Morreu Nelson Mandela. Até o dia 15/12, período previsto para os funerais dele, a humanidade conhecerá melhor os feitos do mais influente político da era moderna, elevado à estatura de um Martin Luther King e responsável pela pavimentação do caminho que permitiu a Kofi Annan chegar à Secretaria-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e deu a Barack Obama os fundamentos dos dois mandatos presidenciais nos Estados Unidos.
Mandela teve, definitivamente, uma vida de roteiro de cinema. “Invictus”, de Clint Eastwood, estrelado por Morgan Freeman e Matt Damon, mostra como a personalidade forte dele foi capaz de influenciar as vidas sul-africanas e inspirar um “azarão” como o time nacional sul-africano de rugby, campeão mundial de 1995.
O poema, que dá título ao filme, sustentou Mandela na cela de cinco metros quadrados onde ficou, por 30 anos, cumprindo pena por conduzir seu povo na luta contra o Apartheid, a segregação racial, a odiosa separação entre brancos e negros na África do Sul.
A pedra de toque do mito, porém, foi o momento em que saiu da prisão. Muitos imaginaram que emergiria dali um homem carregado de ódio. Ele reapareceu pregando a paz e, assim, desarmou completamente os adversários.
Fidel Castro, pelo heroísmo da ação de guerrilha que tomou o poder em Cuba, amarrando as mãos dos donos da ilha, os Estados Unidos, torna-se o único mito da história humana ainda vivo. Mas traz na biografia as contradições derivadas do fato de ter derrubado a ditadura de Fulgencio Batista e imposto outra, sangrenta, na qual ele próprio se tornou ditador.
Mandela não. Deixa a vida e entra na história. Sem nenhum fato capaz de macular sua trajetória. Ele engrandece a política e é uma inspiração para os que veem a atividade como um modo de melhorar a humanidade.
Leve nossas preces e a mais profunda admiração.
Invictus (1875)*
William Ernest Henley
Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishment the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
Invictus (1875)
William Ernest Henley
Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável
Sob as garras cruéis das circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas continua erguida
Mais além deste lugar de lágrimas e ira,
Jazem os horrores da sombra.
Mas a ameaça dos anos,
Me encontra e me encontrará, sem medo.
Não importa quão estreito o portão
Quão repletade castigo a sentença,
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.
* O poema inspirou o livro “Playing the Enemy: Nelson Mandela e o jogo que fez uma Nação”, de John Carlin, que inspirou o filme Invictus.
Nelson Mandela foi um grande homem
que deixou um importantelegado para a África e para a humanidade.