Entenda as mortes no Compaj, com nomes, no meio do panavueiro dos massacres

Entenda as mortes no Compaj

Entenda as mortes no Compaj, sob o ponto de vista do racha entre Gelson Carnaúba (esquerda), Zé Roberto (centro) e João Branco (direita)

A pergunta que todos fazem é por quê, após mais de um ano de relativa paz no sistema penitenciário, explodiu esse massacre? As 55 mortes registradas no domingo e segunda (26 e 27/05) são um acinte. Elas representam o crime organizado esfregando na cara da sociedade quem manda dentro dos presídios. O estopim foi o racha entre José Roberto Fernandes (Zé Roberto da Compensa), e João Pinto Carioca (João Branco).

 

Estrategista X operacional

Zé Roberto fundou e dividia a estratégia, o planejamento das ações da Família do Norte (FDN) com o compadre, Gelson Carnaúba. João Branco sempre foi o operacional, encarregado das ações de rua, principalmente assassinatos.

 

FDN X CV X FDN Pura

Carnaúba percebeu enfraquecimento do comando de Zé Roberto, recolhido a presídio federal, como ele próprio e João Branco. Aproximou-se de Fernadinho Beira-Mar, do Comando Vermelho (CV), do qual a FDN era fornecedora de drogas. Fundou o CV do Amazonas, a partir da própria FDN, no primeiro e sangrento racha do grupo. João só teria “rachado” com o líder por pressão da esposa, Sheila Maria Faustino Peres. Ela é apontada como “correio” do marido nas cadeias, após as visitas íntimas que realiza. E transmitia a inquietação das ruas com a perda de poder. João teria ordenado o massacre dos líderes mais fiéis a Zé Roberto. Zé Roberto descobriu e agiu primeiro.

 

FDN X CV X FDN Pura (2)

Quando saiu, Carnaúba criou o CV do Amazonas. João convenceu, àquela altura, o “parceiro” Zé Roberto a opor uma FDN Pura. Agora é esse o nome que adota para a dissensão que pretende formar.

Leva-e-traz

Os 15 primeiros mortos, ainda no domingo (26/05), eram considerados “leva-e-traz”. Eles transitavam entre os dois grupos, tentando ganhar prestígio, revelando planos de uns para os outros.

 

Dipen avisou

O Departamento de Inteligência Penitenciária (Dipen) apresentou um relatório, dia 22/05, avisando da tensão interna da FDN. Lembrou que, em 2017, providências foram tomadas, mas o massacre surpreendeu por ocorrer entre internos que pareciam ter relações cordiais.

 

Raios e celas

O massacre de 2017 ocorreu no confronto entre raios, isto é, conjuntos de celas isolados. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), após as mortes do Réveillon, isolou Primeiro Comando da Capital (PCC) e FDN. Foram eles que se confrontaram no dia das 56 mortes. A surpresa desta vez é que o confronto se deu dentro de celas, entre internos que, praticamente, escolheram ficar juntos.

 

Próximos rounds

Zé Roberto, João Branco e Gelson Carnaúba vão continuar disputando poder no mundo do crime. A comunicação deles com os comparsas continuará fluindo. Eles têm direito constitucional às visitas e há visitantes que são pombos correios. Muito sangue ainda vai rolar nesse conflito.

 

Umanizzare

A Umanizzare Gestão Prisional Privada está na mira do governador Wilson Lima. Pressionado, ele anunciou nesta terça (28/05), que o contrato com a empresa, que termina dia 01/06, não deverá ser renovado. Haverá nova licitação.

 

Umanizzare (2)

Saiu a esperada nota da Umanizzare, como ocorre depois de fugas ou massacres. A empresa recebeu R$ 800 milhões em quatro anos. Agora afirma esperar pelo comunicado oficial do Governo para “fazer a transição” para a sucessora. Mas não deixa a tradicional alfinetada: é responsável apenas pelas “atividades meio”, ou seja, limpeza, alimentação, assistência material, cursos profissionalizantes, suporte psicológico, social, ocupacional e atendimentos médico, odontológico, farmacêutico e ambulatorial”.

 

Umanizzare (3)

Atividades meio? Sim. Nada a ver com o massacre? Pergunta que não quer calar: se as atividades contratuais fossem desempenhadas corretamente, os detentos estariam se matando? O massacre, por mais que a Umanizzare não queira, denuncia a ineficiência da empresa. E era ela que também estava no comando em 2017. Mesmo assim, o pior governador do Amazonas, até então, José Melo, renovou o contrato da empresa.

 

Arthur X Wilson

No meio da crise provocada pelas mortes no sistema prisional, o prefeito Arthur Virgílio criticou duramente o Governo do Estado. Um racha com Wilson Lima? Os dois nunca foram aliados. Arthur votou em Wilson, apoiou, mas só no 2º Turno. Até agora, Estado e Prefeitura não fizeram nenhuma ação conjunta relevante. Se não houver gestão política, o racha é inevitável.

 

Josué Neto

O presidente da Assembleia Legislativa mandou dizer, pelo Whatsapp, que “nunca disse isso”. O quê? Que o reajuste dos professores foi aprovado pelo parlamento quando “o governo baixou a bola”. “Isso nunca, jamais, saiu da minha boca”, disse.

 

Mercado inaugurado, permissionários contemplados

O prefeito de Parintins, Bi Garcia, também mandou mensagem. O editorial deste portal cobra que permissionários antigos do Mercado de Parintins não ficassem fora. Bi explicou que havia apenas um nessa situação. “Muito tímido, ele estava sendo esquecido, mas a gente corrigiu”, disse. O mercado, tradição de Parintins, renasce com 10 bancas a mais.

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