Panavueiro na formação do secretariado de Amazonino. Guerra maior é por Sefaz, SSP e Detran

Esta semana é considerada decisiva na formação do secretariado de Amazonino Mendes, governador eleito do Amazonas. Ele viajou, tentando apagar a fogueira de vaidades, mas voltou e o fogo está ardendo ainda mais. Os diversos grupos estão formados em torno do presidente da Comissão de Transição da gestão que entra, o médico Francisco Deodato, do major PM Otávio Jr., a sombra de Amazonino no período do ostracismo, o senador Omar Aziz, o ex-vice e ex-Sefaz Samuel Hanan e até o radialista e empresário Ronaldo Tiradentes. O cabo de guerra esticou ao máximo. O panavueiro é grande.

 

Deodato na Casa Civil

Francisco Deodato caminha para se tornar uma espécie de “primeiro-ministro”. Dono de todas as chaves da saúde do chefe, de quem é médico particular, ele é o favorito para a Susam, mas prefere a Casa Civil, onde ficaria mais próximo do núcleo de comando. Para a pasta da Saúde, Deodato está indicando o ex-deputado estadual Arnoldo Nazareth. E ele quer indicar, entre outros, o secretário estadual de Fazenda.

 

Sefaz

Uma das disputas mais duras gira em torno da pasta da Fazenda (Sefaz), onde o empresário Samuel Hanan, ex-vice e ex-secretário de Fazenda de Amazonino, tem a prioridade e indica o ex-secretário das finanças, no Estado e no Município, Alfredo Paes, que sempre foi um dos principais assessores de Amazonino. Deodato quer emplacar Ricardo Castro, auditor fiscal da Sefaz, que acabou de ser condenado pelo STJ a devolver dinheiro para o Governo do Estado, por ter se metido numa negociata com a empresa Semp Toshiba, em 1995/1996. A sentença aguarda execução desde 10 de março deste ano.

 

Detran

Outra guerra aberta diz respeito ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O atual presidente, Leonel Feitoza, contribuiu para a campanha de Amazonino e recebeu deste a promessa de que permaneceria no cargo. O compromisso esbarra, porém, no interesse do senador Omar Aziz, sem o qual não teria sequer havido candidatura. E ele já teria dito ao próprio Amazonino que considera uma ofensa digna de rompimento se não fizer o presidente do Detran.

 

SSP

O major PM Otávio Júnior, que foi o faz-tudo de Amazonino no pós-prefeitura, não se contentou com a chefia da Casa Militar, para a qual parecia destinado. Quer influenciar na escolha do secretário estadual de Segurança e do comandante da PM. O coronel Walter Cruz, que deixou o posto de subcomandante da PM para ficar com Amazonino, não está entre os seus nomes preferidos.

 

SSP (2)

Os diversos setores da segurança pública no Estado estão de olho na escolha do novo secretário da SSP. Representantes do Ministério Público Estadual e até da Polícia Federal têm oferecido informações privilegiadas ao governador eleito para orientá-lo na escolha.

 

Fusão com Seap

A ideia que ronda os bastidores da escolha da nova cúpula da SSP é que ela será fundida com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap). Há críticas. “Como é que quem cuida dos presos vai cuidar dos soltos também?”, dizem os críticos.

 

SEC

O secretário estadual de Cultura, Robério Braga, para variar, está novamente na berlinda. Amazonino, que o nomeou a primeira vez, na década de 1990, não tem interesse em tirá-lo. Vários dos assessores e apoiadores, no entanto, querem a saída. Robério chegou a se licenciar do cargo durante a campanha e andou passando na casa do então candidato. Menos que das outras vezes. Mas passou.

 

Silas Câmara

O deputado federal Silas Câmara, que tem seguido as orientações de Omar Aziz nas últimas eleições, também apoiou Amazonino e pleiteia uma fatia no secretariado. Quer a permanência de Oreni Braga na Amazonastur, embora Amazonino pense em fundir o órgão com a SEC. E o coronel Amadeu Soares, vice dele na eleição para prefeito, compondo na cúpula da segurança pública.

 

Ronaldo Tiradentes

O radialista, advogado e empresário Ronaldo Tiradentes foi quem “inventou” a candidatura de Amazonino, de quem foi secretário de Comunicação. Promoveu reuniões do senador Omar Aziz com o prefeito Arthur Virgílio, defendendo o nome dele. Não recuou mesmo diante das críticas dos que consideravam Amazonino ultrapassado e sem chances e a candidatura uma maluquice. E tem agora sua própria lista de indicações. Alguns dos nomes chegou a anunciar no seu programa diário, na Rádio Tiradentes. Diante da falta de apoio do governador eleito, já fez críticas diretas ao processo de escolha. É uma demonstração de que ou será ouvido ou Amazonino vai para a lista negra dele. Os dois se conhecem bem.

 

E o Negão, o que pensa?

Amazonino tem se fechado sobre o processo de escolha do secretariado. Quando falou foi para dizer que a decisão é dele, que o time tem que entrar para vencer e descartou interferências. No fundo, no fundo, quem o conhece acha que todos os postulantes a cargos no primeiro escalão devem mais a ele do que ele a eles. Todos já foram contemplados de alguma forma, em gestões anteriores, e agora é hora de escolhas pessoais, técnicas, com o que há de melhor, inclusive fora de seu grupo.

 

Até maio

O que poucos não prestaram atenção é que o governo suplementar de Amazonino tem somente até maio/2018 para executar ações mais profundas, como mexidas no funcionalismo e licitações. Oito meses. A partir daquele mês, o calendário eleitoral cria impedimentos que limitarão o trabalho do Governo do Estado. É como se o Negão tivesse um canhão nas mãos, mas com uma bala só, ou seja, não pode errar.

 

Reeleição

A aliança de Amazonino com Omar Aziz e Arthur Virgílio pressupunha que o governador eleito não concorreria à reeleição, em outubro de 2018. Pressupunha. Tudo meio na base do suposto. Nada muito explícito. Verdade é que uma candidatura do Negão vai depender do próprio desempenho dele à frente do Governo. Com dominó no Tarumã e pescaria no Uatumã ele só fica até 31/12/2018.

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