Em ação conjunta da Justiça, casamento comunitário indígena ‘Felizes para Sempre’ une casais em São Gabriel da Cachoeira

Em ação conjunta da Justiça, casamento comunitário indígena ‘Felizes para Sempre’ une casais em São Gabriel da Cachoeira

Vinte e dois casais de 6 etnias participaram do 2.º Casamento Comunitário Indígena realizado em parceria entre a Corregedoria-Geral de Justiça do Estado do Amazonas (CGJ-AM) e Escola Judicial do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (Ejud/TJAM). A celebração foi realizada no Centro de Educação de Tempo Integral Pedro Yamaguchi no município de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 km de Manaus).

Participaram da celebração o desembargador Cezar Bandiera, diretor da Escola Judicial; o deputado Sinésio Campos, representando a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas; o prefeito de São Gabriel da Cachoeira, Clovis Curubão; o juiz coordenador de cursos da Ejud, Paulo Feitoza; o juiz auxiliar da Corregedoria, Áldrin Rodrigues e o juiz titular da Vara Única da Comarca de São Gabriel da Cachoeira, Manoel Átila Nunes, além de outras autoridades.

Casamento

O casamento comunitário acontece pela segunda vez, com apoio da Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira e do Cartório Extrajudicial Camargo Carvalho e reuniu casais das etnias Kubeo, Wanano, Hupda, Baniwa, Koripaco, Tukano, Baré, Arapaço, Tariano, Yanomami, Bará, Piratapuia e Dessano.

O desembargador Cezar Bandiera, diretor da Escola Judicial, destacou que o objetivo da parceria para realização da ação foi fortalecer a relação do Poder Judiciário com os povos originários que historicamente enfrentam dificuldades na garantia de seus direitos, entre muitos deles, a oficialização civil de suas relações matrimoniais.

O desembargador frisou que “esses povos originários, assim como o Poder Judiciário, nesses recantos do Brasil, são garantidores da soberania nacional e legitimadores do Estado Brasileiro aqui nessa região”. O magistrado ainda concluiu falando da importância de “levar o Poder Judiciário a esses povos, em sua plenitude”, afirmou Bandiera.

Entre os casais, estavam Vitor Oliveira, da etnia Baré, e Maria Elba do Carmo de Oliveira, da etnia tariana, que já viviam há mais de 24 anos juntos e tem 3 filhos. Vitor, que estava muito apreensivo pela cerimônia, destacou a importância da ação para eles. “Nós esperamos muito por uma oportunidade como essa porque casamento é tudo que o ser humano pode ter de união e felicidade no amor”, afirmou o noivo.

Emoção

A senhora Maria Elba, também emocionada, declarou que estava ansiosa por tornar oficial a união do casal. “Assim que a gente soube que ia ter essa oportunidade, a gente se preparou rápido”, destacou ela.

A cerimônia também foi marcada pela emoção com mãe e filha que tiveram seus casamentos realizados juntos. Pedrina Brito, da etnia Tariano, se casou com João Ramos Morais, indígena Yanomami, e Maria da Glória Brito Figueiredo, da etnia Wanano filha de dona Pedrina, se casou com Manoel Rodrigues da etnia Dessana.

Juiz

O juiz Áldrin Rodrigues salientou a importância da atividade realizada porque atua no sentido de diminuir a ausência do Estado para com esses povos. “O Estado por muito tempo se mostrou ausente perante esses povos e fazia com que esses povos tivessem que se adaptar à nossa cultura. Então, dessa maneira, eu penso que é o inverso. Nós é que estamos nos adaptando à cultura e às tradições deles. E eu penso que é uma forma, inclusive, de respeito a todas essas tradições, a esse público e a essas pessoas socialmente vulneráveis”, afirmou o magistrado.

Um dos casais que iria participar da Cerimônia não participou da celebração porque a noiva entrou em trabalho de parto. O juíz Áldrin Rodrigues, sensibilizado pelo esforço empreendido pelo casal que enfrentou um trajeto de cerca de 8 dias de deslocamento para chegar a sede do município, realizou o casamento na Hospital da Guarnição de São Gabriel da Cachoeira (HGuSGC).

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