Apoio de David a Omar e os últimos dias do panavueiro eleitoral

Apoio de David a Omar

Apoio de David a Omar deu à campanha de reeleição do senador fôlego novo e inesperado, na reta final

O prefeito de Manaus, David Almeida, anunciou nesta terça (27/09) que seu candidato ao Senado é Omar Aziz. “Eu já sabia”, dirão os bolsonaristas, capitaneados pelo preterido Alfredo Menezes. Mas não é apenas chororô que a decisão provoca. O prefeito mandar às favas o ressentimento por ter sido rifado da eleição para governador por Omar, em 2018, pode sim definir o senador do Amazonas. Entenda esse panavueiro por dentro.

 

O que houve?

Há várias hipóteses para justificar o apoio do prefeito de Manaus à reeleição de Omar. 1) brigou com Bolsonaro, por causa da Zona Franca, e agora aposta na vitória de Lula, em quem não vota por ser evangélico. Precisa de um futuro “elo de aproximação” com a Presidência da República; 2) tem pesquisas mostrando que Omar ganha e entra em campo para colher os frutos da vitória; 3) deu tempo para Menezes, que nada fez para aproximá-lo; 4) refletiu que Arthur e Menezes, com o mandato de senador na mão, poderiam se fortalecer para enfrentá-lo, na reeleição (2024), enquanto a rejeição segura Omar; 5) estava muito sossegado, solto, e resolveu procurar confusão. Ou as cinco alternativas juntas.

 

Omar, Arthur, Menezes

Omar Aziz chega à reta final da campanha eleitoral com as pesquisas apontando ligeira vantagem para sua reeleição. Arthur é mais forte na capital, mas Menezes, com a muleta de Bolsonaro, abocanhou parte desse eleitorado. Os dois fatiaram o capital de votos de Manaus. Omar, com pouco menos de um terço das intenções de voto, assiste a essa briga de camarote, ganhando espaço para investir no interior.

 

Omar

Quase sem campanha em Manaus e já colhendo o precioso fruto da diminuição da enorme rejeição que acumulava (Maus Caminhos, prisões de familiares etc.), Omar lidera folgado no interior. Com David declarando apoio, a vitória fica mais próxima.

 

Arthur

Os dois mandatos seguidos na Prefeitura, concluídos há apenas dois anos, concentraram Arthur Virgílio em Manaus. O interior foi, politicamente, abandonado. Agora, precisando de votos para anular os redutos de Omar, imprimiu menos força à capital do que precisava. Parte desse cobertor curto foi puxado por Alfredo Menezes e o messianismo bolsonarista. O resultado pode dar um fim melancólico à carreira do ex-melhor senador do Brasil.

 

Menezes

Menezes, o maior azarão da eleição, já está no lucro pessoal, mas pode dar ao presidente a maior derrota da eleição. Bolsonaro cita Omar Aziz, em rede nacional, com sangue nos olhos. Mas permitiu que seu “compadre” se transforme na cunha de sustentação da vitória do inimigo. A pedra foi cantada, em verso e prosa, faz tempo. Retirar Menezes agora, para derrotar Omar? Bobagem. Isso pressupõe um tirocínio político que, definitivamente, o grupo de Bolsonaro não tem.

 

Governador

Os quatro principais candidatos ao Governo do Amazonas chegam à reta final com posturas bem distintas. Tudo indica que Amazonino, numa candidatura de reels (vídeos curtos para mídia social) consegue se manter no segundo lugar. E vai para o 2º Turno com o governador Wilson Lima. Braga ainda luta, contando com um milagre vindo do interior, mas se vê ameaçado pela pujança da campanha de Wilson. Na Região Metropolitana, por outro lado, Ricardo Nicolau acumula votos em trabalho de formiguinha e travando o crescimento de Braga.

 

Wilson

O governador está confiante e foi essa confiança que o levou ao debate da TV Amazonas. Ele sabia, desde sempre, que seria o alvo de todos os adversários com chances. Mas resolveu encarar.

 

Amazonino

É quase um milagre que, com a mobilidade visivelmente comprometida, Amazonino resista ao crescimento de Braga e Nicolau. O vice Humberto Michiles, despachado para tentar salvar o que for possível da campanha no interior, não tem o mesmo carisma.

 

Braga

O senador Eduardo Braga tem apoio dos prefeitos que mais ajudou com emendas parlamentares. Foi muito além da cota de emendas impositivas, que é de cerca de R$ 40 milhões anuais, aproveitando a fragilidade e a falta de organização do governo Bolsonaro. É mais uma ironia que a gestão do presidente financie prefeituras do Amazonas, via Omar e Braga, sem tirar qualquer lucro político disso. Ao contrário, ambos apoiam Lula. O cenário se repete pelo País e explica, em parte, a ameaça petista. Braga sabe que trouxe os “parceiros” para uma aventura arriscada, diante do favoritismo do governador, mas tem sabido tirar partido disso para enfiá-los ainda mais na campanha. Ele aposta na vitória de Lula, para virar ministro. Os prefeitos também. 2º Turno sem Braga? Debandada geral para Wilson Lima.

 

Nicolau

Ricardo Nicolau, praticamente sem campanha no interior, concentra as forças na Região Metropolitana de Manaus. Quer tomar o simbólico terceiro lugar de Braga e ficar o mais perto possível de Amazonino.

 

Promessas

Bora anotar as promessas, pra cobrar depois?

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