David critica Bolsonaro por Zona Franca e diz que não vota em Lula

O prefeito de Manaus, David Almeida, disse hoje que não apoiará o presidente Bolsonaro, embora não vote em Lula. “Defendo tudo que ele defende”, mas “está tratando o povo do Amazonas no chicote”. “Quarta ele libera a licença ambiental da (BR) 319. Aí tem tanta gente burra do lado dele que, na sexta, ele zera o IPI dos concentrados“, atacou.

Foi a crítica mais dura do prefeito ao presidente, até aqui. Ele destacou que, na questão regional, está com o governador Wilson Lima.

Quanto a Bolsonaro, David Almeida disse que tem “um governo de burros”. Ele lembrou que Bolsonaro teve 65% dos votos de Manaus e agora está tratando esse povo “com chicote”. “Eu não vivo diante de um fanatismo cego”, destacou. “Falei com os prefeitos de Maués e Presidente Figueiredo. Somente lá, ele vai matar 7 mil de fome”, acrescentou.

O prefeito não poupou nem os líderes evangélicos que continuam apoiando o presidente, mesmo depois dos ataques à Zona Franca. “Quando a sua ovelha estiver passando fome. Quando não tiver condições de trabalho para sua família, vocês procurem os pastores, os apóstolos, os bispos que defendem essa política do Bolsonaro contra o Amazonas”.

Veja, abaixo, a transcrição das críticas do prefeito e, logo depois, o vídeo do momento:

“Na questão regional, eu estou aliado ao governador Wilson Lima. Nós temos um acordo.

Com relação ao presidente Bolsonaro, vou deixar bem claro aqui. Eu sou evangélico, protestante, de direita, defendo tudo que ele defende. Mas eu sou totalmente contrário a esses ataques que ele faz à Zona Franca de Manaus. Ele está tirando emprego da gente. Ele está nos maltratando. E eu como eleitor e eu queria que todo eleitor amazonense o cobrasse como eu o cobro. Eu fui eleitor dele.

O candidato eleito não pode tratar o povo com chicote. O Bolsonaro está tratando o povo do Amazonas com chicote. Quem o ajudou, ele está maltratando. Eu não posso ficar calado nisso. Não posso concordar com um cidadão que foi eleito com 65% dos votos, na cidade de Manaus, tratar tão mal a minha cidade.

Eu não vivo diante de um fanatismo cego. As pessoas votaram nele e têm que cobrar ele. Ele ataca a gente e tem gente que aplaude. Quando faltar comida, quando faltar emprego, vão lembrar do que estou falando. Estou pedindo que o povo abra os olhos.

Eu não entendo o governo Bolsonaro, com relação ao Amazonas.

Tem tanta gente burra, ao mesmo tempo, perto do presidente! Vamos lá: na quarta-feira ele libera a licença ambiental da (BR) 319. Aí tem tanta gente burra do lado dele que, na sexta-feira, ele zera o IPI dos concentrados. O que ele ganha na quarta, ele perde na sexta. Eu não posso concordar com um governo de burros.

Eu queria poder estar elogiando o Bolsonaro. Eu queria estar pedindo votos para o Bolsonaro. Eu queria estar dizendo que ele está ajudando a cidade de Manaus. Mas ele está maltratando a gente. Ele está tirando empregos.

Somente nesse Polo de Concentrados são R$ 13 bilhões. Eu falei com os prefeitos de Maués e Presidente Figueiredo. Ele vai matar de fome lá 7 mil pessoas, fora os empregos de Manaus. Eu não posso concordar com isso e nem um eleitor do Amazonas pode concordar.

Que o Governo Bolsonaro não queira dar nada pra gente, tudo bem. É uma opção dele não dar nada para o Amazonas, como não deu. Agora tirar o que a gente tem? E tem gente que aplaude. Tem político, aliado dele, que defende o fim da Zona Franca. Eu não fico calado e toda vez que eu for inquirido e perguntado sobre isso, eu tenho que me pronunciar.

Eu defendo meu povo. Eu fui eleito para defender o povo do Amazonas. Eu não fui eleito e nem votei no Bolsonaro pra defender o Bolsonaro. Eu defendo o Bolsonaro nas pautas que ele tem e que eu defendo, Deus, Pátria, Família… tudo isso eu defendo. Mas o cara está atacando meu Estado e eu vou aplaudi-lo? E tem político que se elege aqui e não fala nada contra ele.

Bem claro: eu não sou Lula, não voto no Lula e não vou apoiar o Bolsonaro.

O Janones vai apoiar o Lula. Problema é do Janones. Eu sou o David. Eu tenho autonomia no meu partido pra decidir pra onde eu vou.

Queria poder estar dizendo assim: “Obrigado presidente por estar mantendo os empregos da Zona Franca”.

Quando a Zona Franca está sendo atacada é o povo do Amazonas que está sendo atacado. Quando ele tira o emprego, ele está levando fome para o meu povo. Eu quero que os pastores, os líderes evangélicos que apoiam o Bolsonaro, após a Zona Franca estar sendo atacada… Quando a sua ovelha estiver passando fome. Quando não tiver condições de trabalho para sua família, vocês procurem os pastores, os apóstolos, os bispos que defendem essa política do Bolsonaro contra o Amazonas.

Tem um ditado no Amazonas que diz assim: “Farinha pouca, o meu pirão primeiro”. O meu pirão é a Zona Franca. O Bolsonaro está tirando a nossa farinha. Essa é a verdade.”

Veja o vídeo de David Almeida criticando o presidente: