Eleição pode estar para O Novo como meia-noite para Cinderela. O pós-pleito divide fábula de realidade

Eleição pode estar para O Novo como meia-noite para Cinderela

Eleição pode estar para O Novo como meia-noite para Cinderela, que viu a carruagem riquíssima se transformar em abóbora

“O Novo” na política conquistou o Brasil. Fez uma limpa entre os políticos tradicionais. O fenômeno já havia sido reconhecido nas eleições suplementares do Tocantins e do Amazonas. Problema é o dia seguinte, quando “O Novo” precisa atender às expectativas do eleitorado. A volta do anzol é dura. Pode transformar a carruagem em abóbora, como na fábula da Cinderela.

O eleitor, por tudo o que se vê nesta eleição, não vê “O Novo” como uma personalidade. Vê como um sentimento, uma necessidade de mudança. Essa constatação é fundamental para embasar os passos dos eleitos nessa condição. Passado o pleito, ele deixa a embalagem da campanha e passa a ser olhado com, praticamente, a mesma confiança daquele que derrotou.

 

Feeling às favas

O político tradicional perdeu o feeling. Age como o jornalista correspondente de guerra. No primeiro dia se joga no chão quando ouve os tiros. Passados alguns dias, acostumado, levanta a cabeça para ver de onde os tiros estão vindo. Daí para a frente, os tiros são tão corriqueiros que ele nem se mexe. É aí que leva um tiro na testa do primeiro sniper com o qual cruzar.

O político tradicional perdeu o pudor. Havia – e ainda há – político dizendo, na maior cara-de-pau, que busca a reeleição para o enésimo mandato. Apresenta como credencial dois ou três obrinhas ou projetos básicos. Se o eleitor olhar além do marketing verá que, em tantos mandatos, conquistou mesmo foi uma gorda conta bancária.

O cidadão transformar mandato político em profissão deveria ser proibido. A estrutura política brasileira, porém, favorece a continuidade de quem está no poder, com muito dinheiro e influência. Depois que o sujeito se elege a primeira vez dá um trabalhão perder eleição.

Foi contra tudo isso que o eleitor se insurgiu. Arrogância demais. Serviço de menos. Esta a fórmula que abriu espaço para “O Novo” e mandou para casa os Romeros Jucás da vida.

 

Decepção com ‘O Novo’

Amazonino Mendes, por exemplo, conseguiu convencer o eleitor amazonense de que era “O Novo”. Sob o signo do “vou arrumar a casa”, ele saiu da aposentadoria e foi “embalado” como novo. Ganhou. Superou o favorito, Eduardo Braga.

Dia seguinte, esperava-se de Amazonino um governo inteiramente diferente daquele que realizou na Prefeitura de Manaus. Nada de indolência. Combate aos super-secretários, que mandam e desmandam na agenda e nas ações governamentais. Afastamento de grupelhos de empresários, que monopolizam os contratos e concentram os recursos públicos.

Não se viu nada disso. Foi como se Amazonino tivesse adormecido em 2012, quando desistiu de concorrer à reeleição e entregou a Prefeitura para Arthur Virgílio, e acordado em 2018. Continuou fazendo tudo igual – atendendo em casa e não na sede do Governo, delegando demais, rompendo contratos para entregar aos ungidos etc.

O governador só começou a perceber que os tempos são outros quando terminou o 1º Turno atrás de Wilson Lima. Mas a diferença, pouco mais que um ponto percentual, o impediu de ver a realidade completa. “O Novo” não era apenas Wilson, mas se espalhou para David Almeida, a primeira terceira via do Amazonas, desde 1982.

A eleição de domingo (28/10) colocará à frente do Governo do Amazonas, seja qual for o eleito, alguém sob desconfiança popular. Como deve ser. O governante, afinal, está pegando em dinheiro que não é dele, mas fruto do sacrifício da coletividade.

 

Academia e Cidade Modelo

Tomara que “O Novo” do sentimento se transforme em realidade. Como? Pensando com a academia, chamando os doutores e pós-doutores que o Amazonas ganhou nos últimos anos. Valorizando a garotada que se tem destacado criando startups internacionalmente vitoriosas. Investindo no turismo a partir de uma cidade modelo – Figueiredo e Novo Airão estão prontinhas para isso.

Parênteses. Cidade modelo? Sim. Uma cidade passada a limpo, com saneamento, infraestrutura urbana impecável, água potável que possa ser bebida na torneira. Hotéis. Restaurantes. Lazer. Entretenimento. Uma Bonito (MS) ou Gramado (RS) ou Campos do Jordão (SP). Aproveitando toda a natureza das cachoeiras de Presidente Figueiredo ou das Anavilhanas, em Novo Airão.

Uma cidade que dê lucros, em impostos, para construir outras, como Rio Preto da Eva e Iranduba – esta com belíssimas praias e bem na beirada de Manaus!

“O Novo” tem muito trabalho pela frente. E muitas chances de dar certo.

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