Legado da Copa é subjetivo e vai desde a capacidade do povo de se adequar ao evento à revelação da infraestrutura frágil do Brasil

Perdemos. Ou melhor: o principal orgulho do Brasil, o futebol, foi goleado, humilhado, pisoteado. Ainda bem que a Alemanha soube se comportar com altivez e respeitou a fragilidade do momento, deixando de fazer os gols – mais gols! – que poderia. A Copa do Mundo, porém, não é um jogo. É negócio, vitrine, janela de oportunidades. Sob esse ponto de vista, o País ainda se indaga se sai vencedor do evento que encerra domingo (13/07).

A Copa, com a esperada invasão de turistas, serviu para escancarar as fragilidades da infraestrutura brasileira. Entre 70 mil e 100 mil argentinos estarão no Rio de Janeiro, por ocasião da final da Copa. A grande maioria ficará instalada em barracas improvisadas no Terreirão do Samba e nos arredores do Sambódromo. Coisa de cucaracho? Nada. O mais comum no riquíssimo circo da Fórmula 1 são os Campings, onde os europeus, principalmente alemães, adoram se hospedar para ir aos GPs.

A diferença é que esses locais têm toda infraestrutura, especialmente estacionamento e banheiros, perfeitamente dimensionados para o público que vai receber. O portão fecha quando lota.

No Brasil, como está fartamente noticiado, os hermanos fazem fila até para escovar os dentes. Já são 70 mil e podem chegar a 100 mil. E estamos falando da principal porta de entrada do turismo brasileiro, a Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro.

A conclusão é que não temos acomodação para o turista de menor poder aquisitivo, nem disposição para organizar uma infraestrutura mínima, que permita fechar a porta quando um estiver lotado porque logo na esquina tem hospedagem de igual qualidade. A síntese é que está sendo feito um esforço brutal para acomodar o torcedor argentino, mas, como não houve planejamento para isso, ele ainda vai sair falando mal do País.

Manaus, sede que ficou entre as mais bem avaliadas na primeira fase da Copa – a melhor foi Curitiba, claro! –, o aeroporto não terminou, o porto não foi sequer mencionado e as obras viárias não tiveram um centavo do Governo Federal.

A Arena da Amazônia está incluída entre as “realizações do PAC”, mas, avalie você mesmo:

A obra custou R$ 669,5 milhões.

O Governo do Estado entrou com R$ 170 milhões.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou os restantes R$ 400 milhões – e aí entra a “participação” do Governo Federal.

O Governo do Amazonas começa a pagar os juros do empréstimo a partir deste mês. Serão R$ 250 milhões, em 12 anos, mais os R$ 400 milhões do principal.

Se isso é um “presente” foi, no mínimo, um presente de grego.

O maior lucro da capital amazonense com a Copa do Mundo ainda precisa ser realizado. Trata-se da referência turística adquirida com as presenças de portugueses, norte-americanos, suíços, ingleses, camaroneses, croatas, hondurenhos e italianos. Eles saíram falando bem da cidade. O povo deu um show ao recebê-los. Agora é identificá-los, usá-los como referência e estruturar o turismo, a partir das fragilidades identificadas, buscando o estabelecimento da indústria do segmento.

A indústria do turismo gera divisas e sete empregos indiretos para cada emprego direto. É a vocação natural do Amazonas. Precisa se tornar prioridade. Ou então o legado da Copa…

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