Cardiologista aponta aumento do risco de doenças cardiovasculares com a piora da qualidade do ar na Amazônia

Manaus está em alerta com a piora da qualidade do ar devido à fumaça das queimadas e incêndios florestais. As imagens de satélite mostram uma cidade coberta por uma densa camada névoa branca. Há relatos em vários bairros de Manaus de muita fumaça e forte odor de queimado.

De acordo com o Doutor Marcus Grangeiro, Cardiologista Intervencionista, a fumaça destas queimadas contém substâncias tóxicas que podem prejudicar não somente os pulmões e a respiração, mas também o coração e o cérebro. Essas substâncias podem causar inflamação direta nos vasos sanguíneos e levar a uma resposta inflamatória aguda, aumentando o risco de infarto, derrame e embolia.

“Supõe-se que este mecanismo seja gerado por dois fatores: a inalação da fumaça tóxica gerando efeitos diretos no sistema cardiovascular e, em associação, o estresse experimentado pelo evento da queimada. Assim, quanto mais próximos e mais expostos à queimada, maior seria o risco cardiovascular .

Para ele, as substâncias tóxicas contidas na fumaça variam de acordo com o que está sendo queimado, mas “sabe-se que o monóxido de carbono é o principal responsável pelas mortes por queimadas florestais nos EUA, por exemplo. Aqui não seria diferente.”

Riscos

E para reduzir o risco de doenças cardiorrespiratórias por conta da fumaça, Grangeiro afirma que as queimadas precisam ser encaradas não apenas como um problema ambiental, mas sobretudo um problema de saude pública. “O aparato do estado precisa ser mobilizado para o combate, mas também a população precisa ajudar se conscientizando dos riscos e denunciando os autores.”

“Devemos realizar campanhas que demonstrem o prejuízo sanitário a curto prazo. Isto é essencial! Sob o aspecto individual e familiar, precisamos reduzir a exposição dos extremos etários (crianças e idosos), geralmente mais vulneráveis e sensíveis à poluição. Manter uma boa hidratação e níveis de pressão arterial e glicose ajustados. Também é importante salientar que a atividade física não deve ser realizada em ambientes externos quando a qualidade do ar não for boa”.

Manaus amanhece coberta de fumaça

Na última quarta-feira, 20 de setembro, Manaus amanheceu coberta de fumaça, proveniente de queimadas no Sul do Amazonas. A fumaça cinzenta cobriu os prédios da cidade e deixou um forte cheiro de queimado no ar. Na noite da quarta-feira (28), a fumaça voltou a tomar conta da capital e o ar foi considerado impróprio.

Nas redes sociais, moradores de Manaus expressaram seu incômodo com a situação. Por meio de fotos e vídeos, a população clama pela preservação da Amazônia e também que cessem as queimadas à floresta.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nas últimas 48 horas, o Amazonas registrou 265 focos de incêndio.