Clima de despedida no Governo. Braga lota escritório. Posse pode ser imediata. Melo conta com Aleam para esperar por TSE

A desembargadora Socorro Guedes, em entrevista coletiva, disse que segunda-feira (28/03) dará o veredito sobre o cumprimento da sentença de cassação do mandato do governador José Melo. Falou na terça-feira (22/03). A partir de então, os rumores de bastidores são de que vai negar a suspensão até o trânsito em julgado, pretendida pela defesa, e ordenar a posse imediata no cargo do ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga. Melo busca garantias. Tem tudo pronto para pedir efeito suspensivo junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e conta com a “boa vontade” do presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam), Josué Neto, a quem cabe marcar a posse. Neto pode retardar o ato até os cinco minutos da prorrogação, esperando decisão favorável da corte superior. A semana promete.

 

Braga em Manaus

Eduardo Braga veio ao Amazonas, esta semana, entregar os geradores que a Eletrobras Amazonas Energia alugou para abastecer o interior. Todos os atos de que participou lotaram. O escritório dele, no conjunto Morada do Sol, e a casa, na Ponta Negra, também ficaram lotados. O ministro deve permanecer em solo amazonense até segunda. Pode até aguardar em Manaus a decisão de Socorro Guedes.

 

Garantias

A frente de batalha, neste momento, é o TSE. Não é à toa que Braga e Melo contrataram escritórios brasilienses para esta fase da querela. Os dois lados observam com lupa as tendências da corte. Atos fundamentais dependem dos humores ministeriais. Braga, não custa lembrar, para assumir no Amazonas terá que optar pela renúncia ao Senado, que é irrevogável, e ao ministério, para o qual uma volta é muito difícil.

 

Ele topa

Braga topa renunciar a tudo pelo Governo do Estado. Mostrou isso com o pedido para a posse imediata, sob análise da presidente do TRE-AM, Socorro Guedes. E, em diversas entrevistas, tem afinado o discurso: “Estou à disposição de Deus e da Justiça”, disse. O PMDB deve desembarcar do Governo Dilma dia 29/03, terça-feira. Ele espera sair antes de ter que decidir entre seu partido e a presidente.

 

Gavetas

Muita gente no Governo do Estado deixou de viajar para esvaziar as gavetas. É claro que não há tempo para “arredondar” tudo até o momento da possível posse de Eduardo Braga, caso ela venha. A instabilidade é cada vez mais palpável.

 

Planos

Braga dispõe de muitos motivos para voltar ao Governo do Amazonas. Tem sido aconselhado a relevar o espírito de revanche contra os que lhe viraram as costas, sob pena de reforçar o marketing negativo de mercurial e vingativo que muitos julgam ter retirado votos fundamentais no confronto eleitoral com José Melo. Mas deve se concentrar na sucessão municipal, de Manaus e do interior, com a figura do prefeito Arthur Virgílio como principal adversário.

 

Asfalto

Braga planeja, se sentar na cadeira do Governo do Estado, criar uma espécie de Grupo de Trabalho e Obras Especiais (GTOE), nos moldes do que Amazonino Mendes, governador, criou para combater Manoel Ribeiro, prefeito, sob o comando do falecido Domingos Leite. Quer dar um “banho de asfalto” na periferia e ocupar o espaço vago na Prefeitura, pela falta de dinheiro, tapando buracos. Quem conhece Arthur Virgílio sabe que haverá reação. Aguardemos.

 

Título eleitoral

O TRE-AM oferece mais uma terça-feira (29/03) para agendar o cadastro biométrico da Justiça Eleitoral. É incompreensível que o avanço da informática tenha ajudado tão pouco no processo e o eleitor não tenha a prerrogativa de, a qualquer momento, como manda a lógica, entrar na fila eletrônica. O resultado é que em torno de 50 mil brasileiros de Manaus deixarão de exercer a cidadania porque perderão o título eleitoral.

 

Números

Quem organizou o recadastramento pouco se importou com a demanda. Na terça (22/03), as vagas para agendamento esgotaram-se em apenas quatro horas. Seis pessoas por segundo, num total de 78 mil, devastaram o que foi oferecido no site da Justiça Eleitoral do Amazonas. O número de recadastrados deve chegar a 1.130.000. Estão de fora 70 mil títulos antigos e os novos – quem completou ou vai completar 16 anos, por exemplo. É essa gente toda que vai afunilar na terça final, 29/03.

 

Henrique Oliveira

O vice-governador Henrique Oliveira, nos comerciais da propaganda eleitoral gratuita da TV do Partido Solidariedade (SD), comete um erro comum da política antiga, devastada pelos últimos acontecimentos. Pergunta do eleitor o que ele quer para Manaus em setores fundamentais, como a saúde, no lugar de, como o povo espera, oferecer alternativas.

 

Qualitativas

As pesquisas qualitativas pré-eleitorais mostram, com clareza, que os políticos praticantes da chamada “oposição vazia” – só criticam, sem apontar alternativas –, estão fadados ao fracasso. O povo está de saco cheio deles, mais até que dos atuais ocupantes do poder posição tradicionalmente sujeita ao desgaste.

 

Iranduba, Fast, Nacional

Empate. Este foi o resultado dos clubes amazonenses nos confrontos nacionais realizados quarta (23/03) e quinta. Quarta, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, Iranduba 2 a 2 Corinthians. Quinta, às 18h, na Arena da Amazônia, Fast 1 a 1 Paysandu e, na Colina, 20h30, Nacional 1 a 1 Clube do Remo, pela Copa Verde.

 

Umê, Cézanne e Moquém

Vêm aí, com inauguração prevista para junho, três restaurantes temáticos. Umê, Cézanne e Moquém são os nomes deles. Umê é a chamada “ameixa japonesa”, que tem uma flor belíssima e é usada na culinária. Homenageando o pintor da Provence, França, Paul Cézanne, o restaurante da chef Selma Reis vai pela alta gastronomia. E Moquém, originalmente o peixe na folha da bananeira ou espetado no espeto verde, na beira do lago, é uma versão ainda mais regional do Banzeiro, do chef Felipe Schaedler. Onde? Na torre da Cristal, a ser inaugurada no Manauara Shopping.

 

Páscoa

O pastor Adilson Dantas, da Igreja Batista Constantinópolis, em Educandos, explica o significado de um dos gestos mais importantes de Jesus Cristo: o lava-pés. Árabes e judeus, afirma, consideram o chão imundo. Não é raro que desvirem sandálias esquecidas com o solado para cima. Sentem repugnância pela visão. Anfitriões ricos, à época, recebiam com bacias d’água e escravos prontos a higienizar os pés dos convidados. O gesto de lavar os pés dos apóstolos, portanto, descrito em João 13.3-10, é lição de humildade que o mundo contemporâneo tem dificuldade para entender. Claro que não pode se comparar ao martírio do calvário, renúncia ao poder supremo, submissão à morte e vitória sobre ela, na ressurreição, mas tem justificada relevância. Feliz Páscoa.