Pai desabafa e acusa médico envolvido na morte da filha por novos crimes. Veja íntegra de carta

Pai desabafa e acusa médico

Pai desabafa e acusa médico envolvido na morte da filha. Gilvan Seixas, na foto com a jornalista Melina, falecida, denuncia novos crimes de Édson Ritta Honorato

Gilvan Seixas, defensor público aposentado e ex-prefeito de Barreirinha por três vezes, emitiu carta pública, nesta terça (12/04), acusando o médico Édson Ritta Bernardino, 67, de novos crimes. Gilvan é pai da jornalista e advogada Melina Nazaré Marques Seixas Taveira, 39, falecida após cirurgia para colocação de balão intragástrico no consultório de Ritta. É também pai do prefeito de Barreirinha, Glênio Seixas. A morte dela, segundo o pai, está sendo investigada pela polícia.

O defensor indaga: “… por que o médico Édson Ritta Honorato, de 67 anos, mantém a licença para delinquir, dentro e fora da profissão? O mesmo médico que negligenciou (na morte de Melina)…, acaba de ser flagrado prostituindo adolescentes. E tem outro registro de óbito, em circunstâncias análogas”, denuncia.

A carta revela que Melina ficou jogada no chão do consultório do médico, à espera do Samu. Lembra do recente episódio, no qual o médico foi preso sob a acusação de prostituir uma adolescente de 16 anos. “… minhas pernas tremem e meu coração palpita forte ao ler uma notícia devidamente checada. A justiça soltou, em audiência de custódia, o médico Edson Ritta Honorato. Ele havia sido preso, em flagrante, no dia anterior, suspeito de manter relações com adolescentes, em Manaus”, escreveu.

“…hoje, nós choramos a perda da Melina e a dor de dezenas, centenas, talvez, de famílias, que tiveram suas meninas vítimas da repugnante exploração sexual”, acrescenta Gilvan.

 

Outra morte

Gilvan Seixas denuncia outra morte, também relacionada a cirurgia feita no consultório de Édson Ritta. “Enquanto escrevia estas linhas, tomei conhecimento de mais um desatino desse ‘profissional’. É dado conhecimento público à morte do senhor ALAN LEITE BRAGA, de 65 anos, falecido a 08 do corrente mês… Do mesmo modo como faleceu Melina, por conta da introdução de um balão intragástrico, Alan veio a óbito, oito dia depois, ao romper o balão no estômago da vítima, causando-lhe morte gradativa, após passar mal”.

“Frise-se que a “cirurgia” em questão foi feita no mesmo consultório onde morreu Melina, sem as mínimas condições de segurança médica, repetindo toda a insana barbeiragem. De novo, outra vez, novamente”, enfatiza o ex-prefeito.

O pai apela, diretamente, ao Conselho Regional de Medicina, guardião da ética médica no Estado. “É um absurdo que esse homem continue usando bata e se colocando “a serviço da sociedade para salvar vidas!” É inadmissível o silêncio do Conselho Regional de Medicina – instituição que conta com credibilidade, junto à coletividade amazonense!”.

E conclui: “O que dói é que minha dor seja espalhada entre tantos, pelo mesmo monstro, sem que haja punição para a monstruosidade”.

 

Veja, a seguir, a íntegra da Carta Aberta de Gilvan Seixas:

“Amazonenses, Manauaras,

A pena contida do pai, mesmo sofrido com a morte dilacerante da filha, não pode calar diante da injustiça. Fala o defensor público aposentado, o ex-prefeito de Barreirinha por três mandatos e, sobretudo, o interesse público:

Este texto foi escrito sob a plenitude de um Domingo de Ramos. Momento mais que oportuno para que todos nós saibamos da majestosa lição de humanidade ensinada pelo Senhor Jesus, quando entrava sob o lombo de um jumento, na santa Jerusalém. A história é, acima de tudo, uma grande lição de humildade.

Ao assistir à missa que abriu a Semana Santa, me emocionei. É que, ao longo dos meus quase 70 anos, tenho refletido muito sobre o infinito amor divino e feito, com o máximo de responsabilidade, uma interdisciplinaridade desta rica sabedoria, sob a luz de conceitos difundidos de Psicologia, Filosofia e Sociologia – ciências que nos ajudam a ter compreensão mais ampla do nosso cotidiano.

Busco ocupar a cabeça e tento encontrar uma saída para amenizar a insuportável dor pela perda repentina de minha amada Melina. Como todos sabem, minha vida e as vidas de minha família estão divididas em duas partes, no antes e depois do fatídico 5 de fevereiro deste ano, quando minha filha faleceu.

Já abordei essa tragédia familiar com vocês, em outras circunstâncias, mas hoje, no papel de cidadão, pai temente a Deus, defensor e homem público, cumpro a obrigação de compartilhar com vocês informações do mais alto interesse público.

Esta é, portanto, uma carta aberta à sociedade amazonense.

