A Zona Franca do jeito que o Amazonas precisa conhecer e reconhecer. Veja em vídeo

A Zona Franca

A Zona Franca como ela e muitos não querem ver. Veja vídeo deste editorial ao final do texto

A Zona Franca de Manaus (ZFM) está sob ataque frontal. Faz algum tempo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem a visão distorcida de que a situação fiscal do País só será resolvida se o modelo for destruído. E ele, Paulo Guedes, parece ter mais força que o próprio presidente Jair Bolsonaro, autor da promessa de que o modelo seria intocável sob sua gestão.

O principal argumento de Guedes é que “o modelo só tem servido a interesses políticos locais”. E “nada foi feito para encontrar uma alternativa”.

Isso cria uma lista histórica de culpas, nestes 55 anos de ZFM.

Primeiro é preciso reconhecer que os governantes deitaram no berço esplêndido do dinheiro do Polo Industrial de Manaus (PIM).

Basta olhar para Iranduba, aqui ao lado de Manaus, com suas praias paradisíacas e vistas privilegiadas dos rios Negro e Solimões. Ou para a vila de Paricatuba, no mesmo Município, com pouquíssimos habitantes, meia dúzia de ruas esburacadas ou sem asfalto, e um potencial turístico incalculável.

Houvesse um simples olhar administrativo e Paricatuba estaria para Manaus como Campos do Jordão para São Paulo ou Gramado para o Rio Grande do Sul. Inclusive no que se refere ao clima, eles com o frio e os amazonenses com o sol, as praias, o calor.

 

Governadores militares e civis

O segundo ponto a esclarecer diz respeito à ideia de que os militares foram bonzinhos, ao criar a Zona Franca, e os civis não souberam aproveitar.

O presidente da República, que é militar reformado, sabe que cinco dos 11 governadores do Amazonas, de 1968 para cá, foram nomeados por presidentes militares. Eles respondem por 16 dos 55 anos de Zona Franca. Tempo que dava para fazer muita coisa.

 

Alternativas

E, finalmente, passou do prazo de validade, faz muito tempo, essa história de que “é preciso criar alternativas à Zona Franca de Manaus”.

Quais alternativas, cara-pálida? A atribuição, concretamente, é das autoridades, presidente da República, ministros, governador, secretários, prefeitos, vereadores e até dos cidadãos. Qualquer um pode e deve apresentar sugestões.

O que não vale é discurso vazio, demagógico, sem nada de concreto a oferecer, simplesmente repetindo chavão.

Governo Federal não pode falar que biotecnologia é a saída, se o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) está entregue às baratas, sem recursos, sem incentivos.

Não dá para falar em extrativismo sustentável, se o Ministério da Agricultura não tem incentivado nada dessa prática.

Há, nesse momento, uma guerra de Ações Diretas de Inconstitucionalidades (ADIs) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI.

Primeiro, o governador Wilson Lima e o prefeito David Almeida vieram a público dizer que entrariam com a ação. Depois, a bancada federal fez o mesmo, criticando o governador por não ter protocolado a dita cuja. E, agora, o Governo estadual entrou com o pedido na frente da bancada.

Preste atenção numa coisa: a palavra parlamentar vem do italiano parlare, que significa falar, dialogar. A eleição não pode fazer o indivíduo, eleito pelo povo, colocar interesses eleitorais acima dos coletivos.

A defesa da Zona Franca sempre foi encarada como questão de voto. Não é. É econômica. Tem a ver com desenvolvimento e interesses nacionais. É defesa dos 400 mil trabalhadores diretos e indiretos. É patrimônio do Amazonas, do Brasil.

Como o País saberá disso se o modelo está fechado em copas, sem diálogo com a Nação, com um superintendente-general de braços atados, sem força, sem poder?

Sempre haverá um presidente atrapalhado e um ministro maluco que ameacem a Zona Franca. O modelo precisa deixar de ser um castelo de cartas, que desmorona ao menor peteleco.

Está na hora de encarar a coisa como ela é, com realismo e sem demagogia. A Zona Franca é fundamental para o Amazonas como o petróleo já foi para Dubai e agora deixou de ser, mas continua lá, sendo produzido em quantidade até superior àquela de antes.

Alternativa à Zona Franca sim, mas com postura de estadista e não maluquices. Investimentos e não golpes. A Amazônia não é brincadeira. Nem os brasileiros do Amazonas o são.

 

Governadores do Amazonas, depois do advento da Zona Franca de Manaus:

Militares

Danilo Areosa (1967-1971)

João Walter de Andrade (1971-1975)

Enoque Reis (1975-1979)

José Lindoso (1979-1982)

Paulo Pinto Nery (1982-1983)

 

Civis/ eleitos:

Gilberto Mestrinho (oito anos)

Amazonino Mendes (13 anos e meio)

Vivaldo Frota (nove meses)

Eduardo Braga (oito anos)

Omar Aziz (quatro anos)

José Melo (dois anos e meio)

David Almeida (cinco meses)

Wilson Lima (três anos e meio)

 

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