Mostra Djalma Limongi Batista, na Itaú Cultural Play, exibe três filmes do cineasta amazonense

Djalma Limongi Batista morreu em fevereiro deste ano. Foto: Divulgação

A Itaú Cultural Play exibe, na próxima segunda-feira (9/10), a Mostra Djalma Limongi Batista, no mês de nascimento do roteirista e diretor de cinema e teatro amazonense. Nascido em Manaus em 9 de outubro de 1947, ele morreu em São Paulo em fevereiro deste ano.

A mostra reúne três dos principais longas-metragens da carreira de Limongi: “Asa Branca: um sonho brasileiro” (1981), “Brasa Adormecida” (1986) e “Bocage: o triunfo do amor” (1997). Os filmes podem ser acessados gratuitamente pelo site www.itauculturalplay.com.br e dispositivos móveis Android e IOS.

Limongi cresceu entre os antigos casarões portugueses de Manaus, onde criou proximidade com o cinema ao ter acesso às chanchadas produzidas pela empresa cinematográfica Atlântida, filmes de Hollywood e da produtora brasileira Vera Cruz, que se destacou no mercado cinematográfico nos anos 1950. Em 1960, realizou o seu primeiro curta-metragem amador, “As letras”, gravado com uma câmera de 8mm trazida dos Estados Unidos pelo pai.

Começou a cursar cinema em 1964, na Universidade de Brasília (UNB). Com o fechamento da instituição pelo regime civil-militar, mudou-se para São Paulo. Em 1968 ingressou na primeira turma do curso de cinema da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

Ele estreou oficialmente no cinema com o curta-metragem “Um clássico, dois em casa, nenhum jogo fora”, em 1968. O filme é apontado como a primeira produção cinematográfica a abordar com seriedade e respeito o tema da homossexualidade. No mesmo ano de sua realização, a obra foi vista no Festival do Cinema Amador do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, e recebeu os prêmios de melhor filme, direção, argumento e ator, para Eduardo Nogueira.

A mostra

Durante a década de 1980, São Paulo se tornou o polo de produção cinematográfica do país, com a realização de filmes de temas diversos, levando os diretores a se relacionarem com outros gêneros. Neste contexto, Djalma lançou “Asa Branca: um sonho brasileiro” (1981), o seu primeiro longa-metragem de ficção.

“Asa Branca: um sonho brasileiro”. Foto: Divulgação

A obra conta a história do zagueiro Ruy Santos, conhecido como Asa Branca. Jogador de futebol do interior de São Paulo, ele partiu para a capital determinado a realizar seus sonhos. Assim, tornou-se um craque nacional e chegou à seleção que competiu na Copa de 1970 e se tornou tricampeã no México, ao derrotar a Itália por 4×1. No entanto, dividido entre o desejo de realizar seus objetivos profissionais e a sua difícil realidade, o futebolista passou por uma série de dramas e desafios pessoais.

Em 1981, “Asa Branca: um sonho brasileiro” participou do Festival de Brasília e levou os prêmios de melhor diretor, ator e ator coadjuvante. O elenco contou com Edson Celulari, Eva Wilma e Walmor Chagas, entre outros. Com um roteiro de temática considerada delicada para a época – a homossexualidade –, se tornou um dos principais filmes da carreira do diretor.

O segundo filme que compõe a mostra dedicada a Djalma Limongi na IC Play é “Brasa Adormecida”, de 1986. Este, é uma homenagem a “Braza dormida”, realizado em 1928 por um dos pioneiros do cinema nacional, Humberto Mauro (1897-1983).

“Brasa Adormecida”. Foto: Divulgação

A comédia romântica traz um triângulo amoroso entre Bebel, personagem de Maitê Proença, filha de um rico almirante que vai se casar com seu primo Toni, interpretado por Paulo César Grande. Pouco antes do dia do casório, aparece Ticão, outro primo vivido por Edson Celulari. Sua repentina presença acende antigas memórias e o triângulo amoroso que os uniu durante a adolescência.

A história se passa durante a presidência de Juscelino Kubitschek (1902-1976), entre as décadas de 1950 e 1960, período em que o Brasil deixava de ser um país rural para se tornar uma nação urbanizada. A bossa nova, que embalava a cena musical da época, foi levada por Limongi ao filme pela trilha sonora assinada por Tom Jobim (1927-1994).

O terceiro e último filme a ser exibido é “Bocage: o triunfo do amor”. Realizado em 1997, é a última ficção de Limongi no cinema. Inspirado na figura de um dos maiores poetas portugueses Manuel Maria Barbosa du Bocage (1975-1805), aborda temas específicos da vida do escritor, como o amor erótico, a amizade, a religião, a liberdade e a língua portuguesa. Suas ideias libertárias e polêmicas, assim como seus versos eróticos e arrebatadores, tiraram esta obra do cinema convencional para submetê-lo a uma narrativa poética.

“Bocage: o triunfo do amor”. Foto: Divulgação

Victor Wagner, Viétia Rocha, Majô de Castro, Francisco Farinelli, Gabriela Previdello formam o elenco que deram vida a este drama. Em 1997, ele levou o prêmio especial do júri no Festival de Gramado.

Serviço

Mostra Djalma Limongi Batista
De 9 de outubro (segunda-feira) a 9 de abril de 2024
Em www.itauculturalplay.com.br
Gratuito

Asa Branca: um sonho brasileiro
(São Paulo, 1981)
Duração: 135 min
Elenco: Edson Celulari, Eva Wilma, Walmor Chagas, Gianfrancesco Guarnieri, Rita Cadilac
Classificação indicativa: para maiores de 16 anos (Conteúdo sexual, nudez, violência e consumo de droga lícita)

Brasa Adormecida
(São Paulo, 1986)
Duração: 105 min
Elenco: Edson Celulari, Maitê Proença, Paulo Cesar Grande, Anselmo Duarte, Ilka Soares
Classificação indicativa: para maiores de 10 anos (Linguagem imprópria)

Bocage: o triunfo do amor
(São Paulo, 1997)
Duração: 85 min
Elenco: Victor Wagner, Viétia Rocha, Majô de Castro, Francisco Farinelli, Gabriela Previdello
Classificação indicativa: para maiores de 16 anos (Conteúdo sexual, nudez, violência e linguagem imprópria)

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