Daniela Assayag nega que marido seja sócio de empresa alvo de operação da PF e citada na CPI da Saúde

Foto: Reprodução

A jornalista Daniela Assayag, titular da Secretaria de Comunicação do Amazonas (Secom), negou que o marido, o médico Carlos Avelino Junior, seja sócio ou dono da Sonoar. A empresa é apontada como principal beneficiada no suposto esquema de compra superfaturada de respiradores durante a pandemia de Covid-19 no estado. A Sonoar foi alvo da Operação ‘Sangria’, da Polícia Federal, e duas sócias da empresa foram presas. Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (1/7), Assayag disse que o marido tinha um “contrato de interesse de compra e venda” da empresa, que nunca se efetivou.

De acordo com a secretária, quando soube das denúncias e acusações envolvendo os respiradores, o marido dela decidiu fazer um distrato (quebra de contrato). Segundo Daniela, a entrada na documentação para o distrato ocorreu no início de maio. “Meu marido foi citado porque existe um contrato de compra e venda do meu marido, que é da área de saúde. Ele tinha um interesse em adquirir parte da empresa por causa dos negócios dele. A afirmação de que ele é sócio é mentirosa”, rebateu.

Daniela relatou que o médico deu início a uma negociação com umas das sócias da Sonoar, identificada como Renata de Cássia Mansur. Renata está presa. Segundo a secretária de Comunicação, a empresária estava querendo sair da sociedade da empresa e procurou Carlos Avelino Junior ainda em 2019. “Ele chegou, sim, a assinar como interessado. Tem esse documento”, disse a secretária.

A titular da Secom destacou que tem uma cópia do documento, cuja data seria de dezembro do ano passado. “O negócio não chegou a ser efetivado. Não é que ele tinha um contrato de gaveta e que não chegou a ser colocado o nome dele. Não! O negócio não chegou a ser efetivado”, afirmou.

Avelino Junior chegou a pagar a primeira prestação de compra, conforme Daniela. O valor do negócio teria sido parcelado. A secretária disse que, ao saber que o nome da empresa estava sendo citado como beneficiária na compra de respiradores, o médico perdeu o interesse na compra e fez o distrato.

De acordo com Daniela, desde 2012, Avelino Junior presta atendimento à saúde auditiva do estado, cujos contratos recebem verba federal. “Ele não teve nenhum aditivo nesse governo”, disse.

Reunião

A secretária também rebateu acusações de que teria interesse no contrato entre o Estado e a empresa Sonoar. “É uma afirmação mentirosa, a qual eu fico indignada. Não fiz isso. Eu não fiz isso”, enfatizou. E afirmou ter sido colocada no “jogo político”. “Fui colocada de maneira absurda e descabida nesse jogo político.. Eu estou à frente Secretaria de Comunicação, mas não aceito esse jogo político”, disse.

A secretária disse que uma reunião citada pelo ex-secretário da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), Rodrigo Tobias, na CPI da Saúde, não foi convocada por ela. “Eu fui para saber quais eram as providências que estavam sendo tomadas. Não em relação especificamente a respiradores, mas em relação a todos os assuntos que, na época, o governo era acusado de não tomar providências cabíveis rápido”, disse. “Nessa reunião não foi tratado nome de empresa. Nessa reunião não foi tratado direcionamento”, afirmou, em outro momento da coletiva.

Entre os problemas discutidos nesses encontros, segundo Assayag, estão pagamentos de enfermeiros e médicos, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e falta de remédios e respiradores.

Conforme Daniela, reuniões com os secretários são comuns. “Nós [Secom] trabalhamos com informação. E pra eu saber e orientar e planejar a minha equipe, tanto de comunicação jornalística quanto de comunicação de publicidade e propaganda, eu preciso saber das informações de dentro das secretarias”, argumentou.

Campanhas da Secom

Segundo a secretária, em março, a Secom decidir realizar campanhas publicitárias extras com foco em serviços direcionados ao momento de pandemia da Covid-19.

Daniela afirmou ter procurado o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) e o Ministério Público de Contas (MPC-AM) e fez um Termo de Ajustamento de Gestão. “É algo completamente cabível e possível. Eu fiz um planejamento de gastos para os meses que, em tese, a crise deveria durar, que era justamente abril, maio, junho e julho”, contou.

CPI

Segundo a secretária, não houve cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do marido dela. Ela disse, ainda, que não foi chamada para depor na CPI da Saúde. “Mas já estou a disposição”, afirmou.

De acordo com Daniela Assayag, suas contas bancárias e sigilo telefônico também estão à disposição. Ela disse acreditar que o marido também vai divulgar as informações pessoais dele. “Para ver que não houve por parte minha ou dele qualquer benefício desse negócio, qualquer recebimento desse dinheiro, qualquer interesse. Não há. Qualquer pessoa que faça uma relação com esse fato dele tentado comprar essa empresa, está em processo de compra, com a minha função dentro do governo, ou que seja a minha participação, esta é uma afirmação mentirosa”, disse.

Ao ser questionada sobre as investigações da CPI da Saúde, Daniela afirmou que não estava realizando a coletiva como representante do Governo do Estado, e que as perguntas específicas sobre as investigações seriam respondidas via Secom.

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