Guerra entre facções é apontada como causa para aumento de homicídios. Média subiu para 3 mortes por dia entre maio e junho

Homens são as maiorias dos casos registrados de mortes violentas. Para forças de segurança, guerra entre facções fomenta aumento de homicídios. Fotos: Divulgação

Com uma chamada alertando para a explosão de homicídios na capital, Manaus foi destaque negativo em rede nacional na noite desta terça-feira (17), no Jornal da Globo, que exibiu uma reportagem sobre aumento no número de assassinatos na cidade.

A constatação do crescimento no número de mortes é diária. Só nas últimas 24 horas, foram registrados mais seis assassinatos, a maioria com característica de execuções, todos de homens.

Alta de 43%

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), em maio ocorreram 72 homicídios, número que subiu para 103 em junho, uma alta de 43% em relação ao mês anterior.

E só nos primeiros 15 dias de julho, foram mais 50 mortes violentas. De acordo com a SSP, junho deste ano teve 2% a mais de homicídios que o mesmo período de 2017.

Se no primeiro trimestre Manaus registrou uma média de 2 homicídios por dia, com 184 casos de janeiro a março; entre maio e junho a média subiu para 3 mortes, com 175 assassinatos.

Guerra de facções

Para representantes do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e para o secretário de segurança, coronel da Polícia Militar Anézio Paiva, os homicídios tem ligação com a guerra entre facções criminosas no Estado: Comando Vermelho (CV), que nasceu no Rio de Janeiro; Primeiro Comando da Capital (PCC), de origem paulista; e a local Família do Norte (FDN).

Paiva disse que os assassinatos envolvendo facções se intensificaram com a fuga de 35 detentos do Centro de Detenção Provisória Masculina (CDPM). A maioria dos fugitivos é composta por integrantes do Comando, homicidas e assaltantes de alta periculosidade.

Além do crescimento das mortes, a violência da guerra por disputa pelo comando do tráfico tem causado insegurança em comunidades, como o Bairro da União, na zona Sul, considerado um dos lugares de área vermelha mais perigosos de Manaus.

No último dia 3 de julho, policiais civil da Delegacia Especializada em Narcóticos (Denarc) foram recebidos a tiros na comunidade quando faziam diligências no local. Em um “salve” do Comando a área foi citada como palco de disputa entre facções criminosas.

Alex, o “Cadáver”, e o adolescente confessaram execução e exibiram o vídeo que gravaram durante o crime. Foto: Divulgação

E os homicídios identificados da guerra de facções são os mais violentos, sendo comuns decapitações grosseiras e mortes com dezenas de tiros.

No último dia 5 de julho, Alex de Almeida Silva, o “Cadáver”, 25, e um adolescente de 15 anos, o “Cenoura”, foram presos em flagrante pela execução de Edivaldo Costa Soares.

O crime ocorreu em uma área de mata, na comunidade do Bairro da União, onde a vítima foi encontrada decapitada, sem a cabeça. Em um vídeo que circulou do momento da decapitação, os infratores gravam o momento onde usam um prato para cortar a cabeça.

Símbolo da facção

No vídeo a dupla aparece fazendo o símbolo da facção criminosa Comando Vermelho, com as mãos sujas de sangue. Os dois foram presos na comunidade do Bairro da União, no Parque Dez, área da cidade que tem confrontos entre CV e Família do Norte (FDN) pelo controle do tráfico de drogas.

“Cadáver” e “Cenoura” foram presos por equipes da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), Departamento de Repressão a Narcóticos (Denarc), além do Grupo Força Especial de Resgate e Assalto (Fera) e Secretaria Executiva Adjunta de Operações (Seaop), da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).

Com as características dos autores, as forças policiais fizeram duas incursões no bairro da União, usando inclusive helicóptero e fazendo diversas abordagem, até chegar nos suspeitos. Ambos confessar o crime e exibiram o vídeo em que aparecem cortando o pescoço de Edivaldo.

Dinâmica

No dia da execução, a vítima foi até a casa de Alex para consumirem drogas, junto com o adolescente, na área de mata perto do Parque do Mindu. No local, “Cadáver” reconheceu entre objetos jogados no local a bolsa de uma tia, que tinha sido assaltada dias atrás.

Ao ter certeza que a vítima era o ladrão, Alex imobilizou Edivaldo com um “mata leão”, e usou o prato que estava jogado no local para decapitar o homem. O corpo foi separado com um terçado, depois. A cabeça foi enterrada atrás de um campo na comunidade Jacarezinho.

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