Incompetência ou achincalhe?

A diretoria da Amazonas Energia vem colocando à prova a capacidade de indignação do povo amazonense e seus dirigentes. Os apagões ocorridos em Manaus em menos de dois meses, nos dias 11 de novembro e 6 de janeiro, sob explicações pífias, colocaram em xeque a capacidade da empresa de oferecer o serviço esperado por uma cidade de 1,8 milhão de habitantes e detentora da 5ª economia do Brasil. Agora, com esse intervalo diminuindo para algumas horas, entre o domingo (18/03) e a segunda-feira (19/03), os apagões nos colocam o desafio de impor a condição de cidadãos brasileiros e exigir a demissão desses dirigentes. Que, aliás, já deviam ter pedido demissão, diante dos fatos que levam a opinião pública a duvidar da capacidade administrativa deles.

Estive hoje, em nome da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (CDC/Aleam), no  Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon), onde protocolizei novo pedido de multa à empresa. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) afirma que os serviços essenciais, onde se inclui o fornecimento de energia elétrica, não podem ser interrompidos. Defendo nova multa, além daquela de R$ 3 milhões, pelo apagão de novembro, porque se o usuário atrasa eles multam e devem ser apenados pela flagrante ofensa ao direito estabelecido.

Da mesma forma, fui ao Ministério Público Federal (MPF) pedir aos procuradores que iniciem apuração das responsabilidades técnico-administrativas e os procedimentos para punição dos envolvidos. E enviei à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pedido de investigação rigorosa sobre o que está acontecendo em Manaus.

A Amazonas Energia não é uma entidade amorfa, sem rosto, asséptica, desumana. Os apagões não podem estar ocorrendo porque, de uma hora para a outra, as conjunções meteorológicas ou astrológicas ou outra instância metafísica qualquer tenham resolvido se voltar contra as instalações da empresa. Deus, Todo Poderoso, não haveria de querer começar o Armagedon justo por Manaus.

Não aceito mais nenhum diálogo com a atual diretoria da Amazonas Energia. Os diretores da empresa brincaram com o Poder Legislativo do Amazonas, legítimo representante do povo desta terra, ao apresentar no plenário gráficos e mais gráficos, fotos e mais fotos, mostrando investimentos que garantiriam não haver mais o risco de apagão em Manaus. E eis que, segundo um dos diretores, uma linha de transmissão de alta tensão superaqueceu, derrubou o funcionamento de uma usina, no bairro da Cachoeirinha, e nas horas seguintes a capital amazonense inteira, além dos Municípios de Presidente Figueiredo e Iranduba, ficaram sem energia.

O açougueiro perdeu a carne. O sorveteiro viu derreter-se diante dos olhos o produto de anos de trabalho. O padeiro, que acreditou nas exigências ecológicas e trocou a lenha pela energia elétrica, não fez o pão. A multinacional prestes a se instalar na cidade enviou email aos seus dirigentes pedindo para segurar o investimento. Tudo por causa da instabilidade do nosso parque energético.

Isso é prejuízo em cadeia à economia, ao desenvolvimento, ao futuro de um Estado que faz sacrifícios para se juntar ao esforço do Governo da Presidenta Dilma Rousseff e dar dignidade ao seu povo.

Chega. A resposta que queremos agora não é a de um marketeiro na pele de diretor apresentando belos gráficos vazios de verdade. Chegou a hora de os melhores técnicos do País serem convocados e administradores diferentes ocuparem os postos desses que perderam a credibilidade.

O deputado Marcelo Ramos e outros colegas pedem CPI. É um caminho burocrático e demorado. Sugiro uma comissão formada pelos presidentes das comissões técnicas da Aleam para pressionar por medidas imediatas. A começar pela troca imediata da diretoria da Amazonas Energia.

Marcos Rotta

Marcos Rotta

* Marcos Rotta é deputado estadual, vice-presidente da Assembléia Legislativa e presidente da Com...

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4 comentários

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  1. Erika disse:

    Pergunta que não quer calar: estas multas astrônomicas são realmente cobradas e pagas? Ou é tudo um teatro?

  2. Sempre atento disse:

    Por incrível que pareça, em pleno século XXI ainda lidamos com problemas dessa natureza, falta energia e água na maior bacia hidrográfica do mundo.Grandes empresas só se instalam em um local se tiverem garantia de energia elétrica,quantas empresas já perdemos aqui? empregos diretos e indiretos? Manaus SUB SEDE DA COPA..dá prá acreditar? Trânsito caótico, camelôs em calçadas, mobilidade urbana zero, Manaus Moderna uma esculhambação total, sem água e agora sem energia!! Nem o fim do mundo temos condições de sediar.

  3. Julio Cezar L. da Silva disse:

    Parabéns Deputado, aos descrentes da política, onde me incluo, percebemos que ainda há luz no fim do túnel/que o senhor continue assim determinado defendendo os consumidores e distante dos escandalos e desvios de conduta que viraram moda na politica brasileira. És um dos ultimos.

  4. EUDES VENTURA disse:

    OLÁ MARCOS SANTOS! SEMPRE QUE POSSO ESTOU LIGADO NO PROGRAMA CBN MANAUS POIS É MUITO IMPORTANTE ESTÁ ATUALIZADO NOS ACONTECIMENTOS AQUI NA NOSSA CIDADE, NO BRASIL E NO MUNDO. UM ABRAÇO A VOÇE E AO RONALDO.

    RESPOSTA:
    Obrigado, Eudes. Valeu.