Coronavírus que demora mais no organismo pode ter afetado médico de Parintins

Coronavírus que demora mais no organismo

Coronavírus que demora mais no organismo é uma das hipóteses para o médico Tanaka apresentar forma grave de Covid-19, 52 dias depois da alta

Uma variedade diferente de coronavírus, ainda sob investigação, pode ter afetado o diretor-clínico do hospital Jofre Cohen, em Parintins, Daniel Tanaka. Trata-se da variedade “long tail form” (forma de cauda longa), que tem capacidade de ficar longo tempo no organismo. O médico anestesista voltou a sentir sintomas graves 52 dias depois da alta de Covid-19. “Há várias hipóteses e os epidemiologistas estudam o caso”, revela o médico Alberto Ferreira de Figueiredo Filho, que ocupou o posto no Jofre Cohen.

A variedade do coronavírus foi descrita por Paul Garner, professor de doenças infeciosas britânico. Veja aqui o texto no original, em inglês, no site do jornal inglês The Guardian. “Os sintomas eram estranhos como o inferno”, disse o especialista, que contraiu essa forma da doença. Ele acrescenta que “parecia um calendário de eventos”, cada dia com reação diferente. Garner avalia que a Covid-19, nesse caso, se assemelharia à dengue, que também pode ir e voltar.

 

Outras hipóteses: recrudescimento e deficiência

Uma deficiência para produzir a Imunoglobulina G (IgG), que acelera o combate às infecções, é outra hipótese para o caso de Tanaka.

A terceira possibilidade, na qual o próprio paciente acredita, é o recrudescimento do coronavírus. “O vírus, nesse caso, não teria sido eliminado do organismo e voltou a se multiplicar”, explica Alberto.

A quarta hipótese é a de uma nova infecção. “Seria o primeiro caso de reinfecção no mundo”, diz o novo diretor-clínico do hospital de Parintins.

 

Internado em SP

Daniel Tanaka foi aconselhado pelos médicos de Parintins a ir para São Paulo. “O caso dele é diferente: teve a doença, se curou e voltou ao trabalho num ritmo muito forte, tanto de tensão, quanto de estresse. Isso pode ter deprimido o sistema imunológico”, diz Alberto.

O anestesista embarcou para São Paulo de madrugada, numa viagem aérea longa, sob abalo psicológico com a reinfecção. “Eu desabei e chorei”, escreveu, em um post que depois apagou do FaceBook. No desabafo, Tanaka confessa que ficou frustrado por deixar o trabalho e com raiva por abandonar a equipe.

Outros dois médicos, os clínicos Ed Bruno e Raíssa, infectados pela primeira vez, foram mantidos na cidade e continuam se tratando lá. “A história dos dois é diferente. Como Parintins não tem o mesmo aparato de São Paulo, para estudo e tratamento, o melhor para Tanaka foi a viagem”, diz Alberto.

O médico Renato Fonseca, ortopedista, também da equipe de Parintins, está internado em UTI no hospital Adventista, em Manaus.

Daniel Tanaka teve agravamento do quadro na segunda-feira (01/06), mas melhorou nesta terça (02/06).

Alberto Filho foi substituído, como diretor-clínico do hospital Padre Colombo, em Parintins, pelo médico Amintas Jr, ex-prefeito de Boa Vista do Ramos (AM).

O recorde de pacientes internados em Parintins é de 55, todos no Jofre Cohen, que foi separado para a Covid-19. O hospital tem, atualmente, 39 internados, depois da ampliação de 60 para 96 leitos.

Parintins, com 114 mil habitantes, é o Município com maior população do interior amazonense. O boletim FVS desta terça (02/06) mostra a cidade com 1.318 casos confirmados de coronavírus e 58 óbitos.

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