Amazonino recebe saúde com déficit de R$ 400 milhões: “Falta de gestão pública mata pessoas de forma cruel”

Para Amazonino, muita gente morre em decorrência da falta de gestão pública, de forma cruel. Para que isso não ocorra, governador fez apelo para servidores ajudarem a reconstruir rede estadual. Foto: Clóvis Miranda

“Há muitas formas de matar alguém e uma das mais eficazes e cruéis é com a falta de gestão na saúde pública. Muita gente morre em decorrência do nosso serviço ou da ausência dele”.

Foi com esse apelo aos servidores do setor, para que o ajudem na reconstrução da saúde, que o governador do Amazonas, Amazonino Mendes, conduziu ao cargo de secretário de Estado da Saúde o médico Francisco Deodato, em cerimônia realizada nesta quinta-feira (5) no auditório da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), Aleixo, zona Centro-Sul.

Amazonino lembrou que no último ano do seu mandato como governador, em 2002, o orçamento para a saúde era de R$ 367 milhões e vários investimentos foram realizados. “De 2014 para 2015, o orçamento foi para R$ 3,2 bilhões e a saúde está um caos. Queremos saber para onde foram levados os recursos do setor? Que rio estranho é esse por onde ele percorreu?”, questionou.

O secretário Francisco Deodato destacou que é preciso tirar a saúde das páginas policiais e dos grandes escândalos. Ele revelou que recebe o setor com um déficit de R$ 400 milhões, para fechar o ano de 2017. “Vamos criar as condições necessárias para enfrentar esse cenário, de forma a honrar os compromissos já postos e receber os que virão. Isso tudo sendo feito de forma correta juridicamente, digna e respeitosa”, afirmou.

Deodato disse que é preciso haver uma consciência plena da gravidade da situação, pelos servidores, pela população e autoridades, para que se possa reconstruir o sistema de saúde pública do Amazonas.

“Na campanha ouvimos as reclamações da população. Mas ontem comecei uma peregrinação às principais unidades de saúde, para conversar com os servidores e com os pacientes, fazer um diagnóstico da situação e organizar um planejamento de urgência para enfrentar os problemas”, frisou.

Visitas a hospitais

O secretário relatou que esteve no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, na zona Centro-Sul de Manaus, onde presenciou casos graves: pessoas internadas acomodadas em cadeiras, por falta de leito; ambientes com capacidade para 30 pessoas abrigando 60 pacientes; enfermarias sem ar-condicionado e sem janelas; gente que estava até à noite sem se alimentar.

No Pronto-Socorro da Criança (PSC) da Zona Sul constatou o uso de um espaço improvisado como Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Bem ao lado do espaço improvisado se arrasta, há três anos, uma obra para a construção da nova UTI do hospital, projeto que foi previsto para ser concluído em 60 dias.

“Esse é o quadro que estamos encontrando. E hoje (quinta-feira) continuo a visita nas unidades. Chegou a hora de fazermos a nossa parte. E eu confio muito nos servidores da saúde do nosso Estado”, ressaltou Deodato, que é o primeiro servidor da Susam a ocupar o cargo de secretário da saúde.

Compromisso

Em seu discurso, Deodato reafirmou o compromisso dele e do governador com o setor. “Teremos um governador que já deu provas do seu comprometimento”, disse ele, enumerando obras realizadas no último governo de Amazonino (de 1999 a 2002), do qual foi também secretário de saúde – a construção dos Centros de Atenção Integral à Melhor Idade (CAIMIs), dos Centros de Atenção às Crianças (CAICs), das primeiras Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Estado e dos hospitais Adriano Jorge e Francisca Mendes, dentre outras.

Deodato também foi secretário municipal de saúde, de 2009 a 2012, quando Mendes foi prefeito de Manaus, e tem 30 anos de atividade profissional como médico.

Com o auditório da Susam lotado de servidores, ele agradeceu a confiança que o governador deposita mais uma vez no seu trabalho. Disse que o tempo é curto – pouco mais de um ano de mandato –, mas que fará o melhor para garantir o acesso da população aos serviços da saúde e que estes sejam de qualidade.

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