Amazonino recebe aviso do eleitor e ganha chance de corrigir o ‘então morra’ e a gestão apática na Prefeitura

Amazonino mostra disposição com a agenda do dia seguinte à eleição, incluindo até visita ao presidente Michel Temer

O governador Amazonino Mendes, eleito na eleição suplementar, para mandato que vai até 31/12/2018, foi alvo de um aviso grave da população amazonense, expresso nos mais de 1 milhão de votos brancos, nulos e abstenção no pleito. Trata-se de evidente aviso de que o eleitor exige renovação na política. Mas, ironicamente, político herdeiro desse protesto, Amazonino é um dos mais antigos, dono de três mandatos de prefeito de Manaus, um de senador e três de governador.

O governador eleito ganha, assim, a oportunidade de sanar algumas pendências que o levaram a “vestir o pijama”.

Amazonino tem excelente oportunidade de “falar” com a colônia paraense. Ele ficou marcado pelo episódio em que, visitando uma área de risco, queria a retirada de famílias e uma líder local insistia em ficar. Foi quando soltou o famoso “então morra, minha filha”. E, para piorar, perguntou de onde ela era. “Do Pará”, respondeu. “Então tá explicado”, disse Amazonino.

O fato é que as famílias precisavam da retirada e se ficassem, como queria a interlocutora do então prefeito, corriam sério risco de morte. Quanto ao “tá explicado”, ele saiu diante das estatísticas de que grande parte da população migrante do Amazonas era e é formada por paraenses.

A notícia nova quanto a isso é que, em breve, se as coisas continuarem caminhando do jeito que estão, o êxodo se inverterá. O Pará foi o único Estado brasileiro que não teve perdas, ano passado, e este ano projeta um dos maiores crescimentos nacionais. Conseguiu implantar – e está executando – um plano de desenvolvimento para duas décadas.

Qualquer empresário que sente diante de um secretário ou governador paraense pode perguntar onde há oportunidades de negócios e eles abrem mapas mostrando onde serão construídas estradas ou portos ou outras obras de infraestrutura, mesmo que ainda em projeto. Ganharam credibilidade para tal, diante de tudo o que já executaram, mesmo alternando governos petistas e tucanos.

O Pará cresceu, política e economicamente, enquanto Amazonino estava de pijama. Os amazonenses, em breve, poderão perceber as vantagens do trabalho que está sendo construído lá e inverter o fluxo migratório.

É hora então de o novo governador, diante da urgência de um mandato fugaz, visitar o governador paraense e pedir ajuda no setor fundamental para os próximos passos do Amazonas: o planejamento.

O dinheiro é curto. É preciso gastar apenas no fundamental e construindo a base para o futuro.

Amazonino Mendes, diante da nova chance que o amazonense lhe oferece, no momento mais improvável, em meio à absoluta descrença nos políticos, tem também a chance de fazer um governo diferente da última gestão dele, na Prefeitura de Manaus. A ideia cristalizada a respeito daquele período é de ele governou dando poder excessivo aos secretários, sem ir à Prefeitura, jogando dominó no Tarumã.

Essa ideia de distanciamento e falta de apetite para a administração manchou a biografia de Amazonino. Saindo da aposentadoria, para a qual foi impelido pela baixa popularidade, quando prefeito, ele tem a chance de reescrever a própria história.

São otimistas os primeiros gestos.

Num só dia, o dia seguinte à eleição, ele foi ao presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), tentando barrar novos gastos do Governo do Estado, ao mesmo tempo em que, pegando um jatinho às pressas, se avistou com o presidente da República, Michel Temer, em Brasília. De uma só tacada afastou os receios quanto aos quase desmaios durante a campanha, pela queda dos índices glicêmicos, consequência do diabetes.

Várias lupas estarão sobre o novo mandatário amazonense. A dos paraenses, atentos a qualquer novo traço de xenofobia, a dos médicos, quanto à saúde, e a da população em geral, quanto à necessidade de presença física do governador nos momentos mais cruciais.

O Amazonas deu o recado. Tomara que Amazonino tenha entendido.

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1 comentário

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  1. Eduardo Protazio da Silva disse:

    Sou amazonense e como tal, não perco a esperança de um amanhã melhor para o Amazonas e seu povo.