‘O monstro continua grande, mas não mete mais tanto medo’, diz médico linha de frente na Covid-19

O monstro

O monstro, a pandemia, não causa mais tanto medo para médicos como Alberto Figueiredo (foto), de Parintins

O médico Alberto Figueiredo, urologista e diretor-clínico do hospital Padre Colombo, que trabalha na linha de frente contra a pandemia em Parintins, afirma: “O monstro continua grande, mas não mete mais tanto medo na gente”. Ele se refere aos novos protocolos de tratamento, ferramentas e trocas de informações com colegas de grandes centros. “A gente conversa praticamente em tempo integral”, afirma.

Alberto tem colegas médicos intensivistas que trabalham em São Paulo, com os quais troca informações. Outro médico que trabalha em Parintins, o diretor-clínico da Secretaria Municipal de Saúde, anestesista Daniel Tanaka, fez residência no Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo. A troca de informações, por essa via, também tem sido constante. “Eles (HC) estão inaugurando a maior UTI da América Latina, com 200 leitos”, lembra Alberto.

“É claro que não temos a estrutura de um Albert Einstein (SP). Trabalhamos com nossas ferramentas e adaptações. Mas o que a gente troca de informação ajuda muito”, diz o médico.

A linha-de-frente do combate à Covid-19 e o tempo parecem dar razão aos que defendem o isolamento social. “Aprendemos muito, à medida que o combate atravessou os meses. A doença é muito rápida e não admite erros. Por exemplo: nós decidimos separar o atendimento à pandemia no (hospital) Jofre Cohen e outras doenças no (hospital) Padre Colombo. Isso foi fundamental”, recorda.

Os resultados ilustram o que Alberto diz. Parintins não tem nenhum paciente intubado. Mas quatro acabam de ser transferidos para Manaus, com quadro grave de Covid-19. “Todos agravaram. Um tem lupus, outro comprometimento pulmonar. Precisamos precaver complicação pulmonar e renal e a potencial necessidade de UTI”, diagnostica.

 

Providências

Várias providências da Prefeitura têm ajudado Parintins. O toque de recolher, primeiro das 20h às 6h, depois das 18h às 6h e, finalmente, das 15h às 6h, foi uma delas. Depois vieram o atendimento domiciliar, antecipando agravamentos, em ônibus com médicos, enfermeiros e medicamentos.

A distribuição de kits medicamentosos, finalmente, adotada desde sábado (23/05), foi outra decisão importante.

 

Salvaero melhor

“Ainda precisamos de UTI, embora os limites do nosso trabalho aqui sejam bem melhores que no início da pandemia”, enfatiza Alberto Figueiredo. Antes, os primeiros sinais de comprometimento do pulmão levavam à transferência para Manaus e intubação. “Nosso limite aumentou bastante”, revela.

O especialista elogia a melhoria do serviço de remoção de pacientes pelo Salvaero, da Secretaria Estadual de Saúde (Susam). “Ontem (24/05) vieram dois aviões e cada um levou dois pacientes. Hoje mais dois. As demais doenças continuam precisando de condições que só existem na capital. Ontem foram dois de Covid-19 e dois de outras doenças. Essa quase rotina diária de dois aviões transportando pacientes, em Parintins, não havia antes. Melhorou muito”, explica.

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