Pesquisa do CNJ liga crimes ambientais e caminho do dinheiro na Amazônia

Pesquisa do CNJ liga crimes ambientais e caminho do dinheiro na Amazônia

Levantamento mostra relação de corrupção e lavagem de dinheiro com a degradação do bioma (Foto: Divulgação/Greenpeace Brasil)

Um novo relatório, fruto de uma pesquisa de quase dois anos conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação Brasileira de Jurimetria (ABJ) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), expõe a devastadora realidade por trás da destruição ilegal da Floresta Amazônica. O estudo, intitulado “Crimes Ambientais na Amazônia Legal”, revela uma teia intricada de crimes que visam benefícios econômicos mútuos, alimentada por uma rede complexa de corrupção, lavagem de dinheiro e atividades ilegais.

Redes de Crime e Exploração

De acordo com o relatório, a degradação ambiental na Amazônia está ligada diretamente à exploração ilegal de recursos naturais, incluindo desmatamento, garimpos ilegais e grilagem de terras. Essas atividades são frequentemente viabilizadas por meio de uma série de estratégias criminosas, incluindo o uso de “laranjas” para ocultar os verdadeiros responsáveis pelos delitos e suas fontes de financiamento.

Novas Dinâmicas Criminosas

Além disso, o avanço de facções criminosas ligadas ao narcotráfico na região amplifica a complexidade e a sofisticação das infrações ambientais já existentes. Um fenômeno destacado na pesquisa é o surgimento do “narcomadeireiro”, que utiliza estruturas do comércio ilegal de madeira para o transporte de drogas, revelando uma interconexão alarmante entre diferentes atividades criminosas.

Ciclo Lucrativo da Destruição

O relatório identifica um padrão lucrativo que segue a destruição da floresta: após a invasão de terras públicas e o desmatamento ilegal, a madeira é vendida, a área é transformada em pasto para gado e, por fim, a terra é comercializada. Esse ciclo de exploração ilícita é sustentado por uma série de atores, incluindo fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e até mesmo empresas agropecuárias.

Uso de “Laranjas”

Uma das estratégias-chave para encobrir os crimes é o uso generalizado de “laranjas”, indivíduos que figuram como proprietários legais para esconder os verdadeiros beneficiários das atividades ilegais. Em alguns casos extremos, como no Amapá, ocorre até mesmo o comércio de documentos de identificação, onde pessoas de baixa renda vendem seus CPFs para integrar esquemas criminosos.

Desafios e Recomendações

A conselheira do CNJ, Daniela Madeira, destaca a necessidade urgente de fortalecer as investigações para identificar não apenas os “laranjas”, mas rastrear o fluxo de financiamento por trás dos crimes ambientais. O relatório também ressalta a importância de políticas públicas específicas e da cooperação entre autoridades para combater efetivamente essas práticas criminosas.

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