Mostra de filmes do ‘Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba’ chega ao streaming nesta sexta (17)

Filme “Sete anos em maio”, de Affonso Uchôa. Foto: Divulgação

Na sexta-feira, 17/11, a Itaú Cultural Play recebe em seu catálogo um recorte com seis filmes nacionais, de curta e longa-metragem de variadas edições do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. São eles: “Chão de fábrica”, de Nina Kopko; “Carne”, de Mariana Jaspe; “Sete anos em maio”, de Affonso Uchoa; “A noite amarela”, de Ramon Porto Mota; “Meu corpo é político”, de Alice Fanny Riff, e “As hiper mulheres”, de Takumã Kuikuro, Leonardo Sette e Carlos Fausto.

Entre ficção, terror, drama e documentário, as produções selecionadas pela curadoria do festival curitibano dão uma amostra da diversidade criativa do cinema brasileiro. Os filmes ficam disponíveis na plataforma por 18 meses e podem ser acessados gratuitamente em todo o país em www.itauculturalplay.com.br e dispositivos móveis Android e IOS.

Filmes premiados

Inspirado na peça “O pão e a pedra”, da Companhia do Latão, o drama de curta-metragem “Chão de fábrica” (SP), de Nina Kopko, conquistou mais de 20 prêmios no Brasil e exterior, como o de Melhor Curta Brasileiro da mostra competitiva e menção honrosa no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, em 2021.

O filme se passa no período de greves do ABC Paulista em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, em 1979. No banheiro de uma fábrica durante o horário de almoço, as personagens Alice, Helena, Carol e Joana revelam diferentes perspectivas femininas dentro do sistema fabril da época. Entre marmitas e conversas, as operárias acabam discutindo um futuro político e o que seria um dia normal de trabalho, acaba por trilhar caminhos inesperados.

Derrubando as barreiras entre o documental e o ficcional, a partir do olhar detalhado do diretor Affonso Uchôa, “Sete anos em maio” (MG) denuncia a violência, a corrupção e a tragédia social brasileira. O filme narra a história real do jovem Rafael, que, em uma noite de maio, foi sequestrado por policiais. Raptado na porta de sua casa, o rapaz foi friamente torturado com a falsa alegação de estar escondendo entorpecentes. A partir deste dia, a vida dele nunca mais foi a mesma.

Esta produção teve menção honrosa do Júri no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba de 2019, além de ser exibido e premiado em festivais de outros países.

Terror na IC Play

Trazendo o terror para a plataforma de streaming, a mostra exibe “Carne” (RJ), de Mariana Jaspe. É considerado o primeiro curta-metragem brasileiro do gênero dirigido e protagonizado por pessoas negras. Em uma noite de verão, na piscina de um casarão, um casal tem uma discussão calorosa. Quando um deles entra na residência, o outro é surpreendido por Àmân, figura misteriosa e infantil, com um apetite voraz.

A obra se destaca pela qualidade da fotografia e rendeu à atriz Jeniffer Dias o prêmio de melhor atriz no Festival Internacional de Cine Fantástico de Mar Del Plata. O filme de 2018 foi selecionado em mais de 30 festivais ao redor do mundo. No mesmo ano da estreia, foi selecionado para concorrer na mostra competitiva de curtas-metragens na 7ª edição do Olhar de Cinema de Curitiba.

O outro filme de terror que compõe o recorte na IC Play é “A noite amarela” (PB), de Ramon Porto Mota. A obra conta a história de um grupo de adolescentes que viaja para uma casa de praia em uma ilha do nordeste brasileiro para celebrar o fim do ensino médio. O clima de festa se desfaz aos poucos ao perceberem que a praia guarda algo sobrenatural e ameaçador, onde a sensação de medo cerca o grupo. O filme concorreu na mostra Novos Olhares, do Festival Internacional de Curitiba em 2019, mesmo ano de seu lançamento.

Documentários

Para fechar esta seleção eclética de filmes, há também dois documentários. O primeiro, “Meu corpo é político” (SP), dirigido por Alice Fanny Riff, traz personagens com diferentes histórias e profissões, cujos pontos em comum são a transgeneridade e serem da periferia.

O filme estreou na Suíça em 2017 no Visions du Réel, um dos mais importantes festivais de documentários do mundo. Além disso, a obra, que levanta diferentes questões sobre a cultura e a luta LGBTQIA+, venceu no mesmo ano o prêmio de Melhor Filme Brasileiro no Olhar de Cinema, em Curitiba.

Considerado um dos filmes indígenas mais premiados e celebrados do Brasil, “As hiper mulheres” (2011), dirigido por Takumã Kuikuro, Leonardo Sette e Carlos Fausto, faz um mergulho na cultura dos indígenas Kuikuro, no Mato Grosso. Ele conta a história de uma anciã, que por estar muito doente, faz o último pedido ao companheiro para cantar no Jamurikumalu, maior ritual feminino do Alto Xingu.

A produção revela com sensibilidade e olhar aguçado, a importância e a força das mulheres dentro desta comunidade, além de fazer uma viagem antropológica ao mostrar a beleza deste ritual feminino ancestral.

Serviço

Chão de fábrica
(São Paulo, 2021)
Direção: Nina Kopko
Duração: 24 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (Drogas lícitas e linguagem imprópria)

Sete anos em maio
(Minas Gerais, 2019)
Direção: Affonso Uchôa
Duração: 42 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 14 anos (Violência, drogas ilícitas e temas sensíveis)

Carne
(Rio de Janeiro, 2018)
Direção: Mariana Jaspe
Duração: 12 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 16 anos (Medo, linguagem imprópria e violência)

A noite amarela
(Paraíba, 2019)
Direção: Ramon Porto Mota
Duração: 100 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (Drogas lícitas, linguagem imprópria e violência)

Meu corpo é político
(São Paulo, 2017)
Direção: Alice Riff
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (Conteúdo sexual e drogas lícitas)

As hiper mulheres
(Pernambuco, 2011)
Direção: Takumã Kuikuro, Leonardo Sette e Carlos Fausto
Duração: 79 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 10 anos (Conteúdo sexual)

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