Fórum das Águas

Há quatro anos, seguidos, realizamos em Manaus o Fórum das Águas. Este ano, na segunda-feira 09/04, nosso tema foi “Sustentabilidade e qualidade dos recursos hídricos de Manaus”. Vou contar uma coisa que o leitor não vai acreditar, mas é a mais pura verdade: Manaus, cidade banhada pelos rios Amazonas e Negro, não conseguiu até hoje resolver o problema do abastecimento d’água. Pior: o superintendente do Serviço Geológico do Brasil no Amazonas, Marco Antônio Oliveira, afirma que se não for feito algo, muito rapidamente, o lençol freático da capital amazonense, devido à excessiva pressão dos poços artesianos, vai rarear e até acabar.

A ciência mostra muito bem como as coisas funcionam. O lençol freático e os cursos d’água trocam “figurinha”. Quando o regime das águas é de enchente, os rios entregam água para o lençol freático; quando é de vazante, a mão se inverte. A água subterrânea, longe de mero instrumento para armazenar água de qualidade destinada aos condomínios de luxo, tem papel fundamental no equilíbrio ecológico.

Não é à toa que o 6º Fórum Mundial das Águas, em Marselha, França, mês passado, colocou o tema água entre os nove pontos chaves a serem debatidos na conferência Rio+20. “Água é a fonte de vida da floresta e vetor de desenvolvimento da cidade”, como disse o especialista em Recursos Hídricos e assessor do presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Marco José Melo Neves, um dos nossos palestrantes no IV Fórum das Águas.

Há muito o que fazer. O abastecimento de água está diretamente associado ao sistema de esgoto. No Amazonas, em Manaus o problema é grave e no interior é gravíssimo. Temos hoje 3,5 milhões de habitantes, segundo o IBGE, e os ecologistas alertam que a poluição ocorre no momento em que o meio ambiente não consegue mais dar vazão aos resíduos sólidos (lixo) produzidos pelo homem.

Claro que agora, com esse mundão de terra (1.559.161,682 km2), a maioria mato e água, onde as cidades ainda se perdem na imensidão, o risco parece pequeno. O Estado que oferece ao mundo o maior percentual de preservação da Floresta Amazônica, no entanto, corre o risco de sucumbir à falta de saneamento básico. Basta ver o esforço do Governo do Amazonas, através do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), para entender o tamanho do trabalho que teremos se não houver uma ação planejada para todo o Amazonas.

O Prosamim já retirou 13.863 famílias das margens de igarapés, recuperou áreas degradadas, construiu sete parques, com áreas verdes e de lazer, cinco conjuntos residenciais, 120 quilômetros de rede de esgoto, além de soluções viárias para Manaus. Já na fase 3, o programa chega à bacia do igarapé de São Raimundo para beneficiar diretamente 4.780 famílias, desapropriando mais 3.172 imóveis, construindo parques residenciais com 1.297 unidades habitacionais, melhorando a qualidade de vida de uma população que habita precariamente em região central da capital amazonense.

O litro da água é mais caro que o litro de gasolina. Hoje. Em qualquer esquina do Brasil e do mundo. É um bem vital para a humanidade. É por isso que, todos os anos, no mês de abril, fazemos em Manaus o Fórum das Águas.

Rebecca Garcia

Rebecca Garcia

* Rebecca Garcia (PP-AM) é deputada federal e vice-líder do Governo na Câmara Federal.

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