Méritos de Amadeu Teixeira vão além do beija-mão pós-morte

Méritos do treinador foram a humildade e a dedicação

Méritos do treinador foi cultivar a cordialidade e humildade de juntar as coisas em torno do América

Amadeu Teixeira, ex-treinador do América Futebol Clube, falecido terça-feira (07/11), foi um dos desportistas amazonenses mais reconhecidos em vida. Quando Flaviano Limongi e outros desportistas construíram o estádio Vivaldo Lima, década de 1960, entregaram um dos bares para ele. Era tempo, sempre bom lembrar, em que o estádio recebia 50 mil, 60 mil espectadores num clássico Rio-Nal. o América viveu muito da renda desse bar. Depois, quando saiu o ansiado “ginásio para 10 mil pessoas”, foi ele quem virou o patrono. Nascia a Arena Amadeu Teixeira. O América tinha como campo “próprio” de treinamento o CSU do Parque 10, pertencente à Prefeitura de Manaus. Nada devido às conquistas do time, raras vezes competitivo. Por que então tanta repercussão do falecimento dele? Porque Amadeu era o autêntico desportista, digno dos princípios do Barão de Coubertin, para quem “o importante é competir”. É por isso que essa coluna Panavueiro, inteirinha, é dedicada a ele.

 

Dedicação 100%

Amadeu Teixeira nunca deixou que nada ocupasse seu tempo como o América. Foi abandonado por ex-dirigentes do clube, tendo que assumir sozinho tarefas incompatíveis com uma só pessoa. Acumulou presidência e comando técnico. Cobrava o escanteio e cabeceava. Dirigia a Kombi da concentração, na casa dele, para o estádio. Corria a sacolinha, em tempos difíceis, em busca de uma simples bola para os treinamentos. É ou não é dedicação digna de reconhecimento?

 

13 anos

Nicolau Libório, radialista dos bons tempos e procurador de Justiça, faz revelações sobre Amadeu. Conta que ele tinha 13 anos, em 1939, quando, no dia 2 de agosto, fundou o América. Foi estimulado pelo padre Severo, diretor da Liga de Futebol do Colégio Dom Bosco. Contou com o irmão, Arthur Teixeira, Brás Gióia, Ilmar Oliveira, Wilson Guimarães, Leontino, José Augusto, Taiguara Rebelo e outros.

 

Terror de locutor inexperiente

Amadeu Teixeira tinha umas convenções inusitadas. A numeração do América, em ordem do 1 do goleiro ao 11 do ponta-esquerda, pegava narrador inadvertido no contrapé. É que era parte da convenção que o goleiro fosse número 1, lateral direito 2, zagueiros de área pela direita 3 e pela esquerda 4, lateral esquerdo 6. O volante ou cabeça-de-área era 5, como Andrade do Flamengo, Batista do Inter ou Cerezzo do Atlético-MG. Amadeu entregava a 5 pro lateral-esquerdo e a 6 pro cabeça-de-área. Aí tinha locutor que embolava tudo na narração, acostumado a relacionar números e posições convencionais.

 

Fonte

Todo foca (iniciante) no jornalismo esportivo manauara logo aprendia que havia fontes indispensáveis. Amadeu Teixeira era uma delas. Todo dia, mesmo no elenco apertado do América, ele tinha novidade para contar. Jamais, em tempo algum, tratou mal qualquer jornalista. Ficava meio brabo quando ligavam na hora da ciesta. Mas era só ligar depois que a notícia estava lá.

 

Um ano na Rodoviária

Amadeu deixou sim o comando do América. Foi em 1972, revela Nicolau Libório, quando dirigiu o time da Rodoviária.

 

Antecessor campeão

Cláudio Coelho, que antecedeu Amadeu Teixeira, havia levado o time ao único tetracampeonato estadual, em 1951,1952,1953 e 1954.

 

Título único

Amadeu Teixeira só levou o América a conquistar título em 1994, quando foi campeão amazonense. Ele entregou o posto em 2006, três anos antes de o time voltar a ser campeão, em 2009. Mas era o presidente do clube nesse ano.

 

Bastão com a neta

Bruna Teixeira, neta de Amadeu, foi quem recebeu a presidência do clube das mãos dele. Fez vários movimentos, reuniu empresários, mas, como sempre, as promessas não se concretizaram.

 

Manaus Futebol Clube

O América, com Amadeu Teixeira fora do comando, chegou a mudar o nome para Manaus Futebol Clube, em 2010. Adotou as cores verde, da floresta, e preto, do rio Negro. A sabedoria e a falta de concretização do sucesso de marketing que a mudança traria fizeram a diretoria voltar atrás.

 

Luto justo

Manaus e o Amazonas, por atos do prefeito em exercício Marcos Rotta e do governador Amazonino Mendes, decretaram luto pela morte de Amadeu Teixeira. Justo. Foi-se um homem que, sem grandes conquistas esportivas, transformou a vida na vitória da luta e da persistência.

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1 comentário

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  1. Edmilson Carvalho disse:

    Tem um trecho de uma composição musical do grande compositor Nelson do Cavaquinho que diz “se alguém quiser fazer por mim que faça agora” e acho que foi feito o justo para o Amadeu Teixeira e duas ou três semanas atras fiquei triste quando começaram a remover o nome do Amadeu , da Arena Esportiva e como fizeram com o Estadio Vivaldo Lima que se passou a chamar Arena Esportiva tambem, pois bem porque não se cobra do MPF a retirada a mais rapido possivel o nome do Hospital que leva o nome da mãe do senador Omar Azize,,,,,inclusive a homenagem ao Vivaldo Lima e Amadeu Teixeira é justa eles eram do ramo do esporte…..agora eu não sei o nome dessas outras pessoas são pelo menos medico ou enfermeira….vamos começar a cobrar..