
InfoGripe alerta para alta expressiva de casos de Síndrome Respiratória Aguda
Divulgado nesta quinta-feira (12/6), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz chama atenção para o fato de que este ano, até o momento, o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) no país tem sido consideravelmente maior do que o observado nos dois últimos anos.
Entre as semanas epidemiológicas 19 e 22, o número de casos de SRAG quase dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, registrando um aumento de 91%. Essa alta atípica de ocorrências se concentra principalmente nos estados das regiões Centro-Sul. A influenza A e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) têm causado o maior número de hospitalizações por SRAG, que seguem aumentando em boa parte do país.
Apenas em alguns estados (Acre, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo) e no Distrito Federal, o estudo já começa a verificar um sinal de interrupção do crescimento ou início de diminuição de casos. No entanto, a incidência de hospitalizações por SRAG nessas regiões continua muito elevada. A análise é referente à Semana Epidemiológica (SE) 23, de 1º a 7 de junho.
Programa
Pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e do InfoGripe, Tatiana Portella destaca a influenza A que têm causado o maior número de casos de SRAG no país, afetando todas as faixas etárias, mas com maior impacto nos idosos. Além disso, o VSR também tem contribuído para a alta de casos de SRAG no país, sendo este a principal causa de hospitalização de crianças pequenas.
“Por isso, a gente reforça a importância da vacinação contra a gripe. Essa é a principal forma de prevenir casos graves e óbitos da doença. Com uma boa cobertura vacinal, conseguimos diminuir esse número de hospitalizações no país”, afirma a pesquisadora. Portella também recomenda etiqueta respiratória em caso de aparecimento de sintomas de gripe ou resfriado, além do uso de máscaras dentro de postos de saúde e locais fechados com muita aglomeração de pessoas.
O Boletim constatou a manutenção do crescimento de influenza A na maior parte dos estados das regiões Centro-Sul e Nordeste, e em parte da região Norte, com níveis de incidência variando de moderado a muito alto. Jovens, adultos e idosos são as populações mais afetadas. No entanto, já há sinais de interrupção do aumento ou início de queda nos casos, especialmente entre os idosos, no Norte (Amazonas, Pará, Tocantins) e no Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul), embora esses estados ainda apresentem patamares elevados de incidência.
Casos
Os casos de SRAG em crianças pequenas, associados ao VSR, também seguem em crescimento na maior parte do país. Contudo, já é possível observar sinais de interrupção do aumento ou início da queda em alguns estados do Centro-Oeste (Distrito Federal e Goiás, Sudeste (São Paulo e Espírito Santo) e no Norte (Acre). Ainda assim, os níveis seguem elevados nessas regiões.
Estados e capitais
A análise indica que 21 das 27 unidades federativas apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo. São essas: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.
O Acre, o Tocantins, o Mato Grosso do Sul, o Espírito Santo e o Distrito Federal também apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, porém com tendência de queda ou estabilidade nas últimas semanas. Esse quadro está relacionado à interrupção do crescimento ou a redução dos casos de SRAG associados ao VSR no Acre, Tocantins, Distrito Federal e Espírito Santo, assim como à diminuição dos casos relacionados à influenza A no Mato Grosso do Sul e no Tocantins.
Atualização
A atualização também verificou que 17 das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Aracaju (Sergipe), Belo Horizonte (Minas Gerais) Boa Vista (Roraima) Brasília (Distrito Federal), Curitiba (Paraná), Florianópolis (Santa Catarina), Goiânia (Goiás), João Pessoa (Paraíba), Macapá (Amapá), Maceió (Alagoas), Manaus (Amazonas), Natal (Rio Grande do Norte), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Porto Velho (Rondônia), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Salvador (Bahia) e São Luís (Maranhão).
Os casos de SRAG em crianças de 2 até 4 anos seguem em crescimento nas cidades de Aracaju (Sergipe), Belo Horizonte (Minas Gerais), Boa Vista (Roraima), Curitiba (Paraná), Florianópolis (Santa Catarina), Goiânia (Goiás), João Pessoa (Paraíba), Maceió (Alagoas), Manaus (Amazonas), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Porto Velho (Rondônia), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) e Salvador (Bahia).
Idosos
Em relação aos idosos, observa-se um aumento em Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Além disso, Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Porto Velho, Rio de Janeiro e São Luís também apresentam tendência de crescimento na população de jovens e adultos.
Ano epidemiológico
Em 2025, já foram notificados 93.779 casos de SRAG, sendo 47.343 (50,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 32.264 (34,4%) negativos, e ao menos 7.893 (8,4%) aguardando resultado laboratorial. Entre os casos positivos do ano corrente, 24,5% são influenza A; 1,1% são influenza B; 45,1% são VSR; 22,3% são rinovírus; e 9,9% são Sars-CoV-2 (Covid-19). Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 40% para influenza A; 0,8% para influenza B; 45,5% para vírus sincicial respiratório; 16,6% para rinovírus; e 1,6% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos nesse mesmo período foi de 75,4% para influenza A; 1% para influenza B; 12,5% para VSR; 8,7% para rinovírus; e 4,4% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
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