Espólio de Samuel da Balsa, lendário pioneiro da travessia Ceasa-Careiro. Conheça a história dele

O espólio de Samuel da Balsa

O espólio de Samuel da Balsa (foto), uma lenda entre os Municípios servidos pela travessia Ceasa-Careiro da Várzea

A morte de Samuel Araújo, proprietário da primeira balsa da travessia Ceasa-Careiro da Várzea, ainda traz lamentações aos moradores de Autazes, dos Careiros e entorno. Samuel da Balsa, como era conhecido, faleceu de Covid-19 dia 21/01. Deixou um enorme espólio e incontáveis amigos. Ele se tornou uma lenda da região.

O pioneiro tinha muito patrimônio. Os mais visíveis eram balsas da travessia, que ele ainda mantinha, e um posto de gasolina no KM-043 da rodovia BR-319-Autazes (AM-254). Havia muito mais.

 

Patrimônio

Samuel, mesmo com seu jeito caboclo e bonachão, adquiriu inúmeros terrenos. Acalentava, diariamente, um viveiro natural de peixes, no lago do Mutuca, um paraíso da pesca esportiva. “Ele jogava tucunarés, matrinxãs, pirarucus e tambaquis, além de tartaruga e tracajá, nesse lago. Alimentava esses peixes e quelônios todos os dias. Mantinha vigilância constante. Aproveitava e alimentava as proximidades também. Com isso, toda a área era um enorme viveiro de todos esses espécimes. Um lugar muito farto”, atesta um amigo próximo, que não quis se identificar.

Agora, após o falecimento, a família abandonou o viveiro e vândalos retiraram muito peixe do manancial construído ao longo de décadas. Os peixes, graúdos e saborosos – por conta da criação híbrida, muito semelhante à da natureza –, foram saqueados.

Outra parte do espólio são máquinas para abertura de ramais e estradas, além de terrenos e gado, muito gado.

Samuel chamava amigos, oferecia terra e rebanhos e praticava uma espécie de “arrendamento” ou “parceria”. Só que, segundo testemunhas, nunca celebrou um único contrato no papel. “Era tudo de boca”, atesta um amigo, advogado. “São meus compadres”, dizia ele.

 

Disputa

A família, os filhos e a viúva, tentam seguir na administração dos bens de Samuel da Balsa. O problema é um filho adotivo. “Ele administrava uma das balsas e Samuel o indenizou, para retomar a administração. Agora quer mais e tem inclusive um processo judicial, tentando se tornar o administrador do espólio”, diz uma fonte.

A lenda, Samuel da Balsa, continua rondando a vida de todos os que passam no posto de combustível do KM-043, da rodovia de Autazes. As lembranças dele estão muito vivas. “Ninguém esquece o que representou a primeira balsa para a Vila Gutierrez (porto do Careiro da Várzea), Autazes, Careiro Castanho, Manaquiri e todos os Municípios que dependem da BR-319”, diz a fonte.

Samuel chegou a ser internado. Ainda convalescia quando largou o hospital e voltou para seu reduto, no KM-043. O quadro se agravou e quando tentou retornar ao hospital o Estado estava em plena crise de oxigênio da Covid-19. Não havia mais vaga. Quando, finalmente, foi feita a remoção para Manaus era tarde demais.

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1 comentário

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  1. Pr.Miqueias alves disse:

    Homem trabalhador Deus ajuda.cheguei a conhecer. Tive esse prazer de conhecer esse lendario