Havia um narrador de futebol que, na hora do gol, gritava: “Taí o que você queria!…”
Nossos antepassados mais próximos cultuavam, sobremaneira, a então capital Federal, o Rio de Janeiro.
Teve época em que muitos diziam, com uma “pitada” de orgulho, que a capital amazonense era “o bairro mais distante do Rio”.
Pois bem, um dos sonhos barés era ode o indivíduo conhecer, e até mesmo morar, residir, na “Cidade Maravilhosa”. E vários amazonenses realizaram esse sonho.
A força cultural carioca no Amazonas foi tão intensa que deixou marcas profundas, como o sotaque. Sim, preste-se a devida atenção aos quarentões, cinquentões, sessentões manauaras, a falar…
No Futebol, Manaus é extremamente “carioca”. Chega-se à brigar (e mesmo, matar) por Flamengo, Vasco e cia… O “caboco” nunca foi a um estádio de Manaus, assistir a uma peleja entre times amazonenses, e ainda culpa “Deus e o mundo” sobre o “fracasso” do futebol local. A impressão é a de que nasceu no Leblon, Copacabana, ou mesmo na Zona Norte do Rio…
No samba, a hegemonia “tamoia” é extrema. As escolas de samba, os pagodes, as rodas de samba, muito próximas das do estilo da capital fluminense.
E o que faltava mais? Pois bem…o tráfico de drogas, a violência que dele deriva e tudo mais desse nefasto universo. Ao caboclo já não bastava a cachaça e sim o pó maldito e outros narcóticos.
Caros manauenses, eis que isso também já é uma horrenda realidade – em menor grau, mas, já é contumaz.
A esperança em dias melhores nunca deverá morrer. Todo o Brasil assiste meio impotente à essa corrida maluca pela chegada incerta. Quiçá nosso futuro seja mais tranquilo e o “Taí o que você queria” seja somente um grito de gol…um gol da Vitória sobre esse inferno sem fim, o das drogas.
Daniel Sales
* Daniel Sales é pesquisador cultural.
Meu querido amigo Daniel Sales, você resumiu tudo, no que representa essa aproximação, mesmo distante, das aproximacões culturais, entre Rio e Manaus, e a sua comparação foi muito precisa. Eu sou um desses que também passou por lá (5 anos). Cidade linda, porém, com muitos perdidos na “poeira”. Mas, como dizia o poeta: Sonhar não custa nada… e vamos torcer por um Rio-Mao bem melhor no ano que vem. Abraços.
Obrigado, Ivan. Você conhece bem o Rio e também a correlação cultural com Manaus.