Branco, nulo, abstenção, Amazonino ou Braga são todos votos decisivos para o Amazonas

Rodovia Manacapuru-Novo Airão, com 96 quilômetros de extensão, bem que poderia ser uma estrada parque, com todo esse verde e cursos d’água nos arredores, mas se transformou em solo lunar de tanta cratera, tantos buracos (veja, ao final da coluna, um vídeo produzido na rodovia). Foto: Google Earth

O Estado continental do Amazonas terá os destinos decididos, pelos próximos cinco anos (pelo menos!), no domingo (27/08). A tendência majoritária, segundo está sendo demonstrado pelas pesquisas eleitorais, é que os votos brancos, nulos e a abstenção ganhem de Amazonino Mendes e Eduardo Braga. No 1º Turno eles totalizaram 849.528 (569.501 abstenções, 61.826 brancos e 218.201 nulos), num universo de 2.338.886 eleitores aptos a votar. Uns dizem não se sentir representados pelos dois preliantes. Outros vão, simplesmente, optar por pagar a irrisória multa da Justiça Eleitoral e viajar. A síntese, porém, não é nada boa para o Estado. É um panavueiro.

 

Cheque em branco

Quando um eleitor não vota, anula ou deixa em branco o voto, não está apenas protestando contra a qualidade dos candidatos, mas optando pela negação da escolha. Imagine se, numa mesa, colocassem uma pacoteira de R$ 18 bilhões e te dessem a opção de escolher quem iria tomar conta dessa dinheirama toda. Você viraria as costas? Daria de ombros? Pois o Governo do Amazonas tem esse dinheiro, no orçamento anual, e quem tem poder para dizer como gastá-lo é o governador. Para quem você estará virando as costas se decidir partir para a anulação.

 

Interior abandonado

É um crime o que acontece no interior do Amazonas. Havia só um tomógrafo, em todos os 61 Municípios interioranos, em São Gabriel da Cachoeira. Nenhum médico, com o mínimo de responsabilidade, opera cabeça sem fazer tomografia, para orientar o procedimento. A não ser em absoluto desespero de causa.

 

Interior abandonado (2)

O tomógrafo de São Gabriel é resultado de emenda parlamentar do deputado federal Paulo Teixeira, do PT de São Paulo!!! Por que? O filho dele, Pedro Yamaguchi Teixeira, advogado, 27 anos, faleceu no Município no dia 1º/06/2010. Caiu no rio Negro, numa área de correnteza, e foi achado falecido. O parlamentar descobriu que também não adiantaria nada se o achassem vivo porque não haveria como prestar socorro, entre outras coisas por falta de tomógrafo. E providenciou o equipamento.

 

Interior abandonado (3)

O governador David Almeida, em sua interinidade, fez um esforço junto a fornecedores e conseguiu arrecadar tomógrafos para espalhar nas principais cidades interioranas. Aguarda-se o balanço final desse esforço.

 

Iranduba

Quer saber como o interior está abandonado? Não precisa ir muito longe. Basta pegar o carro, atravessar a ponte, passear pela vila do Cacau-Pirêra, que fica de frente para Manaus, no Município de Iranduba. Depois vá à sede Municipal. Depois olhe o noticiário, passe a vista nos crimes ocorridos no Município e preste atenção na expansão desordenada que vem ocorrendo lá.

 

Praias de Açutuba e Japonês

Há duas belíssimas praias em Iranduba, que são as de Açutuba e Japonês. Estão ambas já contempladas pela duplicação da AM-070 (KM-30) e no mesmo ramal, asfaltado, quase sem buracos. Custava um governador ter urbanizado essa orla, ordenado a ocupação e transformado o local num ponto de atração turística? Quase nada. As terras já foram muito baratas no local. Agora estão ficando caras, mas nada fora do alcance dos cofres estaduais. Falta só vontade política mesmo.

