A agência de notícias britânica, a BBC, versão Brasil, divulgou nesta segunda-feira (18) uma foto e publicações feitas pela esportista britânica Emma Tamsin Kelty, 43, desaparecida no rio Solimões durante uma travessia pela Amazônia. Em sua última postagem na conta no Twitter, a estrangeira dizia “Uma mudança dramática em apenas um dia, mas o rio é assim mesmo. Cada quilômetro é diferente, e só porque uma área é ruim não significa que…”
O post foi publicado na madrugada da última quarta-feira (13), mesmo dia que o equipamento de rastreamento teve o sinal de emergência acionado, no seu caiaque. Desde o mês passado ela viajava pelo rio Amazonas, em uma jornada que começou no Peru e foi interrompida entre as cidades de Codajás e Coari, às margens do rio Solimões, com o desaparecimento dela.
No Instagram, Emma se apresenta como “a sexta mulher a chegar ao Polo Sul em expedição sozinha, em janeiro de 2017”. Ela também usava a rede social para documentar a viagem pelo Amazonas.
A britânica foi desestimulada a seguir o trajeto sozinha. Chegou a fazer piada da situação em um tuíte no último dia 10: “Em Coari ou perto (a 100 quilômetros acima do rio) meu barco será roubado e eu serei assassinada. Legal”.
Segundo escreveu em seu blogo, o plano era descer o rio “sem suporte ou assistência”. A postagem foi feita em 9 de agosto, quando ela ainda estava em Iquitos, no Peru. No fim do texto, disse que estava ciente das dificuldades, mas não tinha nenhum arrependimento. No dia 12, um dia antes de seu sumiço, Emma afirmou no Twitter ter avistado de 30 a 50 homens “armados de rifles e lanças” em barcos.
Investigação
Alguns objetos que pertenceriam a ela, como roupas e sapatos, foram encontrados na tarde da última sexta-feira (15) por militares do 9º Comando do Distrito Naval. Um caiaque idêntico ao das fotos em redes sociais também foi achado. Os pertences estavam em um banco de areia na comunidade Lauro Sodré, entre Codajás e Coari.
O material foi encaminhado à Polícia Civil, que abriu um inquérito para investigar o desaparecimento. Um policial próximo às investigações disse que o local onde Emma foi visto pela última vez é o mesmo onde um delegado de polícia desapareceu em dezembro passado. Thiago Garcez teria sido assassinado em conflito com traficantes de drogas que atuam no local – o corpo nunca foi localizado.
Os próprios comentários de Emma no Twitter sugerem que ela possa ter sido vítima das quadrilhas que atuam na área – como a mensagem em que disse ter visto dezenas de homens armados em embarcações.
Segundo o delegado adjunto da Polícia Civil, Ivo Martins, que seguiu hoje para Codajás com uma equipe da uma equipe da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), a linha de investigação que está sendo trabalhada é de um possível roubo, crime constante na região.
Ele não quis falar sobre a possibilidade de a britânica ter sido sequestrada por traficantes. Em 2010, a jornalista inglesa Helen Skelton percorreu 3.234 km do rio Amazonas em quase seis semanas. Mas ela não fez o percurso sozinha: um barco de apoio onde dormia, tomava banho e fazia as refeições a acompanhou durante todo o trajeto.
Em coletiva neste domingo, o delegado afirmou que a “área é complicada, se ela caiu no rio, os prognósticos não são bons, mas a gente acredita sempre que ela possa estar bem, a salvo, e a gente vai trabalhar para encontrá-la”, disse. A rota, segundo a política, tem movimentação de tráfico de drogas, mas não foram feitas ligações entre o desaparecimento da britânica e rota de traficantes.
Buscas
A Marinha do Brasil informou que vai concentrar as buscas no rio Solimões e que não previsão para terminar a operação. Segundo o capitão da Marinha, Paulo Veiga, as operações de busca e salvamento da britânica vão continuar com a participação de mergulhadores do Corpo de Bombeiros.
“A informação que nós temos é que ela estava fazendo essa atividade sozinha. O caiaque foi encontrado às margens do rio Solimões, após a aeronave avistar alguns objetos. Durante relatos de comunitários, eles contaram ter visto uma mulher em um caiaque descendo o rio Solimões”, explicou o capitão.
Os relatos de comunitários tem ajudado os trabalhos de investigação da polícia, mas outras informações não podem ser divulgadas para não atrapalhar a operação em curso.
A aeronave (ANV) N-7089 do 3º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-3) e o Navio-Patrulha Fluvial (NPaFlu) Amapá são usados na operação de busca e resgate, assim como a Capitania dos Portos está dando apoio à operação.
Por Marcos Santos
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