Espirro em Brasília causa pneumonia na ZFM por falta de comprometimento no Amazonas

Espirro em Brasília causa pneumonia na ZFM

Espirro em Brasília causa pneumonia na ZFM e isso ocorre há manjados 50 anos

As autoridades amazonenses são pegas de calça curta toda vez que a Zona Franca é ameaçada. A máxima de que “espirro em Brasília causa pneumonia no Amazonas” é coisa surrada dos altos aos baixos rios. São transcorridos 50 anos, entre fevereiro 1968 e este junho 2018, e o Estado continua dependente do modelo. É mais que um atestado de incompetência. É sinal de que os próximos 50 anos podem nos trazer mais do mesmo.

O resultado se reflete na Manaus inchada e o interior abandonado. É hora de cobrar e planejar o futuro com mais comprometimento.

Há alguns axiomas, quando se trata de administração, que não foram seguidos pelas autoridades amazonenses.

Governador do Amazonas, aliás, deveria passar por uma espécie de vestibular. Teria que responder, basicamente, às seguintes questões: Quais são suas alternativas à Zona Franca de Manaus? Qual cidade do interior ficou 100% estruturada após sua passagem pelo Governo? Quantos portos construiu? Quantas estradas foram abertas e asfaltadas?

Um letreiro, se fosse possível, deveria ser colocado bem na frente da sede do Governo, cobrando essas premissas. Talvez assim, o ocupante do cargo lembrasse que quatro anos são para realizar e não para deslumbramento.

Até aqui, porém, essa estruturação não ocorreu.

O vácuo deixa dúvida, na comunidade pensante, sobre a coincidência dos “maiores ataques” à ZFM ocorrerem em época de campanha. O desrespeito acaba se transformando em pretexto para pré-campanhas. Mas a brincadeira sempre acaba com um corte a mais nas vantagens comparativas, comprometendo o conjunto da obra. É como se o governo imaginasse que retirar uma unha não causasse dor.

Diminuir o Imposto de Importação (IPI) dos concentrados de refrigerantes, por exemplo, ameaça toda a estrutura da ZFM.

Aí cabe uma explicação técnica: o governo diminuiu o IPI de 22% para 4%. Então por que todos se alarmam, se o País anseia pela derrubada de impostos? Porque as indústrias instaladas em Manaus não pagam IPI e, assim, têm vantagem sobre as demais. Quando o imposto é derrubado nesse nível, a competitividade local cai, drasticamente. Pode não compensar o custo logístico para uma Coca-Cola ou uma Ambev. E lá se vão de 10 mil a 12 mil empregos.

O Governo Federal faz essas e outras porque os políticos choram, choram, mas, na prática, abandonam a ZFM à própria sorte. Basta ver como as ruas do modelo ficam entregues às baratas – ou aos buracos. Aquilo devia ser um jardim, literalmente, com ruas arborizadas por flores e plantas representativas da Amazônia.

O argumento já foi apresentado aqui, mas, não custa repetir: imagine executivo de multinacional, prospectando investimento de bilhões de dólares, entrando no pardieiro das ruas do distrito industrial. Vai puxar o freio e de freio em freio puxado lá se foram 50% do recorde histórico de empregos.

Emprego na ZFM significa plano de saúde, três refeições, transporte, tudo grátis. Desemprego atira a responsabilidade por isso tudo nas costas do erário. Cria crise. Aprofunda a pobreza.

Pior que tudo é a constatação de que a ZFM já era. O mundo, globalizado, competitivo, moderno e ágil não comporta esse modelo.

O que fazer? Basta inverter tudo o que aconteceu nos últimos 50 anos. Agir, no lugar de cruzar os braços. Usar o dinheiro oriundo do movimento gerado na economia para investir no resto do Estado. Quem sabe assim, Manaus e o Amazonas não se tornam atrativos mesmo sem conceder tantas vantagens a empresas multinacionais?

Os espirros (canetadas) em Brasília só causam pneumonias (desemprego, caos) no Amazonas por falta de comprometimento por aqui. O amazonense vai cobrar. A história já está cobrando.

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1 comentário

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  1. Henrique disse:

    Porra, Marcos, dissestes tudo!!