Passados dois meses do falecimento de minha filha, minhas pernas tremem e meu coração palpita forte ao ler uma notícia devidamente checada. A justiça soltou, em audiência de custódia, o médico Edson Ritta Honorato. Ele havia sido preso, em flagrante, no dia anterior, suspeito de manter relações com adolescentes, em Manaus. Segundo as informações oficiais, o homem costumava atrair as vítimas com propostas de trabalho para, então, praticar os crimes de exploração sexual e favorecimento à prostituição.

Segundo a delegada Joyce Coelho, o médico foi rendido na garagem da casa dele. Ainda de acordo com a titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), a vítima, de 16 anos, revelou ter sido obrigada a manter relações sexuais, em troca de R$ 150 reais.

Ainda segundo a Polícia, o flagrante foi realizado com sucesso, porque o médico já vinha sendo investigado há dois meses, depois das inúmeras denúncias de vizinhos, que viam a entrada das vítimas na casa dele.

A polícia acredita, também, que outras adolescentes tenham se tornado vítimas. Com humildade, peço a você, querido leitor, que se souber de qualquer informação a respeito deste assunto, por favor, ligue o mais rápido possível para a polícia. O objetivo é que a instituição produza um inquérito policial adequado à realidade.

Relembro que minha amada Melina era paciente desse “profissional” médico e morreu em procedimento questionável, do ponto de vista técnico.

No dia da introdução do chamado balão gástrico, eu estava em São Luís e não tinha conhecimento da cirurgia. Até porque, se soubesse, garanto que a convenceria, numa conversa muito franca com minha Melina, para não ser submetida a um profissional que não fosse amplamente conhecido e reconhecido.

Mas, reforço, de forma até emocionada: minha Melina foi vítima de um lobo feroz em pele de cordeiro.

Já consultei vários profissionais da área e todos apresentaram o mesmo relato: a cirurgia foi feita sem os mínimos equipamentos necessários. E, se esses equipamentos estivessem presentes, o pior não teria ocorrido.

Testemunhas disseram que minha filha foi jogada no chão, à espera de uma ambulância do Samu, por muito tempo! Nunca recebi uma única explicação, um único telefonema dessa pessoa – até mesmo para levar uma palavra de conforto e demonstrar, com isso, uma réstia de humanidade. O silêncio dele aumenta a dor.

Este homem está sendo investigado pela polícia, por conta da morte de minha filha. E eu acredito demais na nossa Polícia Judiciária e nas demais instituições.

Tudo que eu e minha família já sabíamos veio às claras, com a prisão dele. De modo que, hoje, nós choramos a perda da Melina e a dor de dezenas, centenas, talvez, de famílias que tiveram suas meninas vítimas da repugnante exploração sexual.

Agora, pasmem! Enquanto escrevia estas linhas, tomei conhecimento de mais um desatino desse “profissional”. É dado conhecimento público à morte do senhor ALAN LEITE BRAGA, de 65 anos, falecido a 08 do corrente mês, cujo óbito ocorreu pela insana ação do mesmo Édson Ritta Honorato. Do mesmo modo como faleceu Melina, por conta da introdução de um balão intragástrico, Alan veio a óbito oito dia depois, ao romper o balão no estômago da vítima, causando-lhe morte gradativa, após passar mal, transcorrida uma semana do procedimento.

Frise-se que a “cirurgia” em questão foi feita no mesmo consultório onde morreu Melina, sem as mínimas condições de segurança médica, repetindo toda a insana barbeiragem. De novo, outra vez, novamente.

O que mais será necessário de prova, da insanidade de tal médico, para, de ofício, tomar as providências e interromper a sequência de negligência, imprudência e imperícia desse monstro?

Agradeço muito a Deus, que me tem livrado da exasperação, e peço que a minha emoção não venha a suplantar a razão, o equilíbrio, o bom senso e as justas postulações pelo tão esperado ideal de Justiça. Mas é fato: não podemos, enquanto sociedade, permitir uma impunidade em tão elevado nível. Não é apenas o pai, que perdeu a filha, ou o Defensor Público aposentado, diante de adolescentes vítimas de abuso sexual. Falo de aspectos flagrantemente técnicos. Afinal, o artigo 312, do Código de Processo Penal, é uníssono ao regulamentar as condições que estipulam a prisão preventiva. Garantia da ordem pública e aplicação da Lei Penal são duas delas.

É um absurdo que esse homem continue usando bata e se colocando “a serviço da sociedade para salvar vidas!” É inadmissível o silêncio do Conselho Regional de Medicina – instituição que conta com credibilidade, junto à coletividade amazonense!

Meu velho Pai me ensinou a ser corajoso. E aqui estou! Sem medo! Sem vingança! Estou pronto para contribuir em qualquer tipo de procedimento judicial.

Rogo a Deus, enquanto isso, para que essa dor massacrante passe, mesmo sabendo que o pronto atendimento ao meu pedido não depende da vontade do Senhor. Afinal, como as escrituras sagradas ensinam, nem Ele foi isento do calvário.

O que dói é que minha dor seja espalhada entre tantos, pelo mesmo monstro, sem que haja punição para a monstruosidade.

Feliz Domingo de Ramos a todos. Feliz Semana Santa.

Gilvan Seixas.”

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