Manaus e mais sete municípios em Estado de Emergência no combate ao Aedes aegypti

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Governo e Prefeitura de Manaus divulgaram um plano de ação conjunta para evitar uma epidemia de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Foto: Alex Pazuello/Semcom

Manaus e mais sete municípios do Amazonas entram em Estado de Emergência Preventivo no combate ao mosquito Aedes aegypti – responsável por transmitir a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus, esse último relacionado ao surto de microcefalia no Nordeste do Brasil, conforme confirmação do Ministério da Saúde.

Nesta quarta-feira (02/11), o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, e o governador do Estado, José Melo, além de técnicos da área da saúde, divulgaram um plano de ação conjunta para evitar que uma epidemia, sobretudo do zika vírus, se manifeste na região. Os dados quanto ao controle da proliferação do mosquito foram divulgados, em entrevista coletiva, na sede do Governo, localizado na avenida Brasil, zona Oeste da capital.

“Estamos buscando uma interação para, assim como vencemos a cólera, ainda em meados dos anos 90, também vencermos o Aedes aegypti, eliminando a possibilidade de um aumento significativo nos casos de microcefalia”, destacou o prefeito, “O nosso entrosamento com o governo é perfeito e não tenho dúvidas que teremos total ajuda do Governo Federal e das Forças Armadas”, completou.

De acordo com o governador José Melo, recursos da ordem dos R$ 9 milhões serão repassados pela União aos governos estadual e municipal para o fortalecimento das ações contra o mosquito transmissor. “Esse será um trabalho muito parecido com o que os pais fazem para educar seus filhos, envolvendo a participação efetiva das famílias e com políticas públicas direcionadas para ajudar no processo. É dessa mesma maneira, com cada um fazendo seu papel, que vamos conseguir vencer o mosquito”, apontou. “Todos devem fiscalizar e não deixar água parada em suas residências”, alertou Melo.

Dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) revelaram que este foi o ano em que houve o maior surto de dengue no Brasil, com aumento 176% dos casos, em relação a 2014, resultando em 811 óbitos. Entretanto, no Amazonas foi registrada uma redução de 36,7% no número de casos e 75% menos óbitos relacionados à doença.

Já a febre chikungunya, que se introduziu no país no ano passado, apresenta 152 casos notificados no Amazonas, sendo confirmados apenas 12 e outros 65 estão em investigação. Enquanto o zika vírus, que já está presente em 19 estados brasileiros, no Amazonas apresenta oito casos notificados, com um confirmado.

“A nossa maior preocupação é porque o zika se manifesta quase que assintomaticamente ou de forma bem suave por meio de febre baixa, conjuntivite,  uma certa dor articular e, o que mais chama atenção, com manchas avermelhadas pelo corpo”, descreveu o diretor presidente da FVS, doutor Bernardino Albuquerque.

Ainda segundo o especialista, a microcefalia já atingiu 1,5 mil crianças no Brasil, manifestando-se com uma dimensão inferior do cérebro e podendo levar à morte ou perdas significativas da capacidade cognitiva e do desenvolvimento da criança.

“Criamos algumas estratégias de monitoramento da microcefalia, instalando unidades sentinelas no Hospital Pronto-Socorro 28 de Agosto, Fundação de Medicina Tropical, Hospital da Criança e Hospital Adventista para monitorar a incidência de casos. Além disso, criamos o Comitê de Prevenção da Microcefalia que, entre outras ações, já está monitorando os sintomas do zika vírus em gestantes, possibilitando às unidades de saúde municipais e estaduais a notificação imediata dos casos, bem como a capacitação dos profissionais de saúde”, concluiu Bernardino Albuquerque.

Estratégias e ações de controle

A principal estratégia que será adotada para evitar uma epidemia por zika vírus em Manaus e nos demais municípios amazonenses será o combate ao mosquito Aedes aegypti. Por isso, as ações de controle serão intersetoriais, priorizando a eliminação de criadouros e do mosquito adulto, além de grande mobilização social.

“Sem a ajuda da população não será possível vencer essa guerra. Por isso o enfoque das nossas campanhas tem sido “Dez Minutos Contra a Dengue”, esse é o tempo que cada cidadão deve dedicar, pelo menos, semanalmente para fazer monitoramento de criadouros na sua residência”, explicou o secretário municipal de Saúde (Semsa), Homero de Miranda Leão.

Além das secretarias de Saúde do estado e municípios, também serão envolvidas as secretarias de Educação, Infraestrutura e Limpeza Urbana, além de instituições parceiras e da sociedade civil. “Pela primeira vez o país vive a iminência de uma epidemia tríplice e de gravidade estrema, causada por um único mosquito. O que assusta ainda mais é a relação do zika vírus aos casos de microcefalia. O mosquito transmissor está presente em todos os lugares, o que não é motivo de pânico, mas precisamos estar atentos e assumir nossa responsabilidade”, reforçou o secretário de estado de Saúde (Susam), Pedro Elias.

Mais números

Aproximadamente 34 dos 62 municípios que compõem o Amazonas têm a presença do mosquito Aedes aegypti, conforme aponta o balanço feito em novembro pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS). Esse último mapeamento também mostrou que Guajará e Lábrea são os municípios com maior risco epidemiológico. Em Manaus, os bairros do Zumbi e do Armando Mendes, ambos na zona Leste da cidade, apresentam maior risco pela grande presença do mosquito.

De modo geral, Manaus apresenta médio risco para a transmissão de dengue, zika vírus e febre chikungunya, de acordo com o Levantamento Rápido de Índice de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa). A capital amazonense vem mantendo estabilidade no risco de transmissão e queda no índice de infestação predial. O levantamento foi feito entre 9 e 25 de novembro e no mesmo período do ano passado demonstrou que o índice na capital era de 2,9, o dobro do que a cidade apresenta hoje, apesar de se manter na faixa de médio risco.

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