Eleição extra em Coari: candidatos, bastidores, história e o panavueiro completo

Eleição extra em Coari

Eleição extra em Coari terá novo confronto entre Róbson Jr (esquerda) e Adail Filho, prefeito cassado, que, desta vez, será representado pelo primeiro Keitton Pinheiro

Dia 5 de dezembro haverá eleição para prefeito de Coari. É um pleito temporão, provocado pela cassação de mandato do prefeito eleito em 2020, Adail Filho. Só ocorre agora porque a decisão precisava “transitar em julgado”, isto é, que não tivesse mais nenhuma possibilidade de recurso. Isso ocorreu quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a decisão de cassar Adailzinho, do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM). A nova eleição será para o período de dezembro/2021 a dezembro 2024, o período que resta no mandato original de Adail Filho. Agora vem a disputa, cujo panavueiro está detalhado abaixo.

 

Por que cassou?

A Justiça eleitoral cassou o mandato de Adail Filho por entender que ele se elegeu para o terceiro mandato no “núcleo familiar”. A lei, segundo essa interpretação, contou os quatro anos de Adail pai, embora este tenha sido cassado antes de concluir o mandato, mais os quatro do primeiro mandato de Adailzinho, como eleição e reeleição. O julgamento concluiu pela proibição do exercício desse que seria o terceiro mandato no núcleo da família.

 

O que é o núcleo?

Isso foi amplamente discutido. Constituem o núcleo familiar “o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau”.

 

Keitton Pinheiro é do núcleo familiar?

Não. Keitton é sobrinho de Adail Pinheiro e primo de Adail Filho. Por isso está fora do núcleo familiar (legal) dos Pinheiro e pode concorrer à Prefeitura. Ele foi o vice-prefeito eleito na chapa de Adailzinho, mas, como o motivo da cassação atingiu apenas o primo, continua elegível.

 

A disputa anterior

Adail Filho e Róbson Jr. terminaram a eleição de 2020 com os melhores desempenhos eleitorais. Adail Filho teve 21.716 votos (59,28%) e Róbson Jr. 8.754 (23,90%). Orlando Nascimento, que também anuncia que será candidato em dezembro, participou do pleito anterior. Ficou em 3º lugar, com 2.468 votos (6,74%).

 

Os candidatos

Até aqui, conforme anunciado pelos próprios, há quatro candidatos a terminar o mandato de Adail Filho, que vai até dezembro/2024. São eles: Keitton Pinheiro (o primo), Róbson Jr., o sobrinho de Ronaldo Tiradentes, o administrador Orlando Nascimento e o professor e ex-vereador José Henrique (PL).

 

A sucessão

Adail Filho sequer chegou a assumir o mandato. Maria Ducirene da Cruz Menezes, vereadora, conhecida como Dulce Menezes, assumiu a Prefeitura desde janeiro deste ano. O grupo político dos Pinheiro a elegeu presidente da Câmara Municipal e, assim, a Prefeitura continuou nas mãos da família.

As chances

O cenário em Coari é muito claro: bipolarização Keitton x Róbson. Os Pinheiro e os Tiradentes se atacam duramente, antevendo o confronto eleitoral.

 

Rádio Tiradentes

Róbson tem um programa na rádio Tiradentes/Coari, que ataca duramente a administração municipal e o núcleo de Adail pai em geral. Para tentar silenciá-lo, a prefeita requereu de volta o terreno, que havia sido doado à emissora pela Prefeitura. Essa briga jurídica ainda não terminou.

 

Juiz Fábio Alfaia

Em um dos mais recentes episódios da guerra entre Pinheiro e Tiradentes, os Tiradentes pressionam pela saída do juiz Fábio Alfaia. Alegam que ele é próximo de Adail. Alfaia é o titular eleitoral de Coari e deve presidir o pleito. O mandato dele termina em dezembro deste ano. O juiz tem resistido.

 

Orçamento

Coari chegou a ultrapassar os R$ 750 milhões de orçamento anual. Isso foi no auge da produção de petróleo no campo da Petrobras, em Urucu, que fica no Município. Os royalties rendiam bem mais. Esse valor representava o maior orçamento per capita (por número de habitantes) do Amazonas. Bem maior que Manaus, com seus 2 milhões de habitantes. Hoje, o orçamento é menor, mas a Prefeitura ganhou dinheiro suficiente para mandar ladrilhar com pedrinhas de brilhante cada rua. O Município, porém, está bem longe da qualidade de vida que o dinheiro arrecadado podia proporcionar.

 

Política, demagogia e domínio eleitoral

Ninguém entende como, com Adail Pinheiro acusado de pedofilia e cassado, ele conseguiu eleger o filho prefeito e a filha Mayara a deputada estadual mais votada de 2018. A fórmula, no entanto, é repetida em vários Municípios do Amazonas: distribuição de benesses, aplicação cínica da fórmula “pai dos pobres” e baixo índice educacional da população. Os coarienses têm, mais uma vez, a faca e o queijo na mão. Tomara que encontrem a melhor saída.

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