A vida pede passagem – o tempo não pára

Toda vez que recebo a notícia de que alguém faleceu, no momento do velório, onde as conversas normalmente giram sobre  doenças, receitas e remédios, fico remoendo sobre o valor da vida. O enterro é um capítlulo à parte, pois é sempre um momento de reflexão, assim como uma avaliação da vida inteira que se traduz no ritual da despedida, nos cantos, nos discursos, nas homenagens finais e a hora efetiva de o caixão baixar na sepultura e ser literalmente en-terra-do, quando a terra é jogada e a grama é recolocada  e o ciclo chega ao seu final.  Essa imagem é apenas uma  forma de reforçar que ela (VIDA) é efemera e passageira e mais do que nunca  ela, a VIDA, pede passagem. Ao sair do cemitério, os pensamentos permeiam toda a minha mente e a única certeza que tenho é que a vida deve ser aproveitada de todas as formas, de todas as maneiras, pois no final o que fica são lembranças, recordações,  momentos gravados na memória e objetos que serão descartados e distribuídos a quem interessar.  A vida continua.

Ao falar disso, lembro de uma palestra que uma amiga fez e falou sobre o ressecamento do Ser, onde as pessoas vivem no piloto automático, num senso de urgência e na luta pela sobrevivencia, fazendo com que os sentimentos, o prazer e o desfrutar da vida fiquem relegados para segundo plano. A consequencia natural é  uma maratona em consultórios médicos, hospitais, check ups, na busca de cura de seus males. Partindo do princípio que a doença nada mais é que a ausencia de saúde, de energia, de vitalidade, de vida bem vivida, urge que reeduquemos o modus operandi de como estamos cuidando de nós ou de como estamos vivendo cada dia. Minha amiga também falava, e isso me marcou muito, que o câncer é uma doença da alma e o único lugar que não ele não afeta é o CORAÇÃO.  Alguém já conheceu uma pessoa, amigo, parente que  teve,  tem  ou faleceu de câncer no  coração???

Dalai Lama diz que “os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente, de forma que acabam por não viver nem no presente, nem no futuro. E vivem, como se nunca fossem morrer e morrem, como se tivessem vivido”. Um grande contraditório que reflete a roda viva que o mundo se nos impõe, onde podemos enquadrar a maioria da humanidade nessa premissa filosófica que retrata a realidade como ela se apresenta. Conseguimos contar nos dedos, àquelas pessoas que sabem desfrutar de forma saudável e harmônica, após terem labutado a vida inteira. Alguns, no entanto, ficam pelo meio do caminho.

A sociedade cobra um ritmo frenético, onde tudo é para ontem. Os parâmetros de excelência e sucesso exigem um desempenho de alta performance que às vezes cobra uma fatura da mesma intensidade e valor que muitos não conseguem sair SÃOS, SALVOS E VIVOS.

Celebrar, comemorar, desfrutar, viver são exercícios fundamentais na arte de bem viver, antes  que nos tornemos apenas uma lápide com data de chegada e data de partida.

A mensagem é simples: Viver não custa nada. Viver e não ter a vergonha de ser feliz. A vida que vale a pena é a vida bem vivida. Viva a vida enquanto pode, enquanto ela vive,  afinal a Vida é Bela e merece que a gente tenha tempo para ela.

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova Nogueira é advogada e assistente social, com MBA em Gestão de Pessoas (FGV-ISA...

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4 comentários

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  1. Amei demais a sua crônica. Penso também que devemos aproveitar todos os momentos da vida para viver e ser Feliz.Parabéns.

    1. ozeneide casanova disse:

      Acredito muito nisso e cada vez que assisto um enterro , fico mais convicta. Não há tempo a perder com coisas pequenas.
      Obrigada pelo carinho.
      abs
      Ozeneide

  2. ana mariano disse:

    Essa é uma reflexão pertinente, pois o dia dia nos leva a uma correria que nos faz perder muito tempo na ilusão que estamos ganhando tempo.

    1. ozeneide casanova disse:

      O ideal é vivermos um dia de cada vez e aproveitar tudo o que ele nos oferece. Grata pelo retorno.
      abs