O Pará decidiu se manter unido. E nós, vamos manter Municípios como Envira isolados?

O prefeito de Envira, Rômulo Barbosa Matos, veio a Manaus em novembro para apelar ao Governo do Amazonas que mantivesse na sede municipal pelo menos dois médicos. “Não temos nenhuma linha regular, nem de avião nem de barco, ligando nossa cidade e a capital. Quando alguém adoece gravemente a Prefeitura tem que alugar um avião para trazê-lo”, disse. É um retrato de vários Municípios amazonenses.

O Pará acaba de passar por histórico plebiscito para decidir se dividia ou não o atual território. Com 99,07% das urnas apuradas, por volta das 22h deste domingo, o resultado apontava 66,54% dizendo “não” à criação do Estado de Carajás e 66,3% de “não” à criação do Estado do Tapajós.

O governador Simão Jatene, em entrevista muito lúcida, após o resultado, disse que o recado era bem claro: “Os separatistas querem mais atenção, mas, se dividíssemos o orçamento em três, eles não teriam o que querem porque nosso problema é falta de recursos”.

O Amazonas tem problemas sérios, mas os investimentos na capital são desproporcionais ao interior.

Manaus, segundo o IBGE, concentra 1.802.014 habitantes dos 3.483.985 amazonenses. São cerca de 51% da população estadual. Ok, então vamos dividir meio a meio o bolo do orçamento? Daria para traçar decentemente as ruas dos menores Municípios do interior (com asfalto preparado para décadas) e dotá-los de porto e aeroporto decentes, para começar. E fortalecer os polos municipais, como Eirunepé, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga e Parintins, criando neles instituições hospitalares de referência. É incrível que, num Estado desse tamanho, só haja tomógrafo em Manaus. E qual é o neurologista que opera sem utilizar essa máquina, hoje em dia?

O Pará continuará unido, mas o recado está dado. Menor, mais antigo e menos espalhado que o Amazonas, o Estado vizinho sangra pelo abandono de seus Municípios. Por enquanto, prefeitos venais mantêm seus eleitores no cabresto e viram o jogo do descontentamento oferecendo votos a quem está no poder, quando passa a sacolinha no último momento da eleição. Mas o sentimento de abandono está subjacente e uma hora ainda vai explodir.

O Amazonas não precisa de plebiscito para olhar o próprio umbigo e descobrir como as cidades interioranas estão abandonadas. A Zona Leste precisa de ajuda, mas o João Lúcio fica logo ali na esquina. Envira também precisa e o João Lúcio está a um frete de avião que não cabe no orçamento minguado da cidade.

Está na hora de agir para mudar essas coisas.

 

 

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3 comentários

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  1. Mario disse:

    Infelizmente, a situação precária do Interior do Estado é devido ao descaso que existe há anos pela zona rural e interior extra capital. Durante anos, as capitais sempre concentraram todo investimento e gastos do orçamento público, eis porque todas as capitais brasileiras são “inchadas” demograficamente e, assim, problemáticas. É hora de isso começar a mudar; temos que cobrar com rigor desses políticos.

  2. gilvan seixas disse:

    Prezado Marcos:

    Como municipalista convicto e eternamente comprometido com meu município, Barreirinha, lhe parabenizo pela clarividência da abordagem em questão. O exemplo dessas questões de saúde não ocorre somente no alto juruá. Você que é parintinense conhece a realidade caótica do médio-amazonas no que se refere à saúde pública. É preciso solução para probelmas já conhecidos. Não precisamos fazer diagnóstico para provar a ineficácia dos serviços de saúde pública no interior. Não adianta somente construir hospitais fisicamente apresentáveis. O “X” da questão está na ausência de uma política de saúde realista e própria para aplicar em nossa região. Por outro lado, em todos os segmentos públicos, a diferença de investimento entre a capital e o interior chega a ser desumana, parecendo que o caboclo do interior é um ser humano inferior fadado a não merecer a atenção governamental. Alerta geral! Os paraenses separatistas, especialmente os do oeste, conseguiram seu objetivo: mostrar a grande injustiça reinante na região e não só no vizinho estado do Pará. Vamios cobrar soluções, insistentemente.
    Gilvan Seixas

  3. Sandra Veras disse:

    NA VERDADE MEU AMIGO (A) NÃO HA NECESSIDADE DE DIVIDIR NADA, HÁ SIM A NECESSIDADE DE COLOCAR GOVERNANTES ATUANTES QUE NÃO POSSUAM INTERESSES PRÓPRIOS EM OBRAS INUSITADAS PARA GANHOS PROPRIOS E FAVORECIMENTOS A AMIGOS E PARENTES NESTAS GRANDIOSAS OBRAS.
    É UMA VERGONHA O GOVERNO INVESTIR MILHOES E BILHOES, SEI LÁ É TANTO DINHEIRO QUE FICO VESGA DE ZERINHOS, EM PORCARIA DE CARNAVAL QUE SÓ GERA MORTE, INVESTIR UM PROGRAMAS QUE NUNCA APARECEM, OBRAS CARIIIISSSSSIMAS QUE NUNCA ACABAM E O POVO SO LEVANDO PAULADA.
    O SENHOR AMAZONINO, ORIUNDO DE BEIRADÃO SO MANDAVA INXADA E FERRAMENTAS PROS CABOCLOS IREM PRA ROÇA, ISSO LÁ É AJUDA? AJUDA É PROMOVER INCENTIVOS PRAS INDUSTRIAS IREM PROS INTERIORES GERANDO EMPREGO E RENDA PROS MUNICIPIOS, AJUDA É OFERECER SUBSIDIOS PARA QUE O PLANTIO DESTE POVO TENHA MERCADO MESMO NA CAPITAL E NÃO ACEITAR QUE SUPERMERCADOS DA REGIÃO COMPREM MERCADORIAS LÁ DA CAIXA PREGO DO SUL E SUDESTE E O POBRE DO INTERIORANO SO TENHA A OPÇÃO DE PLANTAR PRO SEU PROPRIO SUSTENTO.
    NA VERDADE OS POLITICOS SO LEMBRAM DE INTERIOR PRA PEDIR VOTOS E USAREM AS MOÇAS DESTAS REGIÕES COMO OBJETOS SEXUAIS EM SEUS DELIRIOS.
    MAS SÓ MUITA ORAÇÃO, O “SALVADOR DA PATRIA” FOI APENAS UMA NOVELA…..
    SANDRA VERAS