Wilson Lima está liberando, para a Prefeitura de Manaus, R$ 580 milhões. É muito dinheiro. É o sinal que o prefeito David Almeida esperava para celebrar aliança política com o governador. Era inevitável. Amazonino Mendes e Eduardo Braga, os já declarados adversários de Wilson, são duas cobras criadas. Qualquer um dos dois que se eleja, além do duro golpe na carreira de Wilson, em 2022, dificultará a reeleição de David, em 2024. Juntou a sopa com o mel e as duas mais poderosas máquinas do Amazonas, pelo que tudo indica, marcharão unidas, ano que vem.
Amazonino
O histórico de Amazonino não deixa dúvidas. Governador tampão, eleito com apoio decisivo do então prefeito Arthur Virgílio, tinha o compromisso de repassar recursos à Prefeitura, para o asfaltamento de Manaus. Ganhou e não cumpriu, provocando o inevitável rompimento político com o ex-aliado.
Amazonino (2)
A história de Amazonino com prefeitos, porém, vem bem de longe. Ainda no primeiro mandato de governador (1987-1990), ele “despachou” o então prefeito de Manaus Manoel Ribeiro. Foi uma das mais rumorosas brigas públicas entre políticos no Amazonas, com tiros em retrato oficial etc.
Braga
Eduardo Braga, governador, inviabilizou dois prefeitos: Serafim Corrêa (2005-2008) não conseguiu se reeleger e Amazonino (2009-2012), o sucessor, sequer reuniu condições políticas de concorrer à reeleição. E olha que pegou apenas os dois últimos anos de Braga.
Obras
O pacote de obras anunciado pela dupla Wilson-David mira a “veia” da política amazonense. Confira:
Passagem de ônibus grátis
Os alunos da rede pública de Manaus, Seduc e Prefeitura, não pagarão transporte coletivo em 2022. É uma ajuda e tanto à combalida economia familiar da capital, após esses dois anos da pandemia de Covid-19. A medida tem um impacto vertical, chegando à maior parte da população.
Asfalto
O principal cabo eleitoral de Manaus, o asfalto, está no pacote. A infraestrutura é um dos principais objetivos dos convênios assinados no domingo.
Oscar Niemeyer
A obra do arquiteto Oscar Niemeyer, a única do grande mestre da Arquitetura no Norte do Brasil, vai emoldurar o Parque Ponta Branca. É um mirante, idealizado na gestão Serafim Corrêa e até hoje não concretizado. Parece que, de acordo com os convênios Estado-Prefeitura, agora vai.
Parque Ponta Branca
Não é preciso muita imaginação para entender a razão do nome Parque “Ponta Branca”. É uma contraposição à Ponta Negra, na Zona Oeste, considerado um logradouro de abastados, devido ao valor dos prédios do local. A obra, conforme os esboços em poder da Prefeitura, tem praia perene, calçadão e praça de alimentação. Tudo nos moldes do congênere rico.
Encontro das Águas
O Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, atração turística internacional, ganha mais valorização com a obra. O mirante de Niemeyer está debruçado sobre ele. O Parque Ponta Branca banhará os frequentadores nas águas do Negro, mas também fica na confluência com o Solimões.
Orçamento
Além da verba estadual, David Almeida terá, em 2022, o primeiro orçamento próprio. O deste ano foi elaborado ainda na gestão Arthur Virgílio. O céu parece ser mesmo de brigadeiro.
A política
Wilson, com a retaguarda protegida pelo prefeito, em Manaus, pode se dedicar mais intensamente ao interior. Mira prefeitos e outras lideranças municipais. Estes, depois do ocorrido na capital, já sentem no ar os ventos de novas verbas. Braga é o adversário que mais tem dedicado tempo – e emendas parlamentares – ao interior amazonense. Agora Wilson vai enfrentá-lo mais fortemente, com a máquina estadual. Amazonino se concentra na capital, já que a saúde e a idade não permitem muitas viagens. O pleito do ano que vem promete.
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