Traficante ligado a Sheila, mulher de João Branco, foi atraído para morrer em Teresina

A chacina que terminou na morte de 55 detentos em menos de 3 dias no Amazonas vai tendo elos e ligações fechadas com investigações da polícia. Nesta sexta-feira (26), a Operação Guará, deflagrada em cinco Estados, teve 20 presos, alguns diretamente ligados às ordens para execução dos presos nas quatro cadeias de Manaus.

Traficante ligado

Investigação apurou que a chacina se deu devido à disputa interna de poder entre as lideranças criminosas que atuam em todo o Brasil, sendo a Família do Norte (FDN) a terceira com maior número de integrantes do País.

Vários salves de facções criminosas, da FDN e do Comando Vermelho (CV), divulgados desde o início das mortes, buscavam atribuir responsabilidade e motivação à série de mortes nos presídios.

Vídeos gravados de um homem identificado como Magdiel Barreto Valente, vulgo “Magnata”, mostravam parte de um suposto complô armado por membros da própria família que teria resultado nas 55 mortes nas cadeias.

Executado

Como parte do complô, “Magnata” acabou executado, após ser atraído para Teresina, cidade onde sete foram presos hoje. Além de armamento pesado, como uma submetralhadora, foram apreendidos 10 kg de maconha skunk, coletes e R$ 40 mil.

Segundo a polícia do Piauí, o traficante ligado à FDN foi alvo de uma emboscada, tendo viajado para cometer um grande assalto que nunca ocorreu. Ele ficou três dias num cativeiro, onde foram gravados vídeos. Foi torturado e seu corpo desovado na cidade de Caxias, no Maranhão.

Os vídeos tinham como objetivo aumentar a rixa dentro da facção. Para as forças de segurança do Piauí, o Estado foi escolhido por ser distante de Manaus e por ter conexões de pessoas ligadas ao tráfico de droga.

Chacina

O massacre no Amazonas teve como um dos estopins a morte de “Magnata”, explicou o delegado Humberto Mácola, diretor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí.

Ele confirmou que as sete pessoas presas na Operação Guará são integrantes da FDN, e foram presos nos bairros Monte Castelo, Lourival Parente e Alto Alegre.

A operação ocorreu nos estados do Maranhão, Ceará, Amazonas, Santa Catarina e Piauí e foi deflagrada em virtude das 55 mortes ocorridas no sistema prisional amazonense neste ano.

Guerra declarada

Fontes da segurança pública confirmam um racha na facção, uma guerra declarada pelo controle no topo do tráfico entre os fundadores da organização criminosa, José Fernandes Barbosa da Silva, o Zé Roberto da Compensa, ou Mano Z, e o narcotraficante João Pinto Carioca, o João Branco. Ambos estão em presídios federais.

Nos vídeos, “Magnata”, que aparece amarrado e com marcas de tortura, conta as relações perigosas que teriam levado a mulher de João Branco, Sheila Faustino Peres, a iniciar os ataques que derem origem aos novos massacres.

Sheila é a mulher que teria motivado a morde do delegado de Polícia Civil, Oscar Cardoso, no dia 9 de março de 2014. O narcotraficante foi acusado, na Justiça, de ser o mentor da execução do delegado.

Outros presos

Maria Cléia Fernandes Barbosa, condenada em 2011 por tráfico de droga, e “pombo-correio” do irmão José Roberto da Silva Júnior, o Zé Roberto, foi detida durante a Operação Guará, deflagrada em cinco Estados nesta sexta-feira (26), contra o crime organizado, tráfico de drogas e associação criminosa.

Foram 20 presos, sendo sete em Teresina. O marido de Cléia, Marcelinho do Centro, também foi detido na operação, em Florianópolis, em um apartamento de alto luxo.

Cléia é mãe de outro traficante, Thiago Alemão, o “Alemão”, considerado um dos pistoleiros da facção, que ano passado foi transferido para o presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.