Amazonino assume revelando milagre, falando em ‘paz entre poderes’, ‘doce sacrifício’ e elogiando abstenção

O governador Amazonino Mendes acaba de tomar posse. O presidente da Assembleia Legislativa em exercício, Abdala Fraxe, ligou pra ele no fim da manhã, acertou o horário das 11h e pôs fim a uma novela que se arrastava por semanas.

Em vários momentos falando na terceira pessoa, o governador disse em seu discurso que a “perversidade está sepultada no espírito de Amazonino Mendes”, acrescentando que pretende “estabelecer um relacionamento de paz entre os poderes”, buscando atenuar a tensão com a cúpula da Assembleia Legislativa. “Governante que não respeita o Legislativo não é legal, da mesma forma que o Legislativo deve respeitar o Executivo”, disse.

O grupo ligado ao governador temporário David Almeida ainda tem esperanças de que o STF, num julgamento marcado para amanhã (05/10), anule a eleição suplementar do Amazonas. A suspensão da posse, pedida ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que deveria ser “julgada com urgência” pelo plantonista da corte, ministro Ricardo Lewandowski, acabou não acontecendo.

“Vou cumprir este pedaço de mandato com honra, decência, dignidade, grandeza de espírito e sobretudo espírito público. Não haveria nenhum sentido para um homem que perdeu um dos momentos mais amados, que é a convivência dos filhos, para se dedicar ao meu povo, à minha gente, fazer diferente”, disse.

Amazonino afirmou que aceita o “doce sacrifício, um sacrifício amado, querido, que agora coloca na nossa alma todas as rosas, sem espinhos, o sacrifício do amor pelo povo”, referindo-se ao quarto mandato de governador do Amazonas.

 

Milagre

Ao fazer menção ao Dia de São Francisco, hoje (04/10), Amazonino revelou um milagre. Doente de tinea, uma dermatofitose também conhecida como frieira, morando no Ceará, a mãe teria feito uma promessa a São Francisco. Na madrugada, durante o sono, ela teria recebido o aviso de que o filho estaria curado. Foi ao quarto e, realmente, o pequeno “Negão” se curara. São Francisco é também padroeiro de Eirunepé, cidade natal dele. “Todo esse tumulto em torno da minha posse foi apenas para que ela ocorresse no dia dele”, concluiu.
Abstenção, brancos e nulos

A enorme abstenção, nulos e brancos na eleição suplementar foi um “sinal extremamente positivo do povo brasileiro” para ele. “Ocorreria em qualquer lugar da Nação. É recado do povo. Além da eleição solteira, essa advertência é nacional. Esses eleitores, fora do processo através da eleição e do voto, imaginam que os políticos exterminaram com o Brasil. Não é verdade. Há uma clara evolução sociológica e política e esses políticos, que antes eram obrigados a governar no padrão existente, estão livres para governar com a grandeza necessária. Eu os acolho (os que se abstiveram) de braços abertos. Vamos governar juntos”, afirmou.

Amazonino filosofou. Ele citou o escritor Gore Vidal, na obra “Criação”. “Houve um encontro de filósofos invejosos com Confúcio, na Velha China, que perguntaram: ‘É verdade que se deve pagar o mal com o bem?’. E ele respondeu: ‘E o bem, como é que se paga?’. Você perdoa quem fez o mal, mas quem lhe fez o bem torna-se dono de você”, enfatizou, para declarar “eterna gratidão ao povo do Amazonas”.

O governador finalizou agradecendo ao vice, Bosco Saraiva, pelo gesto “estoico” (aceita sacrifício com resignação) de assumir o cargo de secretário de Segurança.

“Agora é arregaçar as mangas e lutar, trabalhar”, concluiu.

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