Orgulho parintinense

Augusto Bernardo Cecílio*

No momento em que se aproxima o Festival Folclórico de Parintins, envolvo-me de precioso saudosismo ao me referir à minha cidade natal, onde percorri minha infância e parte de minha juventude. Por obra de Deus e de meus pais foi lá que iniciei tudo o que hoje reúno para edificar a vida, tanto pessoal quanto profissional. Foi em Parintins que alicerçamos grandes e concretas amizades, que valem mais, infinitas vezes mais que um, dois, três, tantos títulos de boi-bumbá campeão.

Parintins tem, com justa razão, um imensurável tesouro de valiosíssimos títulos que não são expostos como deveriam, mas está galgando um caminho laborioso que certamente vai trazer à tona em seu tempo certo.

Sua posição geográfica, encravada no coração da floresta, envolvida pelo Rio Amazonas, já constitui um dádiva da natureza.

Longe dos holofotes e da mídia que projetam o Festival pelo mundo afora há preciosidades humanas que atuam nos bastidores, dos mais simples e menos abastados, até as mais intelectualizadas, sempre a serviço de Parintins, executando um serviço de formiguinhas. Tudo para que os milhares de visitantes possam se sentir bem recebidos e tenham conforto suficiente para voltar à Ilha e ainda atrair novos amigos.

O empenho e a responsabilidade assumidos diante da necessidade de mudar a data da maior manifestação folclórica do Brasil para o último final de semana de Junho, por si só, já representou um feito digno de título de campeão, com um visível acréscimo do número de visitantes, revelando que as mudanças propostas foram muito bem assimiladas. Isso prova que nada configura desafio que o povo parintintin não consiga transpor, vencer com desenvoltura e valor.

Paris, como carinhosamente é tratada, vai muito além de uma ilha amazônica. Além do famoso festival folclórico, nossa ilha tem um calendário de eventos que ocupa o ano inteiro e deve receber a merecida atenção, pois também representa as manifestações acaloradas de fé, de participação, de prazer revelado em cada gesto, em cada esforço para que tudo aconteça da melhor forma possível.

Parintins dos bois bumbás, das Pastorinhas, das quadrilhas, das danças típicas, da Exposição Agropecuária, do Reveillon, da Paixão de Cristo, do Carnailha, das festas de Nossa Senhora do Carmo, de São José e São Benedito, e de tantos outros momentos, de movimentos populares que ajudam a consolidar para o Brasil e para o mundo a imagem do berço cultural das alegorias gigantes, das alegrias constantes de um povo criativo e trabalhador.

Há poucos dias, recebemos a notícia de a Universidade de Harvard listou Parintins como uma das melhores cidades com qualidade de vida, que envolve também questões sociais, ambientais e acesso à educação. A riqueza cultural e o incentivo à arte, bem como o acesso à graduação fizeram com que a ilha alcançasse bons índices.

O parintinense tem orgulho da sua terra. Em 2003, quando representei o Amazonas na Alemanha, tive a grata surpresa de ser indagado pelos representantes do Fisco Alemão sobre o Amazonas e  sobre “o azul e o vermelho”, e destaquei com entusiasmo os nossos bumbás, conceituando a festa como uma grande reunião entre os povos: o índio, o branco colonizador, o negro e o caboclo, onde a paz e a natureza são elementos sagrados e imprescindíveis para a manutenção da vida.

 

 *Auditor fiscal da Sefaz 

 

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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