 

Manacapuru

Se puder passear um pouco mais, siga pela rodovia AM-070, Manaus-Manacapuru. Vá além da área em que a duplicação da estrada está em obras. São apenas 39 quilômetros. Mas mesmo, aí olhe bem para um lado e para o outro e, além de alguns condomínios (frutos da teimosia da iniciativa privada), veja se tem alguma coisa que possa ser chamada de “atividade econômica”. Por quê? Porque não há nenhum plano para a estrada. Não há arranjo econômico que a transforme num manancial de utilidade.

 

Novo Airão

Quem mesmo praticar uma imersão no interior? Ainda será “imersão” meio de araque porque a realidade mais dura está além e só pode ser alcançada de barco. Mas vá a Novo Airão de carro. Passando a (interminável!) duplicação da AM-070, cujo financiamento foi assegurado por empréstimo obtido ainda no Governo Eduardo Braga (findo em 2010 e lá se vão sete longos anos), você vai se deparar com a AM-352 (Manacapuru-Novo Airão). Nenhum motorista consegue trafegar, sem parar e tentar achar uma brecha para passar, nos primeiros 30 quilômetros. Não tem buraco, tem cratera atravessando de um lado para o outro, com 50 centímetros de profundidade. Exagero? Vai lá e vê.

 

Novo Airão (2)

Aqui mesmo neste portal e no nosso site de turismo (www.amazonasemais.com.br) há várias matérias mostrando o potencial econômico de Novo Airão. O investimento da Katerre, empresa com sócios paulistas e locais, em barcos, hotéis e restaurantes, merece uma placa. Algum deputado estadual podia providenciar. Idem para o pessoal do Anavilhanas Jungle Lodge. Dinheiro 100% privado. O mínimo que o Governo do Estado deveria fazer era manter a estrada.

 

Novo Airão (3)

A vice-presidente da CNN, Corinna Keller, trouxe a família para passar férias no Amazonas. Pesquisou, viu imagens e resolveu ir para Novo Airão. No caminho, os filhos enjoaram, o marido e ela própria pensaram em desistir da viagem. Mas chegaram lá. Ficaram absolutamente encantados. Ligaram para os amigos. E os amigos esgotaram as reservas do hotel para as férias de dezembro. Moral da história? Como o Governo do Amazonas quer fazer turismo se não ajuda o turista a chegar nos pontos turísticos?

 

Itacoatiara

Ninguém faz mais ideia do que representou, em termos de investimento, construir as três pontes que ligam Manaus a Itacoatiara, na AM-010. Foi muito suor. Pareciam um sonho impossível. Bem que poderiam servir para transformar a cidade num exemplo de desenvolvimento e mudar o cenário de estagnação que se vê por lá.

 

Novo Remanso

No caminho para Itacoatiara, à altura do KM-170, há um ramal de 53 quilômetros que liga à comunidade do Novo Remanso. É o local onde se produz o abacaxi mais saboroso do País. Mas esse ramal, asfaltado precariamente, precisa ser refeito todos os anos porque não prevê a passagem dos caminhões… carregados de abacaxi. Moral da história? Como o Governo do Amazonas quer produção rural se não incentiva o escoamento, nem mesmo de um lugar tão óbvio quanto Novo Remanso?

 

Dura realidade

Se é assim em Municípios tão próximos e interligados por estradas, o que facilita em muito a vida dos moradores, imagine nas longínquas barrancas dos altos rios? Juruá, Amaturá, São Paulo de Olivença, Carauari e tantos outros estão tão distantes que quase dá para perdoar a inoperância da maioria dos prefeitos que os comandaram. Quase. Porque nada justifica a falta de piedade que relegou tantos brasileiros a uma vida tão desassistida.

 

Como pedir

Como fazer esses problemas chegarem a Amazonino Mendes e Eduardo Braga para que eles se comprometam com as soluções? Entupam as redes sociais com isso. Usem a mesma estratégia daquelas correntes inúteis e que só servem para atrapalhar quem usa esses canais como instrumentos de trabalho. Boa sorte para o Amazonas.

[KGVID]http://www.portaldomarcossantos.com.br/wp-content/uploads/2017/08/IMG_7791.mov[/KGVID]

Veja também
Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *