Bastidores e cuidados na Covid-19, a pandemia que parece nunca mais terminar, e segunda onda

Bastidores e cuidados na Covid

Bastidores e cuidados na Covid-19, em detalhes revelados pela coluna panavueiro. Foto: Agência Petrobras

A vida nos hospitais nunca foi tão importante. Os pacientes chegam, são internados e acabam convivendo com o dia-a-dia coletivo, no desesperado combate à pandemia do novo coronavírus. “Você já imaginou olhar para o lado e ver morta a pessoa que conversou contigo há poucas horas? A cabeça tem que ser muito forte”, disse um conhecido advogado, que passou pela experiência. Veja, abaixo, algumas histórias dos bastidores desse terrível momento da humanidade.

 

‘Me intuba’

Os médicos, no começo da pandemia, optaram pela intubação dos pacientes. Era a melhor forma de ventilá-lo, sem transformar o aparelho de oxigênio num spray de vírus. Hoje, passados esses meses todos de experiência, intubação só em último caso. Um hospital de Manaus, porém, viveu uma experiência diferente. A paciente chegou e exigiu ser intubada. “Podem me intubar”, disse. E se recusou a fazer qualquer outro procedimento alternativo, obrigando os médicos a atendê-la.

 

Crise de abstinência

Um paciente começou a cuspir medicamentos e se mostrar agressivo. Tentou espancar a esposa, que foi ao leito apelar para que atendesse os médicos. Não houve apelo que desse jeito. A saída foi a internação em UTI e intubação. Só mais tarde, um familiar revelou que o doente bebia todos os dias e consumia cocaína. A agressividade estava explicada: crise de abstinência.

 

‘Eu sou judeu’

O bom-humor também está presente. Um dos contaminados, já recuperado, passou maus bocados. Ficou 18 dias na UTI. Saiu. Voltou a praticar exercícios e já estava em uma hora de caminhada, quando sentiu novamente os sintomas. Foi ao hospital e teve que ser internado, outra vez, em UTI. “Eu sou judeu (risos), mas chamei minha família e entregue a chave do cofre. Desisti de lutar”, conta, entre risos. A fama de “mão fechada” é parte do folclore e você certamente conhece um não-judeu mais amarrado que qualquer um deles. Mas ele só não desistiu porque levou um pito da médica intensivista: “Não desista. Já tiramos gente pior da UTI e você não vai morrer disso”. Ele conseguiu se salvar e está aí, bem-humorado, contando a história.

 

Três fases

A contaminação por coronavírus tem três fases. Na primeira, o paciente passa pela encubação, tem coriza, perde o olfato e o paladar. Depois vem a segunda, quando a doença, a tal Covid-19, se instala no organismo. E a terceira, finalmente, é o agravamento, precisando de internação, até em UTI.

 

Tratamento precoce

Os médicos já sabem que a melhor saída no combate à pandemia é o tratamento precoce. Se o paciente esperar demais e chegar ao hospital sem ar e em crise, tudo fica mais difícil.

 

Protocolo

Os medicamentos mudaram, com a experiência médica, e parece ter havido um acordo, quanto ao primeiro tratamento. O protocolo mais comum é o seguinte (do jeito como foi passado à coluna):

Azitromicina 500mg – 1 cp 1x ao dia por 5 dias

Predinisona 20 mg – de 12/12 h por 5 dias

E após um comp uma vez ao dia por 5 dias

E após meio comprimido uma vez ao dia por 5 dias

Koide d 10ml – de 8/8.

O melhor mesmo, que fique bem claro, é procurar ajuda médica. Não tem cloroquina? Nesse não. Nem interferência política.

 

Contágio

A lógica do coronavírus, pelo que tudo indica, é “tocou, contaminou”. Sendo assim, as aglomerações são pântanos contaminantes. Mergulhou nelas, a possibilidade de sair contaminado é imensa. O ataque é tão intenso que há dúvidas até quanto à eficácia de máscara e álcool gel.

 

Vírus neurastênico

Cada paciente reage de um jeito. É realmente para pirar. Há um comportamento padrão, atingindo a mente, desnorteando, derrubando defesas, criando pessimismo. O resto depende muito da situação prévia de saúde de cada um.

 

Segunda onda

Há ou não há, afinal, segunda onda no Amazonas? O presidente da Samel, Beto Nicolau, afirma que não. Baseia-se em números: “Tivemos 159 internados no pico e hoje temos 27”, enfatiza. O secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi, reuniu os diretores de unidades Ouviu deles que o número de casos tem aumentado significativamente. O hospital Delphina Aziz, que seria reaberto para outras doenças, decidiu manter a concentração na Covid-19.

 

Segunda onda (2)

Resumo da (macabra) ópera: a segunda onda existe, mas não é como a primeira. A máscara e o álcool gel vieram para ficar. Ou se toma os cuidados mínimos ou todos vão adoecer. Entre os doentes, 20% precisarão de internação e 5% dos internados vão morrer. Via das dúvidas, como disse Vinícius de Morais, “livrai-nos meu Deus de todo o mal”.

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