nome a partir da cor azul do raio laser.Quando não copiam tem que serem instruídos.Dá-lhe VERMELHO.

  5. Carlos Valente disse:

    Marcos.
    É muito bom apreciar a “chama” que alimenta e move o Garantido e o Caprichoso – a rivalidade. Que esta rivalidade junto com nossa boa pavulagem sejam os indutores de novos caminhos para o desenvolvimento e engrandecimento de nossa cultura Parintintin, incluindo aí as pastorinhas, as danças regionais, o teatro, a poesia, a história e a arqueología (temos sítios riquíssimos que precisam ser pesquisados).
    Quanto ao volei (o futebol, o atletismo, etc.)….já se vão alguns anos…do tempo que tinhamos cabelos longos e escuros…uns ficaram brancos, outros…o vento da beira do Rio Amazonas…levou.
    Um grande abraço.
    Carlos Valente

  6. Antonio Breves disse:

    Marcos,
    Parabens pelos seus comentários com relação ao cutivo da juta no Amazonas,feito no programa do dia 08/03/2011 na CBN, também concordo pois o corte da malva é perverso e desumano, no Ceilão já existe tecnologia de corte para minorar este sofrimento,e já está em experimento o cultivo em terra firme sendo regado através barragem subterranea, em tempo, a juta foi o meu primeiro emprego, eu desmanchava nó na Martins Melo lá em nossa Paris.
    Saudação Azul e Branco.

  7. Marcos o bom dos bois de Parintins é que eles continuam contribuindo para o debate sobre a pluralidade cultural e as questões da Amazônia: a questão indígena, o verde de nossa floresta, o meio ambiente, a natureza, a religiosidade e até mesmo os desafios que paira para serem vencidos pelos povos da floresta. Não existe maldade e nem imoralidade em tudo isso. A competição e rivalidade são saudáveis e no fundo todo mundo se quer bem. Parabens para as duas agremiações.
    Pe. Manuel do Carmo

  8. Carlos André disse:

    Volto a insistir no tema que até agora ninguém e nenhuma au
    toridade abordou. A escancarada inescrupolosa armação com a
    venda dos ingressos da arquibancada especial. Nas mãos das
    agências de turismo só venda casada ( ingresso só com hos-
    pedagem junto). E nós simples normais como comprar??? Um dia este festival era do povo para o povo, hoje é de quem
    tem dinheiro, muito dinheiro, paras os os que igualmente
    são indinheirados. Parintins, para o mundo (de alguns) ver.