Uma inspeção judicial na Delegacia de Polícia do Município de Carauari (a 787 quilômetros de Manaus), terça-feira (06/02), terminou em prisão. O delegado Regis Cornelius Celeghini Silveira, titular da 65ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), chegou ao local filmando, desafiando e acusando o juiz da Comarca, Jânio Tutomu Takeda. Takeda deu voz de prisão a Silveira, por desacato, mas a ordem só foi cumprida hoje (08/02), quando a Secretaria Estadual de Segurança (SSP) enviou dois delegados especiais ao Município.
Veja, ao final desta matéria, os vídeos feitos pelo delegado e os documentos, como mandado de prisão e a denúncia do delegado ao juiz, feita ao Ministério Público Estadual do Amazonas (MPAM). Veja também a nota da Associação dos Magistrados do Amazonas (Amazon), em defesa do juiz.
O delegado é concurseiro, aprovado no último concurso da Polícia Civil. Tomou posse definitiva no último dia 15/01.
Determinação do CNJ
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determina que inspeções judiciais em delegacias ocorram mensalmente. Takeda estava cumprindo a determinação, quando ocorreu o incidente.
O juiz formalizou o mandado de prisão. Acusa o delegado de desacato, denunciação caluniosa, desobediência a ordem judicial, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e obstrução ao livre exercício da atividade judiciária.
O secretário estadual de Segurança, Vinícius Almeida, enviou a Carauari dois delegados, que efetuaram a prisão de Silveira. Ele será conduzido à capital, amanhã (09/02), e ficará preso, à disposição da Justiça, na Delegacia Geral da Polícia Civil.
O corregedor Geral do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargador Jomar Fernandes, instaurou processo investigativo. Quer apurar as acusações feitas pelo delegado e a prisão determinada pelo juiz.
A principal acusação de Silveira a Takeda é que este teria autorizado o uso de celular a um preso, que usava como doméstico dele.
O delegado também formalizou as acusações ao MPAM. Diz, no documento, que a postura do magistrado lhe rendeu os apelidos de “Coronel”, “Xandão” e “Xogum” no Município. Mas, no final, o relato conclui: “Embora essa narrativa seja bastante verossímil, não foi possível ao delegado checar sua exatidão visto que precisaria de uma ordem do Tribunal de Justiça do Amazonas para realizar uma investigação”.
O delegado publicou no TikTok os vídeos do momento em que recebeu voz de prisão e, mais tarde, numa rede, tranquilizando amigos e familiares, dizendo que estava tudo bem, em postura desafiadora.
Veja o vídeo feito pelo delegado, no momento da inspeção à delegacia:
Veja agora o vídeo em que o delegado diz estar tudo bem, em posição desafiadora:
Juiz prende delegado:
O delegado reagiu enviando ao MPAM acusações contra o juiz, mas afirmando que não pode comprová-las porque sequer iniciou investigação. Clique aqui para ler
A Associação dos Magistrados do Amazonas (Amazon) reagiu em defesa do juiz. Veja a nota:
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