Série de podcasts aborda importância da vacinação em territórios ribeirinhos, quilombolas e de migrantes

Foto: Divulgação

O Projeto Amazônia Solidária – Mais Vacina, Mais Saúde, da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e a Fiocruz Amazônia, desenvolveu com as comunidades quilombolas, ribeirinhas e migrantes de diferentes territórios do Amazonas e Acre produtos de comunicação resultantes das oficinas de educação e comunicação em saúde. Um desses produtos foi uma série de 11 podcasts feitos pelas próprias comunidades, nove dos quais passam a ser disponibilizados no Canal do ILMD/Fiocruz Amazônia no YouTube.

A série, intitulada Mais Vacina Mais Saúde, realizou diversas entrevistas em comunidades, além de conversas em estúdio, gerando episódios que, a partir de agora, podem ser conferidos na página da Fiocruz Amazônia, abordando os desafios da Atenção Básica nos territórios, os prejuízos causados pelas fake news e a importância da vacinação.

O projeto, executado ao longo de 2023, realizou também a entrega de produtos de comunicação resultantes das oficinas nas comunidades, junto às equipes de Saúde da Família dos municípios – no total, 17 municípios no Amazonas e Acre estiveram envolvidos. As comunidades receberam kits contendo peças como bingos, folderes, cartilhas sobre vacinação, jogo da memória, cartazes, entre outros.

Os podcasts também foram divulgados nas comunidades por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, utilizado com frequência nas localidades que dispõem de antenas de operadoras de celular. Os podcasts revelam ainda os desafios enfrentados pelos comunitários para desenvolver essas produções e o que se buscou através delas.

Construção coletiva

A jornalista e educomunicadora Eneida Marques, consultora em Comunicação do Amazônia Solidária, explica que as estratégias de participação social e metodologias de educação popular em saúde, utilizadas no projeto, fizeram a diferença, do ponto de vista dos resultados, com os produtos de comunicação criados e executados pelas comunidades, durante as oficinas, num processo de construção coletiva. “Eles gravaram em pequenos áudios entrevistas, com roteiros feitos por eles mesmos, apenas seguindo a intuição do que é mais importante divulgar sobre o tema das vacinas”, conta Eneida.

Segundo ela, no processo de criação dos produtos de áudio – os chamados podcasts para WhatsApp –, houve várias descobertas. “A principal descoberta feita pelos comunitários foi a de que é possível comunicar para a comunidade de forma simples, utilizando o seu próprio celular e sua livre criatividade, e os entrevistados, as fontes de informação, foram médicos, enfermeiros, líderes comunitários, agentes comunitários de saúde (ACS), trabalhadores da comunidade, ou seja, pessoas que dominam o assunto, atuam no atendimento diário às pessoas e têm a confiança da comunidade”, explica, lembrando que o grande desafio, até por conta dos meios simples de captação dos áudios, foi dar qualidade a esses materiais. “Nesse aspecto, contribuímos na edição dos áudios e na limpeza da qualidade do som”, revela.

Popularização

O podcast é um conteúdo em áudio, disponibilizado através de um arquivo ou streaming, que conta com a vantagem de ser escutado sob demanda, quando o usuário desejar. Pode ser ouvido em diversos dispositivos, o que ajudou na sua popularização, e costuma abordar um assunto específico para construir uma audiência fiel.

O coordenador do Projeto Amazônia Solidária, o pesquisador da Fiocruz Amazônia, Júlio César Schweickardt, defende que o projeto abriu um leque de oportunidades para que as comunidades fizessem a sua própria comunicação, reunindo apoiadores locais, facilitadores e coordenadores de área. “Foi uma forma também de avaliar as experiências, identificando os pontos fortes e fracos e sobretudo se houve mudança no quadro vacinal”, explica Schweickardt, salientando que o projeto utilizou o conceito de comunicação de base popular.

“É a comunicação que acontece na conversa entre vizinhos, na mensagem transmitida pelas rádios comunitárias, nos grupos de WhatsApp, entre agentes de saúde com os seus comunitários. Por isso, o projeto se propôs a pensar numa comunicação que partisse da comunidade e não uma comunicação vertical, que vem pronta do Ministério da Saúde, do Governo do Estado ou da Secretaria Municipal. Pensamos numa comunicação que pudesse atingir as pessoas a partir de uma linguagem local, que as pessoas entendem. Por isso que muitos dos materiais produzidos, como podcasts, vídeos e material informativo, terem sido feito com a participação das pessoas das comunidades, que são os protagonistas nesse processo”, define o pesquisador.

O projeto contou com o apoio do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas (Cosems-AM) e do Acre (Cosems-AC).

Confira os podcasts Mais Vacina Mais Saúde:

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